Mr. Face EP// Famous Class // Janeiro de 2015
5.0/10
Ty Segall o homem de que todos falam. O incansável músico que anuncia vários trabalhos de estúdio, em curtos espaços de tempo, volta a ser mencionado aqui, desta vez em formato análise crítica ao seu mais recente trabalho – Mr. Face EP. Depois de um ano passado glorioso, num regresso duplo a Portugal, e em apresentação de um dos bons álbuns de 2014, Manipulator, o músico californiano recuperava de novo a energia do garage rock a que nos havia habituado. Um álbum com uma grande aposta no implemento de novos instrumentos, sempre muito fiel às guitarras à Twins e ao mesmo tempo com uma sonoridade muito próxima à expressada com a sua Ty Segall Band. O sucesso era garantido e isso comprovou-se num Lux Frágil esgotado e nas minhentas fotografias dos fãs que invadiram o feed do facebook nos dias posteriores ao concerto. Pouco tempo depois já se sabia que Janeiro iria trazer um álbum ao vivo com a sua banda e ainda um EP de singles inéditos. A verdade é que talvez a pressão tenha aumentado e por isso Ty Segall sentiu a necessidade de recorrer ao conforto encontrado em Sleeper.
O single homónimo, primeiro avanço deste novo trabalho, apresenta um Ty Segall bem mais folk e de volta à guitarra acústica. O seu início traz a voz de “The West” com a única diferença a denotar-se na sua finalização. Se no single de despedida de Sleeper, Segall se mostrou fiel à sua guitarra acústica, em “Mr. Face” as introduções de riffs eléctricos são facilmente notáveis ao longo do seu desenvolvimento, ganhando o próprio single uma imagem optimista. No entanto esta energia final não vem acrescentar nada de novo à restante discografia, e apesar de demarcar pela monotonia inexistente, acaba por resultar numa mistura de cortes dos seus diferentes singles.
“Circles” é uma faixa que facilmente pode ser odiada. O entusiasmo de Ty Segall perto do minuto final, apesar de interessante, torna-se facilmente aborrecido e acaba por funcionar como um single isolado dos restantes três que compõem o presente EP. A abertura de “Drug Mugger” é uma cópia da mesma intro de “Tall Man Skinny Lady” onde a única diferença acontece a níveis de notas musicais, o ritmo é o mesmo, o som é semelhante, embora mais lento. “The Picture” é o único single deste mais recente curta-duração que tem algo de novo a apresentar. Essa novidade tem início por volta dos dois minutos onde mostra que Ty Segall poderia facilmente ter sucesso, não em ambiente festivaleiro, mas em formato álbum se apostasse eventualmente num álbum instrumental.
Em suma, Mr. Face é o retrato de um artista que precisa de tirar um tempo para repensar novas sonoridades, de um artista que precisa de dar espaço aos fãs para que estes não se cansem de estar a mastigar sempre a mesma pastilha.