Estação Mercado – “Há uma festa aqui ao lado”
Estação Mercado – “Há uma festa aqui ao lado”
Janeiro 16, 2020 12:43 pm
| Estação Mercado – “Há uma festa aqui ao lado”
Janeiro 16, 2020 12:43 pm
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João Morais, músico desde os finais dos anos 80, integrou, entre outras bandas,
os Gazua, criando em 2016 o alter-ego O Gajo, por forma a
explorar caminhos alternativos e criativos com a viola campaniça, instrumento igualmente
conhecido como viola alentejana. Em 2017, lançou o álbum de estreia Longe do
Chão (Rastilho Records), seguido de quatro EPs, quatro viagens com partida de quatro estações
(Rossio, Santa Apolónia, Cais do Sodré, Alcântara –
Terra), onde apresenta vinte músicas inéditas, editadas em quatro momentos de
2019, correspondendo a cada uma das quatro estações do ano: inverno, primavera,
verão e outono, a fazer lembrar uma das mais importantes obras da música
clássica – “Le Quattro Stagioni” de Antonio Vivaldi.
Iniciando-se no metal e no punk, com Corrosão Caótica, circulou no mundo do punk-rock, mas deixou-se seduzir pelas
ambiências da world music, jazz e blues. Esta mescla de
sonoridades confluiu numa procura de mistura com a viola campaniça, mas com
influências mais rockeiras. O “casamento” das ideias com este instrumento foi
“ouro sobre azul” como o próprio o afirma, encaixando-se na perfeição no que
procurava: sons crus, sem loops ou layers.
ambiências da world music, jazz e blues. Esta mescla de
sonoridades confluiu numa procura de mistura com a viola campaniça, mas com
influências mais rockeiras. O “casamento” das ideias com este instrumento foi
“ouro sobre azul” como o próprio o afirma, encaixando-se na perfeição no que
procurava: sons crus, sem loops ou layers.
Foi nas sombras vagas do final da tarde, de um sábado
soalheiro, que nos recebeu na sua “sala de estar”, acolhedoramente adornada por
uma telefonia antiga (coroada por um despertador), acompanhada por dois candeeiros
de mesa e um bengaleiro, cenário ao qual se juntaram as teclas, as guitarras e
o bombo. Ladeado por bancadas de “venda”, transformou o espaço compassado pela
habitual azáfama de um mercado de bairro, onde os pregões das vendedeiras deram
lugar ao universo d’O Gajo que nos tocou histórias citadinas como “Rua
Da Felicidade”, “Miradouro Da Batucada”, alusivo ao Miradouro do Adamastor, onde
há sempre alguém a marcar o ritmo.
soalheiro, que nos recebeu na sua “sala de estar”, acolhedoramente adornada por
uma telefonia antiga (coroada por um despertador), acompanhada por dois candeeiros
de mesa e um bengaleiro, cenário ao qual se juntaram as teclas, as guitarras e
o bombo. Ladeado por bancadas de “venda”, transformou o espaço compassado pela
habitual azáfama de um mercado de bairro, onde os pregões das vendedeiras deram
lugar ao universo d’O Gajo que nos tocou histórias citadinas como “Rua
Da Felicidade”, “Miradouro Da Batucada”, alusivo ao Miradouro do Adamastor, onde
há sempre alguém a marcar o ritmo.
Num espaço improvável, mas que se enquadrava perfeitamente no
que o inspira (a cidade de Lisboa) João Morais encantou-nos, no Mercado de
Sapadores, com os sons que “arranca” da campaniça, conduzindo-nos para um
imaginário de paisagens campestres alternadas com paisagens mais urbanas,
povoadas com personagens que dão nome a alguns dos temas como o “Varredor”, “A Carteirista”
ou ainda referências ribeirinhas da cidade como o “Cacilheiro”.
que o inspira (a cidade de Lisboa) João Morais encantou-nos, no Mercado de
Sapadores, com os sons que “arranca” da campaniça, conduzindo-nos para um
imaginário de paisagens campestres alternadas com paisagens mais urbanas,
povoadas com personagens que dão nome a alguns dos temas como o “Varredor”, “A Carteirista”
ou ainda referências ribeirinhas da cidade como o “Cacilheiro”.
A participação de Carlos Rosten (músico de Martinica,
atualmente a viver em Portugal) em o “Homem do Saco”, “Doutor Bouro”, “Rio Das
Pérolas”, “O Caminho É O Poema” (que inicia com voz off de José Anjos a
declamar o poema) e “The Model” (dos alemães Kraftwerk) trouxe o calor da
música do Caribe para os sons acústicos de João Morais.
atualmente a viver em Portugal) em o “Homem do Saco”, “Doutor Bouro”, “Rio Das
Pérolas”, “O Caminho É O Poema” (que inicia com voz off de José Anjos a
declamar o poema) e “The Model” (dos alemães Kraftwerk) trouxe o calor da
música do Caribe para os sons acústicos de João Morais.
O Gajo tem nome e pose de punk, mas do seu instrumento sai a tradição,
não sendo música tradicional. É numa mistura hibrida de ambiências sonoras que
se encontra “a voz” do músico que se situa num cenário já repleto de
guitarristas a solo nacionais, mas que se distingue sem qualquer dúvida
de todos os outros. João Morais toca música do mundo e para o mundo!
Texto,
fotografia e vídeo: Armandina Heleno
não sendo música tradicional. É numa mistura hibrida de ambiências sonoras que
se encontra “a voz” do músico que se situa num cenário já repleto de
guitarristas a solo nacionais, mas que se distingue sem qualquer dúvida
de todos os outros. João Morais toca música do mundo e para o mundo!
Texto,
fotografia e vídeo: Armandina Heleno