Reportagem: Bad Bonn Kilbi [Dudingen, Suíça]
Reportagem: Bad Bonn Kilbi [Dudingen, Suíça]
| Junho 14, 2015 2:47 pm
Reportagem: Bad Bonn Kilbi [Dudingen, Suíça]
| Junho 14, 2015 2:47 pm
No passado fim-de-semana estivemos
presentes em Düdingen para assistir à nona edição do Bad Bonn
Kilbi.
Apesar de ser um festival relativamente
recente (começou em 2007), o Kilbi já é reconhecido por muitos
como um dos melhores festivais europeus, principalmente por conseguir
trazer todos os anos uma excelente escolha de artistas para uma
audiência de apenas 2500 espetadores. Afinal, ver bandas como os
Neu!, os Sonic Youth, os My Bloody Valentine ou os Neutral Milk Hotel
tocarem para tão pouca gente é uma oportunidade única.
recente (começou em 2007), o Kilbi já é reconhecido por muitos
como um dos melhores festivais europeus, principalmente por conseguir
trazer todos os anos uma excelente escolha de artistas para uma
audiência de apenas 2500 espetadores. Afinal, ver bandas como os
Neu!, os Sonic Youth, os My Bloody Valentine ou os Neutral Milk Hotel
tocarem para tão pouca gente é uma oportunidade única.
Mal chegamos ao festival fomos ver os
Wand, que lançaram há pouco tempo um dos nossos álbuns preferidos
deste ano, Golem. Descobertos por Ty Segall, que lançou o primeiro
álbum da banda, os californianos não fogem muito do registo do guru
do garage-rock atual. Músicas como “Melted Rope” ou “The
Unexplored Map” poderiam muito bem estar presentes em Slaughterhouse e a psicadélica “Fire On The
Mountain” não ficaria nada mal em Hair. O que não
é de todo um ponto negativo.
Wand, que lançaram há pouco tempo um dos nossos álbuns preferidos
deste ano, Golem. Descobertos por Ty Segall, que lançou o primeiro
álbum da banda, os californianos não fogem muito do registo do guru
do garage-rock atual. Músicas como “Melted Rope” ou “The
Unexplored Map” poderiam muito bem estar presentes em Slaughterhouse e a psicadélica “Fire On The
Mountain” não ficaria nada mal em Hair. O que não
é de todo um ponto negativo.
De seguida fomos ver os Thee Oh Sees,
que mais uma vez provaram que são das melhores bandas da
atualidade. Mal John Dwyer tocou os primeiros acordes de “I
Come From The Mountain” o público foi à loucura e a partir daí
nunca mais abrandou. Houve banhos de banheira, stagediving,
clavículas partidas e muito mais.
que mais uma vez provaram que são das melhores bandas da
atualidade. Mal John Dwyer tocou os primeiros acordes de “I
Come From The Mountain” o público foi à loucura e a partir daí
nunca mais abrandou. Houve banhos de banheira, stagediving,
clavículas partidas e muito mais.
Apresentando-se agora num formato com
dois bateristas, os Thee Oh Sees estão ainda mais intensos e coesos do
que estavam em Paredes de Coura no ano passado. Temas como “Tidal
Wave”, “The Dream”, “Toe Cutter / Thumb Buster”
e “Carrion Crawler” levaram o publico à folia, e fechar o
concerto com “Destroyed Fortress Reappers” foi a cereja no
topo do bolo.
dois bateristas, os Thee Oh Sees estão ainda mais intensos e coesos do
que estavam em Paredes de Coura no ano passado. Temas como “Tidal
Wave”, “The Dream”, “Toe Cutter / Thumb Buster”
e “Carrion Crawler” levaram o publico à folia, e fechar o
concerto com “Destroyed Fortress Reappers” foi a cereja no
topo do bolo.
