EVAYA na Socorro: neste jardim sonoro respiram-se aromas etéreos

EVAYA na Socorro: neste jardim sonoro respiram-se aromas etéreos

| Maio 23, 2024 8:42 pm

EVAYA na Socorro: neste jardim sonoro respiram-se aromas etéreos

| Maio 23, 2024 8:42 pm

Mais uma matiné da Saliva Diva na Socorro com o objetivo de dar vida a segundas-feiras pachorrentas, desta vez com a presença de EVAYA (alter ego de Beatriz Bronze) em apresentação da novidade Abaixo das Raízes Deste Jardim, lançada em abril precisamente por esta editora que é também promotora e, acima de tudo, núcleo interventivo de melómanos em regime DIY.

Pouco passava das 19h30 quando a atuação começou, com EVAYA e a sua banda a tecer uma tapeçaria de pop celestial abraçada a uma eletrónica atmosférica, ali entre o experimentalismo onírico de Björk (ou mesmo de uma Bat For Lashes, na luminosidade revigorante que transmite), a “elasticidade” musical de uma FKA Twigs e a “portugalidade” de Ana Lua Caiano. Tratam-se de canções tão possantes quanto etéreas, que penetram e aquecem a alma num sopro aconchegante que gradualmente toma conta de nós. Músicas de uma beleza quase palpável que ecoaram pela sala e formaram a base de um concerto onde o clima de sedução transcendente foi a sua fonte de encanto, quase como um portal para um renascimento espiritual.

EVAYA

Alternando entre as composições da novidade que aqui a trouxe – interpretadas, curiosamente, pela ordem do álbum, para que este fosse experienciado como uma narrativa sonora com princípio, meio e fim (“é assim que acho que deve ser ouvido”, explicou) e algumas recordações do EP INTENÇÃO -, EVAYA ofereceu-nos o mais honesto retrato do seu “eu” artístico: emotivo e pulsante, doce e sereno, tudo ao mesmo tempo sem que os contrastes deixassem de ser coesos. E foi bom, na verdade bem bonito. Pedia-se somente uma maior “naturalidade” em palco, já que por vezes a artista parecia estar a adaptar-se este novo ciclo e a sua postura nem sempre espelhava total confiança ou espontaneidade. O que é perfeitamente normal e nem chega a ser grave, apenas um pormenor que eventualmente deve ser revisto. Tudo uma questão de tempo e experiência, acreditamos nós.

Uma coisa é certa: quando isso acontecer, assistiremos a performances realmente extraordinárias, porque aquilo que vimos neste final de tarde foi uma mostra de possibilidades infinitas. Por agora, urge acompanhá-la de perto e testemunhar mais concertos desta tour, pois no universo de EVAYA, a viagem para o amanhã faz-se com fulgor no presente.

Texto: Jorge Alves
Fotografia: Daniel Catarino

FacebookTwitter