Cinco Discos, Cinco Críticas #1

| Fevereiro 1, 2015 8:09 pm

Menace Beach – Ratworld || Janeiro de 2015

 7.0/10

Ratworld é o primeiro longa-duração de Menace Beach — o duo de Leeds formado por Liza Violet e Ryan Needham — e este está cheio de momentos deliciosos. Desde a abertura do disco com a faixa “Come on Give Up” até ao monólogo da Liza em “Blue Eye” (quase que ouvimos os My Bloody Valentine a ecoar no fundo) Ratworld foi pensado para os ouvintes para uma experiência que se quer levada com boa disposição, carregada de nostalgia e com um sorriso nos lábios. Para isto contribui toda uma mistura de noise pop, da voz etérea e doce de Liza Violet, as explosões das guitarras a denunciarem muitas horas a ouvir os Pavement e um sentimento geral de que tudo aquilo que estamos a ouvir encaixaria na perfeição num disco de indie rock saído nos anos 90. E um disco dos bons, diga-se. Habemus banda. Muita atenção a estes dois.

Eduardo Silva
Gold Mountains – Gold Mountains EP || Dezembro de 2014

7.5/10

Miguel Tavares e
Pedro Nobre são os Gold Mountains, duo
oriundo de Setúbal que lançou recentemente o seu EP de estreia, homónimo. 
Gold Mountains é um EP instrumental que mostra que não é preciso muito para se conseguir
produzir boa música electrónica em Portugal. Com Pedro Nobre na bateria, e Miguel
Tavares encarregue dos sintetizadores e restantes instrumentos, este EP homónimo é uma pequena preview da simbiose alcançada por estes dois rapazes da margem
norte do Sado e um cartão de visita do que ainda está para vir. 
Destaco aqui a “Confetti
Sex”, com melodias siderais e um trabalho exemplar à bateria, somos como que
transportados para outra dimensão:

Duarte Carreiro


Modernos – #2 EP || Janeiro de 2015
3.0/10

#2, o segundo curta duração dos Modernos, banda composta por três membros dos Capitão Fausto, começa com “Só Se Te Parecer Bem II”, segunda parte de um dos destaques de #1, o primeiro disco do trio. No entanto esta é pior, mais aborrecida e mais repetitiva (apesar de ser mais curta) que a canção que sucede, e, se fosse um destaque, seria pela negativa. Infelizmente, “Eu Já Sei” e “Dia de Sol” têm uma sonoridade pop que não beneficia em nada a banda e conseguem ser, no mínimo, igualmente más. Recomendadas apenas para quem precisar de uma razão para baixar o volume ou voltar a ouvir #1. Em “Casa a Arder”, uma música que pode ser considerada minimamente agradável em comparação com as outras três, encontra-se o ponto alto do EP: o fim. Após um bom EP de estreia, o trio de Lisboa desilude muito, num trabalho monótono, desinteressante e pouco original.
Rui Santos


Ty Segall Band – Live in San Francisco || Janeiro de 2015
7.7/10

Pouco depois do lançamento do single “Mr.Face”, Ty Segall volta às edições com Live in San Francisco – álbum produzido por John Dwyer (Thee Oh Sees), dono da editora Castle Face Records e grande amigo de Ty Segall. O presente trabalho, gravado ao vivo, retrata muito bem a energia dos seus concertos. A começar com a clássica “Wave Goodbye” (que tem mais espírito de despedida, mas que era usada regularmente para abrir concertos na era pré-Manipulator) e percorrendo igualmente uma percentagem da discografia de Ty Segall, passa por malhas como “I Bought My Eyes”, “Feel”, “Standing At The Station” acabando assim numa explosiva “Tell Me What’s Inside Your Heart”- certamente um dos pontos altos da noite em que o disco foi gravado. Depois de Mr.Face EP, este foi um disco necessário para voltar a pôr o artista californiano onde ele fica melhor, no fuzz, nas malhas sentidas quase aos berros, na imensa energia que transmite nos concertos, tudo isso muito bem presente neste álbum.
Tiago Farinha


Old Yellow Jack – Magnus EP || Janeiro de 2015

6.0/10


O revivalismo psicadélico já traz pouca inovação e a que lhe é reformulada, de banda em banda, acaba por se perder nos riffs embebidos pelos efeitos do excessivo uso de pedais. Magnus EP, que traz a estreia dos Old Yellow Jack nos trabalhos de estúdio, não se excluiu e apresenta um quarteto lisboeta seguro do seu rock, no espaço, mas perdido do mesmo no tempo. As pequenas diferenças aqui, face ao actual revivalismo, denotam-se na introdução da guitarra acústica em “Luanda” e na introdução, a surtir o efeito cafuné, de “The Man Who Knew Too Much”. Os Old Yellow Jack arriscaram nesta estreia e embora tenham composições bastante interessantes, não trazem um EP que se destaque como inovador.
Sónia Felizardo


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