Quem ficou com a difícil tarefa de
continuar com a festa foi Mac DeMarco, mas o canadiano não
desiludiu. Começou o concerto com “Salad Days”, uma das
melhores músicas do seu último álbum e deu continuação com “The
Stars Keep On Calling My Name”, “Blue Boy” e a já
mítica “Cooking Up Something Good” da qual a audiência já
sabia cada palavra de cor e salteado. Mas foi só quando Mac anunciou
que ia cantar uma canção sobre a sua marca de cigarros preferida
que o público atingiu o êxtase. “Ode To Viceroy” que já
é praticamente um hino do indie rock actual gerou o maior sing along
do concerto e foi certamente o ponto alto da noite. Ainda tivemos
direito a um cheirinho do seu primeiro álbum, com os temas “Rock
N’ Roll Night Club” e “I’m a Man”, uma cover de
“Jammin’” de Bob Marley, na qual um fã sortudo teve a
oportunidade de subir ao palco para a cantar, e a uma de “Yellow”
dos Coldplay. O concerto acabou em grande com o seguimento “Freaking
Out The Neighbourhood”, “Chamber Of Reflection” e com
a balada “Still Together”.
continuar com a festa foi Mac DeMarco, mas o canadiano não
desiludiu. Começou o concerto com “Salad Days”, uma das
melhores músicas do seu último álbum e deu continuação com “The
Stars Keep On Calling My Name”, “Blue Boy” e a já
mítica “Cooking Up Something Good” da qual a audiência já
sabia cada palavra de cor e salteado. Mas foi só quando Mac anunciou
que ia cantar uma canção sobre a sua marca de cigarros preferida
que o público atingiu o êxtase. “Ode To Viceroy” que já
é praticamente um hino do indie rock actual gerou o maior sing along
do concerto e foi certamente o ponto alto da noite. Ainda tivemos
direito a um cheirinho do seu primeiro álbum, com os temas “Rock
N’ Roll Night Club” e “I’m a Man”, uma cover de
“Jammin’” de Bob Marley, na qual um fã sortudo teve a
oportunidade de subir ao palco para a cantar, e a uma de “Yellow”
dos Coldplay. O concerto acabou em grande com o seguimento “Freaking
Out The Neighbourhood”, “Chamber Of Reflection” e com
a balada “Still Together”.
O segundo dia começou com um concerto
dos POW!, que acabou por não cumprir com as expectativas.
Apesar de terem dois bons álbuns, lançados pela Castle Face
Records, os americanos, ao vivo, não corresponderam aos trabalhos de
estúdio, talvez por estarem a tocar tão cedo, para tão pouca gente
e no maior palco do festival, e isso refletiu-se na atitude do
público que também não estava muito para aí virado.
dos POW!, que acabou por não cumprir com as expectativas.
Apesar de terem dois bons álbuns, lançados pela Castle Face
Records, os americanos, ao vivo, não corresponderam aos trabalhos de
estúdio, talvez por estarem a tocar tão cedo, para tão pouca gente
e no maior palco do festival, e isso refletiu-se na atitude do
público que também não estava muito para aí virado.
Steve Gunn foi quem ficou encarregue
de tentar mudar o rumo que o concertos dos POW! tinha levado e correu
melhor do que esperado. Músicas como “Way Out Weather” e
“Wildwood” encantaram o público do Kilbi que ainda estava
ressacado da noite anterior e a quem o folk de Steve Gunn caíu que
nem ginjas.
de tentar mudar o rumo que o concertos dos POW! tinha levado e correu
melhor do que esperado. Músicas como “Way Out Weather” e
“Wildwood” encantaram o público do Kilbi que ainda estava
ressacado da noite anterior e a quem o folk de Steve Gunn caíu que
nem ginjas.
Acabamos o dia a ver os Sleaford Mods,
que deram o melhor espetáculo do dia. Enquanto Andrew Fearn
carregava no play e bebia cerveja, James Williamson ia fazendo uns rapps sobre
tudo e mais alguma coisa, maior parte das vezes num tom crítico. O
estilo vocal de James, um pouco no registo de um Mark E. Smith ou de
um John Cooper Clarke, encaixa estranhamente bem sobre os beats de
Andrew, que não ficariam desajustados num álbum dos Death Grips,
por exemplo. “Wanker” e “cunt” foram
provavelmente as palavras mais ditas neste concertos e não faltaram
gestos obscenos da parte de James. Na reportagem ao concerto
dos Fat White Family dissemos que são a banda mais punk a saír de
Inglaterra há uns tempos, mas os Sleaford Mods andam bem lá perto.
que deram o melhor espetáculo do dia. Enquanto Andrew Fearn
carregava no play e bebia cerveja, James Williamson ia fazendo uns rapps sobre
tudo e mais alguma coisa, maior parte das vezes num tom crítico. O
estilo vocal de James, um pouco no registo de um Mark E. Smith ou de
um John Cooper Clarke, encaixa estranhamente bem sobre os beats de
Andrew, que não ficariam desajustados num álbum dos Death Grips,
por exemplo. “Wanker” e “cunt” foram
provavelmente as palavras mais ditas neste concertos e não faltaram
gestos obscenos da parte de James. Na reportagem ao concerto
dos Fat White Family dissemos que são a banda mais punk a saír de
Inglaterra há uns tempos, mas os Sleaford Mods andam bem lá perto.
