Amor Muere, Mary Lattimore e um encontro em palco entre Julie Byrne e Laetitia Tamko são alguns dos destaques da Galeria Zé dos Bois (ZDB) para o mês de março, cujo programa inclui também atuações de Cole Pulice, Holy Tongue e Co$tanza com Kenny Berg.
A Time To Love, A Time To Die é o álbum que as Amor Muere, isto é, a congregação avant-folk formada por Mabe Fratti, Camille Mandoki, Gibrana Cervantes e Concepción Huerta levará à sala lisboeta no fim do mês. Exemplo vital de fusão, situado entre a folk pastoral de raíz sul-americana e a mais libertária improvisação, o disco, que assinala a estreia formal do grupo sediado no México, mereceu loas de renomadas publicações como a Pitchfork e é indicador de uma nova e descentralizadora geração que vê na tradição o rastilho necessário para uma nova forma de pensar as músicas de raíz. Zarya, artista multidisciplinar que evoca igualmente noções de memória, ritual e lugar no seu trabalho, assegura a primeira parte da noite agendada para 29 de março.
Antes, a 18 de março, Mary Lattimore regressa à casa que a acolheu pela última vez em 2022, ano em que atuou também no pequeno auditório do Theatro Circo, em Braga. Uma das mais requisitadas artistas da produção contemporânea (é sua a harpa que escutamos em discos recentes de Weyes Blood, Bat For Lashes e Marissa Nadler), a artista sediada em Los Angeles formou o Valerie Project com Greg Weeks e Helena Espvall, dos Espers, trabalhou com Meg Baird, Thurston Moore e Paul Sukeena e acompanhou Kurt Vile e Ana Roxanne em digressões um pouco por todo o mundo. Mas nas entrelinhas do seu extenso e admirável currículo esconde-se um precioso corpo de obra a solo, com álbuns aclamadas para harpa como Hundreds of Days (2018), Silver Ladders (2020) e o mais recente Goodbye, Hotel Arkada (2023), que apresentará no seu regresso a Lisboa. Na primeira parte, a violinista (e co-fundadora da rádio TEIA) Adriana João.
Julie Byrne, que tem no seu terceiro álbum de estúdio, The Greater Wings, um dos mais vitais exemplos de canção feita em 2023, é mais um dos nomes em evidência no roteiro que a ZDB peparou para este mês. Para este concerto, que decorrerá a 30 de março na sala lisboeta, está prometido um novo espetáculo, intitulado For Whatever Love Demands, desenvolvido em contexto de residência (a convite da ZDB) com a cantora, compositora e multi-instrumentista Laetitia Tamko, mentora do projeto Vagabon (em agosto, apresenta-se sob essa designação no festival MEO Kalorama).
Entre outras propostas, destaque para o norte-americano Cole Pulice, a mover-se entre os campos da composição, da música eletroacústica e do estudo e prática do saxofone (27 de março, com Joana de Sá na primeira parte); o regresso dos britânicos Holy Tongue, da percussionista Valentina Magaletti, depois de uma passagem pelo festival Out.Fest (21 de março, em noite partilhada com os portugueses Gala Drop); e a apresentação do EP cK, resultante da parceria entre o produtor Co$tanza e o rapper Kenny Berg (16 de março, com Rádio Sonoplasmática e DJ Giovanna como convidados especiais).
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