Mucho Flow: a “perseverança” e “loucura” de um festival que quer “sempre mais”
Mucho Flow: a “perseverança” e “loucura” de um festival que quer “sempre mais”
Mucho Flow: a “perseverança” e “loucura” de um festival que quer “sempre mais”
De 2 a 4 de novembro, a música emergente vai voltar a tomar conta de Guimarães. Lankum, Amnesia Scanner, Evian Christ ou Lucinda Chua são alguns dos destaques do Mucho Flow 2023, que este ano celebra a sua décima edição ao longo de três dias, uma novidade no evento organizado pela promotora Revolve.
“Perseverança e alguma loucura” são algumas das razões que ajudam a explicar a longevidade do Mucho Flow, um evento que começou de forma modesta nas ruas da cidade, ao ar livre e aberto à comunidade, antes de fechar portas (e abrir outras) no CAAA, principal residência do festival até 2019. “Os valores envolvidos são altos, a produção é complexa, e o financiamento é extremamente limitado. Isto quer dizer que precisas de uma equipa de loucos disposta a trabalhar o ano inteiro por amor”, explicam Miguel de Oliveira e Bruno Abreu, organizadores, em entrevista à Threshold Magazine.
Admitem, nessa conversa, que é o sentido de descoberta que os faz apaixonar “vezes sem conta” pela música. “Trazer as novidades mais estimulantes da cena (qualquer que seja ela) e ser um ponto de encontro de pessoas que partilham da nossa visão de descoberta e gozo da novidade” é a bússola pelo qual se guiam quando chega a hora de construir os cartazes. “É um reflexo de quem somos, do que ouvimos”, contam, admitindo que é na novidade e no desconforto que esta pode provocar que se assentam os alicerces do Mucho Flow.
Foi nesse festival, por exemplo, que os ingleses black midi, hoje um dos principais bastiões das vanguardas do rock britânico, assinaram a sua estreia em Portugal. Também Amen Dunes, Circuit des Yeux, Sega Bodega, Blackhaine e Jockstrap carimbaram as suas primeiras excursões ao nosso país no contexto do festival, que este ano se desdobra pela primeira vez em três dias, com um programa de conversas e instalações performativas no primeiro dia.
No plano da música, que arrancará a todo o gás no segundo dia de festival, Bruno Abreu e Miguel de Oliveira destacam o encontro em palco entre Filho da Mãe, Ricardo Martins e Jibóia, sob a designação Tormenta, a estreia de um novo lançamento a solo (a ser lançado nos próximos meses pela Revolve) de Miguel Pedro, membro dos Mão Morta, bem como os concertos de Lost Girls, projeto que junta a norueguesa Jenny Hval ao compatriota Håvard Volden, pablopablo, Heith, LCY ou Lankum (False Lankum, o mais recente trabalho dos irlandeses, integrou a shortlist do Mercury Prize 2023). Relembram, contudo, que o Mucho Flow deve ser pensado como uma “experiência completa”, e que a intenção de expandir o evento em direção a um formato cada vez mais multidisciplinar é cada vez mais premente. “Queremos sempre mais e mais e mais, e assim vamos continuar, da forma mais irresponsável que conseguirmos”.
O Mucho Flow realiza-se de 2 a 4 de novembro, entre o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), Centro Cultural Vila Flor (CCVF), Teatro Jordão e CAE São Mamede. Os bilhetes ainda estão à venda através da plataforma DICE, a preços que variam entre 10 e 55 euros.
Fotografia: João Octávio Peixoto / Mucho Flow