No terceiro e último dia, quando
chegamos, tivemos que tomar a decisão mais difícil durante este
festival, escolher entre Fumaça Preta e Shabazz Palaces. Optamos por
ir ver a banda de Alex Figueira e companhia ao Club Stage e valeu bem
a pena. Poucos minutos depois do concerto começar, o club já estava
cheio e o ambiente de festa instalado. A banda começou o concerto
com “Pupilas Dilatadas” que cativou logo a atenção do
público presente. O tema “Fumaça Preta”, com um riff que
parece tirado de um songbook dos Black Sabbath, gerou um headbang
colectivo e em “A Bruxa”, versão portuguesa de “The
Witch” dos Sonics, a banda conseguiu meter o público todo a
gritar “Ela era uma bruxa”. Épico.
De seguida foi Morgan Delt que tocou no
mesmo palco. O americano, acompanhado por uma banda, tocou grande
parte do seu excelente álbum de estreia lançado pela In The Red. As
influências de Morgan Delt são óbvias: Kinks, Byrds e várias
dessas bandas de pop psicadélica do fim dos anos 60, mas dentro
desse estilo Morgan consegue criar uma sonoridade distinta e temas
como “Barberian Kings” e “Sad Sad Trip” são a
prova disso mesmo.
mesmo palco. O americano, acompanhado por uma banda, tocou grande
parte do seu excelente álbum de estreia lançado pela In The Red. As
influências de Morgan Delt são óbvias: Kinks, Byrds e várias
dessas bandas de pop psicadélica do fim dos anos 60, mas dentro
desse estilo Morgan consegue criar uma sonoridade distinta e temas
como “Barberian Kings” e “Sad Sad Trip” são a
prova disso mesmo.
Às 22h30 fomos ver os Viet Cong. Os
ex-Women, que lançaram este ano um bom álbum de estreia pela
Jagjagwuar, foram a maior desilusão do festival. Muito mais moles
que em estúdio, nem os próprios fãs conseguiram convencer. A meio
do concerto aproveitamos para saír e conseguir arranjar um bom lugar
para ver Thurston Moore.
À frente do palco, já toda a gente
estava com um sorriso de orelha a orelha por estar a momentos de ver
o guitarrista dos lendários Sonic Youth, agora acompanhado pelo seu
velho amigo Steve Shelley, Debbie Googe (My Bloody Valentine) e James
Sedwards.
estava com um sorriso de orelha a orelha por estar a momentos de ver
o guitarrista dos lendários Sonic Youth, agora acompanhado pelo seu
velho amigo Steve Shelley, Debbie Googe (My Bloody Valentine) e James
Sedwards.
Moore, visivelmente contente por ter voltado ao
festival, deu um concerto de quase duas horas, completamente fora do
registo dos seus primeiros álbuns a solo maioritariamente acústicos.
Apesar de várias pessoas terem pedido para que Thurston tocasse
temas da sua antiga banda, o americano sempre o recusou e, assim
sendo, tocou exclusivamente músicas suas a solo, principalmente do
álbum The Best Day, e ainda houve tempo para tocar
algumas ainda não lançadas.
Texto: Helder Lemos
Fotografia: Patrick Principe
festival, deu um concerto de quase duas horas, completamente fora do
registo dos seus primeiros álbuns a solo maioritariamente acústicos.
Apesar de várias pessoas terem pedido para que Thurston tocasse
temas da sua antiga banda, o americano sempre o recusou e, assim
sendo, tocou exclusivamente músicas suas a solo, principalmente do
álbum The Best Day, e ainda houve tempo para tocar
algumas ainda não lançadas.
Texto: Helder Lemos
Fotografia: Patrick Principe