Os Snõõper fazem do punk uma festa luminosa, e na Socorro dançou-se a adrenalina do riff
Os Snõõper fazem do punk uma festa luminosa, e na Socorro dançou-se a adrenalina do riff
Os Snõõper fazem do punk uma festa luminosa, e na Socorro dançou-se a adrenalina do riff
Não é todos os dias que uma banda com concerto marcado no Campo Pequeno passa antes por uma cave underground, mas foi precisamente isso que aconteceu na passada segunda-feira quando os norte-americanos Snõõper – que se encontravam no final de uma tour europeia com os The Hives -, fizeram um desvio para atuar na Socorro, num concerto promovido pela Machamba e Saliva Diva que teve logo um feeling especial; não só pela oportunidade rara de ver um grupo desta dimensão num formato super intimista, mas também por se tratar de um nome imensamente popular e contemporâneo; por outras palavras , uma banda do “agora”, a criar memórias e um legado que nós temos o prazer de testemunhar in loco.
A sala encontrava-se completamente cheia e, na verdade, quando chegamos ao local já várias pessoas se encontravam à porta aguardando que esta se abrisse enquanto conversavam, trocavam impressões e, no fundo, viviam a experiência de ver Snõõper a uma segunda-feira que até nos soava a noitada de fim de semana.
Pouco passava das 21h:50 quando o grupo de Nashville subiu ao palco, e logo aí fomos confrontados com o grande defeito desta noite: o som demasiado desequilibrado e “embrulhado”, especialmente a nível vocal. Um cenário que, infelizmente, já se tornou bastante comum nos concertos da Socorro, e que se revela contraproducente. Afinal, a ideia para um local que é, ao mesmo tempo, uma bela loja de discos/vinil e uma venue – com o bónus de ter igualmente uma livraria no andar de cima -, é incrivelmente criativo e abrangente, mas no campo da acústica ainda há aspetos a melhorar. Esperemos honestamente que a gerência tenha a possibilidade de corrigir este pormenor, para que o enorme potencial deste sítio – que tem tudo para fazer história na cidade e ser um dos mais emblemáticos espaços de culto do underground – seja totalmente concretizado.
Contudo, não deixamos de assistir a um concerto bem divertido , uma sessão de egg punk que transpirou euforia e berrou paixão com uma vitalidade possante. A vocalista Blair Tramel é uma autêntica força da natureza, entre o seu registo agudo bem intenso e uma energia que parece inesgotável, e toda a banda transmite uma aura de jovialidade vibrante – um punk voraz mas também poppish, sempre ali entre a libertação e a doçura melódica. Por entre danças e saltos por parte do público, crowdsurfing que também incluiu membros do grupo, e a aparição da já mítica mascote dos Snõõper (um grande boneco de um inseto esverdeado), fez-se aqui uma festa bonita, ainda que algo curta (durou 35 minutos, possivelmente devido ao set de banda de abertura que andam a protagonizar nesta tour). Se nem tudo foi perfeito, urge , ainda assim, recordar esta noite pelo espírito de contemporaneidade sonora em modo de celebração contagiante que tão bem soube proporcionar. Entre suor e alegria, culivararam-se memórias eternas.
Texto: Jorge Alves
Fotografia: Emily Moses


