Na rentrée da Lovers & Lollypops, houve eletrónica para mover o corpo e petiscos para reconfortar a alma
Na rentrée da Lovers & Lollypops, houve eletrónica para mover o corpo e petiscos para reconfortar a alma
Na rentrée da Lovers & Lollypops, houve eletrónica para mover o corpo e petiscos para reconfortar a alma
Depois de uma pausa em agosto, inicia-se agora uma nova etapa na programação da Lovers, num calendário bem preenchido que inclui concertos, residências e as já habituais escutas de álbuns em primeira mão.
Precisamente para comemorar com pujança este retorno a casa – literalmente, pois foi no espaço da referida promotora/editora que tudo teve lugar -, organizou-se uma simpática matiné de sábado dedicada à eletrónica mais ritmada de origem africana, onde a grande atração foi o regresso ao nosso país do ugandês Faizal Mostrixx. E logo aos primeiros segundos instalou-se o clima que se esperava, mas que mesmo assim foi bonito de se ver – o de festa quente e animada, com o público a dançar de forma ininterrupta e espontânea, os ritmos efusivos do afrohouse que Faizal lançava a contagiarem o corpo como um feitiço sonoramente aliciante. Efetivamente o ambiente que se vivia era de celebração orgulhosamente afrofuturista, partindo de uma base ancestral, distante no tempo mas palpável na alma, para servir um cocktail bem alucinante de ritmos pujantes e vanguardistas. E o melhor é que resultou – olhávamos em redor e víamos pessoas a reagir, a sorrir e a dançar, sendo que o nosso único apontamento foi a ausência de um registo mais performativo. Isto porque Faizal é também dançarino urbano e coreógrafo, pelo que realmente teria sido interessante ver esta atuação adquirir uma natureza multidisciplinar (até porque o contato entre artista e audiência já era um enorme abraço de multiculturalismo) e não se focar somente na “transmissão” de sons, aqui praticamente em formato DJ set.
Seja como for, não deixou de ser bem cativante, e no fundo era esse o objetivo: proporcionar uma sessão de diversão descontraída para, com calma e uma certa dose de relaxamento zen, fazer a transição entre o verão e o outono que já se aproxima, quase como um último adeus à estação do lazer idílico. Junta-se ainda o set que a dupla Horto protagonizou um pouco antes, também nesta onda de afrofuturismo, assim como o delicioso menu de petiscos preparado por Ana Ferraz (onde se incluía, entre outras coisas, uma esplêndida sopa de abóbora). O balanço final é efetivamente positivo, mesmo com a ausência de OMNE, a dupla de Joaquim “Fua” Durães e Patrícia Brito, por não ter havido tempo (e sejamos sinceros, uma certa vontade, com o cansaço a fazer-se sentir no final). Num evento onde quase todo o espaço – entre o corredor junto à cozinha, onde se podia estar a comer e a beber, e a garagem transformada num palco de divulgação artística -, funcionou como uma espécie de casa do povo melómana, foi bom reencontrarmo-nos com a Lovers. Agora venha o resto, a começar já no próximo dia 27 com a presença de Maria Reis.
Texto: Jorge Alves
Fotografia: Sérgio Monteiro