Angel Olsen. Uma erupção sentimental no Capitólio
Angel Olsen. Uma erupção sentimental no Capitólio
Angel Olsen. Uma erupção sentimental no Capitólio
Dois anos após a última passagem em Portugal, Angel Olsen regressou no passado dia 26 de setembro para arrancar a tour europeia de Big Time, o sexto registo discográfico da artista norte-americana. Este disco foi editado em junho via Jagjaguwar e fala-nos sobre o “poder expansivo do amor novo”, tendo sido escrito numa altura particularmente difícil da vida de Angel, em que perdeu ambos os pais numa questão de semanas e passou por um difícil desgosto amoroso. A artista deixou-se aqui inspirar pelo country americano, com instrumentais serenos e letras introspetivas que nos podem fazer derramar umas lágrimas, tendo como resultado um grande e arrasador álbum.
Apesar do concerto, o primeiro de duas datas em Lisboa, se ter realizado numa segunda-feira, isso não demovera as pessoas de se deslocarem ao Capitólio para ouvir umas belas melodias. A casa estava cheia e as boas energias inundavam o ar, com os presentes a socializar alegremente, enquanto outros tentavam entrar para fugir ao frio que já se começara a sentir. Pouco tempo depois da hora prevista para o começo do evento, Tomberlin, encarregue da abertura nesta tour de Angel Olsen, entrou em palco para aquecer-nos um bocado o espírito. A artista conterrânea de Angel veio-nos apresentar i don’t know who needs to ear this…, o seu mais recente álbum lançado no passado mês de abril via Saddle Creek Records. Faladora nos intervalos das músicas com as pessoas que a assistiam, Tomberlin conquistou o público com um set desarmante de folk suave em formato acústico, resultando numa excelente atuação para abrir esta noite.
Após Tomberlin sair de palco, as pessoas aproveitaram para encher o copo e marcar um bom lugar na sala. Não passaram muitos minutos até Angel Olsen e a sua banda subirem ao palco sob uma enorme ovação. A artista oriunda do Missouri começou a cerimónia com “Dream Thing”, e mal começou a tocar, melodias tranquilizantes contaminaram todos os cantos do Capitólio, levando os presentes numa viagem pelas profundezas do ser sentimental. Os membros da banda complementavam-se perfeitamente uns aos outros, a secção de cordas adicionava o seu quê de especial à sonoridade ao vivo desta versão de Angel, que se mostrava com o seu carisma e humor característico nas pausas entre as músicas. Apesar da setlist desta tour consistir na maior parte em músicas de Big Time, houve espaço para algumas surpresas, como uma versão não-ensaiada de “Shut Up And Kiss Me”, que levou a audiência ao rubro. Já perto do final do concerto, a banda de Angel Olsen saiu do palco, deixando-a sozinha com a sua guitarra acústica para nos arrancar mais umas lágrimas. Foi um dos pontos altos da noite, a artista simplesmente nunca desaponta no que toca às suas atuações a solo, sendo que aqui apresentou-nos duas músicas ainda não conhecidas e uma cover de Tucker Zimmerman, “Slowin’ Down Love”.
Findado este mini-set acústico, e após a saída da artista para os bastidores, houve ainda tempo para um encore com toda a banda e para uma belíssima rendição à famosa “Without You”, que deixaria Harry Nilsson de certeza orgulhoso. Uma despedida calorosa acompanhou Angel e os seus companheiros, com o público a ir saindo para o Parque Mayer de sorriso na cara e energias reestabelecidas. Uma prova do sucesso que foi mais um concerto de Angel Olsen em terras portuguesas.