Cinco Discos, Cinco Críticas #4

| Abril 30, 2015 7:55 pm
Börn EP // Total Negativity // Abril de 2015
8.5/10

Os Börn foram uma das melhores descobertas na imprensa neste último mês, essencialmente por virem de terras de nomes como Björk e Sigur Rós. Apesar de não serem novos nos discos, com este homónimo, de curta duração, o quarteto vem trazer algo de refrescante e igualmente bem feito dentro do género do revivalismo do post-punk actual. Börn EP é mais que uma viagem aos finais dos anos 70, quando os Siouxsie and The Banshees começavam a dar que falar, é uma marca contemporânea que conjuga a distorção com a abertura na guitarra, à la de The Sound, baixos com influências de Joy Division e uma voz marcante que traz uma exploração do melhor da punk feminina nos vocais. “Einskis virði” é o registo de um dos melhores tracks dos últimos tempos, há shoegaze e uma guitarra que regista um loop infinito de sensações. 
Sónia Felizardo


 // Self-Released // Abril de 2015
7.3/10 
Há muito tempo que não ouvia lo-fi fresco tão bom. , o álbum de estreia de BOOSEGUMPS, o projeto da artista de New Jersey, Heeyoon Won, está cheio de melodias marcantes como “MARCH SADNESS” e “FADEAWAY”. Nele conseguimos sentir toda aquela atmosfera etérea que é caracterizada pelo lo-fi com as melodias quase que, flutuantes no espaço, e as letras depressivas. Neste álbum conseguimos ouvir aquele som de amadorismo que recebíamos quando ouvimos Crazy For You de Best Coast pela primeira vez, mas não é para menos, este álbum foi gravado no quarto do artista! No geral, o álbum faz-nos sentir como se estivéssemos debaixo da sombra de uma árvore num dia quente de Primavera enquanto apreciamos os bonitos sons da Natura. Um óptimo começo para um artista pequeno em crescimento.
Júlio de Lucena

If You’re Reading This It’s Too Late // Cash Money Records // Fevereiro de 2015
7.6/10 
O rapper canadiano não pára de nos surpreender. Depois do galardoado Nothing Was The Same (2013) ninguém estava à espera de uma mixtape tão forte como esta, que, sem quaisquer avisos, foi posta para compra no iTunes; e sim, disse certo, é uma mixtape, não um álbum. O criador do YOLO (ninguém quer saber de Strokes), nesta mixtape não faz nada à temática das letras que não tenha feito antes, mas é a maneira como ele as aborda de uma maneira mais matura que nos conquista, nunca esquecendo a espécie de corrente que se prega durante toda a mixtape que é o 6 como vemos em “6 God”, “Star67”, “6 Man”, “You & The 6”, “6PM in New York” e a minha favorita, “Know Yourself”, que é acompanhada com um “Running through the 6 with my woes” como hook. Os instrumentais para a mixtape são sem qualquer dúvida um Drake diferente mas um Drake mais capaz de fazer o que quer fazer com a sua música e com isto supostamente quer preparar-nos para o que vai ser o seu novo álbum de estúdio, dando-nos uma espécie de aperitivo do que está para vir. Eu não sei em relação a vocês, mas eu estou a adorar o aperitivo.
Júlio de Lucena

Like So // Self-Released // Março de 2015
7.3/10
shindigs é o projecto a solo de Beejay Buduan, um músico californiano que vive na Coreia do Sul, iniciado após o fim da sua antiga banda, ClockartsLike So é o 3º EP em 2 anos e mantém a sonoridade dos trabalhos anteriores, um pop lo-fi simples e agradável, com reverb na voz e som limpo nas guitarras. Apesar de ter uma duração inferior a 20 minutos, há tempo para frases catchy, boas melodias, ritmos dançáveis e canções descontraídas apropriadas para aliviar a tensão após um dia cansativo. shindigs não traz nada de novo ao género musical em que se insere, mas não é esse o seu objectivo, e músicas como “Like So” e “Durum Durum” fazem com este seja um disco que merece ser ouvido. Para quem gostar, recomendo também os EP’s anteriores. Está tudo disponível para streaming e download gratuito aqui.

Rui Santos

You, Whom I Always Hated // Thrill Jockey // Janeiro de 2015
7.9/10

Os Thou e os Body, duas da maiores instituições do metal norte-americano actual juntaram-se para nos trazer o LP You, Whom I Always Hated. A anterior empreitada desta dupla — o EP Released From Love — deu-nos uma amostra daquilo que You, Whom I Always Hated nos reservaria. Temos neste LP mais da mesma mágica fórmula: a letra niilista dos Thou, o industrial dos Body, a distorção, sujidade e groove de uma das principais bandas da cena do slugde do Louisiana — Há outro tipo de sludge? — e muito barulho. Tal facto não é surpreendente, dado que ambas as bandas são, a título individual, das mais ruidosas no seu campeonato. E quem bem que soa o ruído. A tendência para atribuir títulos às faixas ao estilo de Damien Hirst perdura. Porém, a complexidade não se mede em palavras, mas sim naquilo que estas comunicam. E estas letras niilistas, transportadas pelas cordas vocais de Bryan Funck e com tempo para homenagear os escritos de Trent Reznor numa cover à “Terrible Lie”, tornam esta peça sonora uma das mais negras do ano.
Esperemos que alguém tenha o bom senso de trazer os Thou e os Body a Portugal este ano, para concertos a solo e enquanto dupla.
Eduardo Silva
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