Reportagem: Sound Bay Fest – Room 5 [Lisboa]

Reportagem: Sound Bay Fest – Room 5 [Lisboa]

| Abril 10, 2015 10:13 pm

Reportagem: Sound Bay Fest – Room 5 [Lisboa]

| Abril 10, 2015 10:13 pm
A Threshold Magazine foi no passado dia 4 de Abril assistir à
primeira edição do Sound Bay Fest, no Room 5, Cais do Sodré. O evento contou
com a participação de várias bandas portuguesas tais como The Japanese Girls, Stone
Dead, Black Bombaim, Killimanjaro
e Jibóia. Cinco foram as bandas
internacionais presentes, com grande destaque para os Radio Moscow, The
Picturebooks
e Tweak Birds.

Os The Japanese Girl, banda que marcou presença na terceira
edição do Cosmis Mess,foram os primeiros a entrar em palco, meia hora depois do
previsto devido a alguns atrasos na organização. O trio nortenho formado por
Bruno, Corinna e Emanuel deram um bom concerto tendo em conta que o público
ainda estava a chegar à sala, interpretando alguns temas do seu mais recente
registo A Tea with Tiggy Kasumi. Com um sonoridade entre o garage e o psicadélico,
fizeram-nos lembrar a espaços os Murdering Tripping Blues.
Como a fome já apertava tirámos uns minutos para ir jantar,
pelo que perdemos algumas músicas da actuação dos espanhóis 1886. O concerto
foi morno e caracterizado por um hard rock genérico com algumas influências
psicadélicas.
Os terceiros a actuarem foram os Stone Dead, banda de
Alcobaça que também esteve presente na terceira edição do Cosmic Mess. Podemos
afirmar que foi aqui que começou o verdadeiro aquecimento para o que aí vinha,
com o público a começar a sentir o rock nas veias. O quarteto interpretou temas
do seu último The Stone John Experience, editado em 2014, destacatando-se
músicas como “Evil Monkey” e “Stone John”. Consideramos que os Stone Dead são
uma grande promessa do stoner rock português e isso foi bem visível na sua
actuação, por isso no futuro só podemos esperar boas novidades destes rapazes.
Às 22h30, os franceses Libido Fuzz entraram em palco. O trio
que acompanhou os Radio Moscow na sua tour europeia, veio apresentar temas do
seu EP editado em 2013 We’re a Heavy Psychedelic Boogie Band, título que define
a sua sonoridade na perfeição. Nesta altura já o público se encontrava
electrizado com o fuzz e os riffs distorcidos que ecoaram no Room 5. O
principal destaque da actuação vai para a interpretação do tema “I Was Made on
the Desert Road”.
Por volta das 23h15 entraram em palco os barcelenses Black Bombaim. O que se passou nos próximos 45 minutos pode ser descrito como uma
espécie de transe. O trio constituído por Ricardo na guitarra, Senra na bateria
e Tojo no baixo interpretou na íntegra o seu último álbum editado em 2014, Far
Out
. Foi sem dúvida alguma um dos melhores concertos do festival, envolto numa
atmosfera recheada de distorção e heavy riffs, com a bateria a ter um
desempenho notável. Em suma, estamos perante a melhor banda de stoner rock
nacional e uma das melhores da Europa.
Depois de problemas
técnicos que ocuparam alguns minutos, o duo alemão de guitarra e bateria, The Picturebooks, começou o seu primeiro concerto em Portugal, mostrando um puro blues rock, mas
muito mais pesado. Começaram o concerto com “PCH Diamond”, tema do último álbum Imaginary Horse, e desde logo Fynn Claus Grabke se mostrou incansável,
tocando guitarra com uma energia e emoção que veio a rasgar com a atmosfera
stoner que pairava. O concerto seguiu, com Philipp Mirtschink sempre em grande
na bateria, e depois de uma paragem de 30 segundos devido a mais problemas
técnicos, o duo impressionou o público com uma cover de Madonna, “Lucky Star”,
uma cover pesada bem ao nível do concerto. A banda acabou o concerto com a sua
música mais ouvida, “Your Kisses Burn Like Fire”, o que certamente agradou aos
maiores fãs, concluindo assim um excelente concerto que fez com que o público
se começasse a mexer. 
À 1h20, os Radio Moscow entraram em palco e podia advinhar-se o que
ia acontecer na próxima hora. O público ansioso celebrou com aplausos e
assobios que inundaram o Room 5, prometendo assim a festa na próxima hora. Os
Radio Moscow
, compostos agora por Parker Griggs, Anthony Meier e Paul Marrone
começaram assim mais um concerto em Portugal, mostrando o seu psych rock muito
ao estilo de Led Zeppelin, com músicas de longa duração (a chegar aos 10
minutos) e solos duradoros, mas sem saturar os fãs, pois Parker Griggs pôs uma
energia na guitarra de tal forma que fez os presentes vibrar completamente com
o concerto, perdendo a noção de “tempo”. Ambiente era então de festa, como
previsto, e não demorou muito até o moshpit e o crowdsurfing rebentarem em força,
o que acabou por durar o concerto todo, rara sendo a oportunidade para
descansar. Foi neste ambiente que o concerto foi rumo ao fim, passando por
músicas do álbum Brain Cycles, como “250 Miles” e “No Good Woman”, esta
última que serviu para fechar a actuação do trio americano de quase uma hora, e com muito
sucesso, o suor a pingar e os sorrisos que as pessoas tinham na cara no final
comprovaram que este foi, claramente, o grande concerto da noite. 


