Da Googie: imersão em texturas sonoras e experiências sensoriais

Da Googie: imersão em texturas sonoras e experiências sensoriais

| Fevereiro 20, 2024 8:41 pm

Da Googie: imersão em texturas sonoras e experiências sensoriais

| Fevereiro 20, 2024 8:41 pm

Deb Googe, a lendária baixista dos My Bloody Valentine e colaboradora regular de Thurston Moore e Brix Smith, passou recentemente pelo Understage para uma sessão de experimentalismo imersivo sob o cognome Da Googie. Servindo-se do seu baixo, de uma loopstation e de um conjunto imponente de pedais, optou por fazer do seu instrumento um veículo para a criação de texturas expansivas, alternando entre o “sopro” etéreo (ocasionalmente a sugerir uma vibe post-rock sem nunca realmente lá se situar), e o “rasgo” apoteótico ensurdecedor que chegou mesmo a formar uma parede de som tão massiva ao ponto de nos engolir com a sua intensidade hipnótica. Tudo soava envolvente, por vezes quase esotérico, e as projeções que eram exibidas como acompanhamento visual engrandeciam o conceito de experiência sensorial que Deb fez florescer na singularidade desta sua plataforma.

Além disso, a escolha da sala – escura e intimista, perfeita para uma “viagem” que oscilava entre a contemplação e a jarda atmosférica – contribuiu igualmente para a instalação do ambiente que se pedia, o de sedução surrealista que convidava a um inebriante sentimento de catarse. Estávamos confortáveis, emocionalmente estimulados por todo este universo que absorvíamos com gosto, e foi exatamente por isso que a duração desta aventura musical – cerca de quarenta minutos – revelou-se dolorosamente anticlimática. Parece que tudo terminou quando o clímax ainda não tinha sido atingido, que ainda havia espaço para mais… e, no final, não houve. Terminando com uma composição bem mais próxima das ondas shoegaze que lhe deram fama em vez das peças (foi mesmo assim que lhes chamou) fragmentadas de exploração livre que marcaram o resto da atuação, Deb abandonou o palco e a noite chegou assim ao fim.

Da Googie

Enfim, foi bom, e a verdade é que gostaríamos imenso de a voltar a ver – talvez já em novembro num Amplifest que deve estar aí a dar sinais de vida -, mas para uma passagem em nome próprio, sem banda ou artista de abertura, temos de dizer que soube efetivamente a pouco. Todavia, o que aqui vimos foi bem promissor, portanto é marcar um regresso para um novo concerto – preferencialmente mais longo e igualmente cativante.

 

Texto: Jorge Alves
Fotografia: José Caldeira / TMP

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