Pouco tempo já os Killimanjaro se encontravam em palco. O trio de Barcelos, que marcou presença na primeira edição do Cosmic
Mess, veio dar o seu último concerto de uma longa tour europeia ao Sound Bay. O
recinto esvaziou um bocado depois de Radio Moscow, mas isto não impediu a banda
de ser destruidora em palco, mostrando o seu heavy-rock com influencias de
thrash-metal, pesado e cheio de energia, que pós as pessoas mais cansadas e
resistentes de Radio Moscow a malhar, mesmo esta tendo sido uma festa mais
reduzida. O concerto acabou com o agradecimento sentido da banda, que mesmo
vindo de uma longa tour pelo “velho continente”, ainda teve forças para dar um
concerto fantástico na capital. 


Depois de uma passagem extensa por
Portugal, os Tweak Bird passaram por Lisboa para dar o seu último concerto
nacional antes de seguir caminho para outras terras. Antes de começar, o duo
americano simpatizou com os presentes enquanto fazia o soundcheck, falavam
alegremente e à vontade com as pessoas atrás da mesa de mistura, e depois de
uma introdução feita em uníssono pelos dois membros da banda, sempre bem
dispostos, o concerto teve ínicio. Os dois irmãos Bird distribuiram o seu blues
rock pesado por um público mais cansado e reduzido, que mal respondia ao fuzz
que inundava o Room 5, estava agora uma atmosfera fraca, fruto das horas a que a
banda actuou. No tempo que estiveram em palco, Ashton e Caleb Bird passaram por
musicas como “Weird Oasis”, “Greens”, e “She Preach”, todas elas pertencentes a
Any Ol’ Way, o último álbum da banda. Mas infelizmente, a mando da
organização, os Tweak Bird abandonaram o palco antes do previsto, concluindo
assim um concerto que poderia ter sido muito melhor, se tivesse tido uma melhor
hora, e por consequente, um melhor público.
Jibóia, que vai passar pelo Cosmic Mess IVno próximo dia 22 de Abril, foi dar o último concerto do Sound Bay para pôr
toda a gente que restava em transe. Oscar Silva (aka Jibóia) é único, o estilo
psicadélico que criou, juntando as suas raízes hindu com a sua dedicação entre
guitarra e sintetizador, é algo de especial, pois Jibóia pôs todos os presentes
no Room 5 a dançar sem controlo às 4h da manhã, mesmo estando o reduzido público
cansado de uma noite cheia de concertos. Oscar ia largando os riffs da sua
guitarra distorcida para se dedicar completamente à voz e as teclas, o ambiente
era surpreendentemente de festa, para as horas altas que eram. Jiboia decidiu
terminar a actuação com “Kungpipi”, música que está presente no seu primeiro EP, concluindo assim um concerto que acordou os poucos sobreviventes do
festival para dançar.
Às 4h30 deu-se início a uma sessão de DJ set mas com o cansaço acumulado e com os almoço de Páscoa já no pensamentos, dirigimo-nos para casa com a sensação de que a primeira edição do Sound Bay Fest teve uma organização à altura e cá estaremos se para o ano quiserem repetir. 

Texto: Rui Gameiro e Tiago Farinha
Fotografia: Rui Gameiro
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