Reportagem: Indie Music Fest 2015
Reportagem: Indie Music Fest 2015
Setembro 17, 2015 6:38 pm
| Reportagem: Indie Music Fest 2015
Setembro 17, 2015 6:38 pm
| O Indie Music Fest regressou para a sua terceira edição. Com quase todos os passes gerais esgotados e um cartaz que apelava muito mais ao público, tinha tudo para ser, também, a melhor edição do festival.
Dia 0
Decidimos ser dos primeiros a chegar ao bosque do choupal, sendo assim, aproveitamos o facto de o campismo ter aberto um dia antes do festival começar. Assistimos às últimas preparações para o mercado indie e, já de noite, aproveitamos para conhecer os festivaleiros que já se encontravam no campismo, tentando, assim, perceber que tipo de ambiente deveríamos esperar no festival. Neste primeiro dia de campismo ainda não havia água nem iluminação.
Dia 1
Cedo fomos buscar a credencial e pudemos visitar o mercado indie, agora, já totalmente funcional. Do ano anterior, reconhecemos logo o Volkswagen carocha e a banca do merchandising. Aproveitamos a tarde para fazer entrevistas a Cave Story e Eat Bear, que poderão ser lidas brevemente.
A dimensão musical do festival começou com o trio aveirense The Moonshiners que trouxe como convidado Miguel Leitão, responsável pelo saxofone no EP inicial da banda. Apesar de ser o primeiro concerto o palco Cisma esteve bastante composto em termos de público, este apoiava efusivamente a banda. Terminaram com uma versão de “Johnny B. Goode” de Chuck Berry, deixando qualquer amante de cinema com vontade de rever o filme “Back To The Future”.
Uma hora depois seguimos para Bispo. Apenas com dois singles, sendo que um é quase impossível de reproduzir ao vivo (“Timeless Neon”) não sabíamos o que esperar do concerto. Começa bem animado com “Cancun”, o primeiro single da banda, ao qual o público responde da melhor forma havendo muita dança e começando já a formar-se alguns “mosh”. Na segunda música já começa a haver pessoas em “crowd surf” e o palco Cisma a abarrotar (como esteve na maior parte dos concertos). A meio juntam-se, em palco, Salvador Seabra e Tomás Wallenstein o que causou uma, ainda maior, euforia por parte do público. Como, infelizmente, tudo tem um fim, o concerto, acaba com “La Piña Colada C’Est La Maldicion”. Brevemente, poderá ser lida a entrevista feita aos Bispo pouco depois do concerto.
Logo a seguir fomos ao concerto dos Eat Bear, o primeiro que vimos no palco Antena 3. A princípio encontramos um público mais tímido que no concerto anterior mas na segunda e terceira música já se tinha instaurado o ambiente repleto de “mosh” e “crowd surf” a que já nos tínhamos habituado anteriormente. São tocadas várias músicas a integrar um futuro EP tal como algumas do álbum de estreia, Trust Found. Começam a fazer um cover de Justin Timberlake e Rafael desce do palco para, juntamente com o público, apoiar a sua banda. Após regressar ao palco convida os presentes para se juntar a eles para dançar foi aí que se juntou o senhor de uma das bancas de merchandising e continuou a “dar tudo”, dançando e fazendo “air guitar”, quase até ao fim do concerto, sendo este o momento mais animado do concerto.
Mais uma vez o palco Cisma encheu, desta vez, para receber os Cave Story (e não Cave Storm). A banda das Caldas da Rainha deu um concerto em linha com os anteriores, um público completamente rendido aos músicos com frequente crowd surf e mosh. Sem dúvida, “Southern Hype” foi dos melhores momentos do concerto. Pode ser destacada uma pequena invasão do palco, por parte do público, que terminou em stage dive.
Já cansados anda assistimos a um pouco de Plus Ultra, o vocalista mantinha um controlo total sobre o público e pudemos assistir ao maior mosh pit de todo o festival.
Dia 2
Pouco antes da hora prevista para o concerto dos Baixo Soldado uma das fontes de energia do festival começou a arder, causando um atraso de cerca de duas horas neste concerto. Apesar do enorme atraso muitos esperavam impacientemente pela primeira banda do dia. Baixo Soldado deram um concerto animado que fez valer a pena o tempo de espera. Perto do final tocaram uma cover de “Weird Fishes / Arpeggi” dos Radiohead.
Regressámos, mais tarde, para assistir ao primeiro concerto no palco principal do Indie Music Fest, Taipa + The Blackbirds. Rui Taipa e a sua banda mantiveram o público hipnotizado com o seu folk rock. Um dos melhores momentos do concerto foi a música “Joana”, aquele que foi considerado , por Rui Taipa, “o primeiro mosh num concerto de Taipa + The Blackbirds” e uma versão de “Happy” de Pharrell Williams que permitiu a interacção do público. Seguimos para Los Black Jews cujo concerto, apesar das primeiras músicas terem sido muito interessantes, foi bastante monótono.
Regressando ao palco IMF esperavam-nos os Capitães da Areia cujo concerto foi o com que menos nos identificamos. Perto do final Pedro de Tróia comeu um pão com marmelada, referencia à música “A Partida para o Espaço”. Seguiu-se malcontent que nos mostraram, essencialmente, o seu novo disco, Riot Sound Effects. Apesar da grande qualidade da banda portuense, o público, quase não teve reacção às músicas tocadas. Após terminar o concerto regressaram para um encore mas, infelizmente, muitos já tinham dispersado, não tendo, assim, grande impacto.
Voltando ao palco principal estava a começar o concerto de Brass Wires Orchestra que foi, sem dúvida o melhor deste festival. Começam com “Wash My Soul”, a primeira faixa de Cornerstone, o álbum de estreia da banda, que, apesar de alguns problemas com a guitarra de Miguel da Bernarda, cedo conquista e hipnotiza o público. Após as primeiras canções é possível perceber o enorme talento desta banda. A relação entre os músicos é quase simbiótica e quando chega “Tears Of Liberty” todos dançaram completamente rendidos e grande parte acompanhava o refrão. “Finders Keepers” foi outro grande momento completamente apaixonante. Perto do final tocam “Breezeblocks” dos alt-J, neste momento, o público estava completamente sincronizado com a banda e, quando pensávamos que as surpresas tinham acabado, começa “Matilda”, mais uma música dos alt-J. Seguiu-se a última canção e, infelizmente, tínhamos chegado ao, inevitável, fim.
No palco Cisma estavam os Astrodome que trouxeram o Heavy Psych ao bosque. Foi um concerto hipnotizante que, talvez, tenha pecado por ter sido demasiado curto. Já estava em palco a banda mais esperada da noite, Modernos. Arrancam com “Panado Cister” e a impaciência leva ao começo de mosh e algumas tentativas de crowd surf nas primeiras filas. Como era previsível todo o concerto foi repleto de mosh e crowd surf. A meio do concerto fazem uma versão de “À Minha Alma” d’Os Velhos, segue-se uma curta pausa e o concerto de Modernos tornou-se, por breves momentos, num concerto de El Salvador. O concerto termina com “Casa A Arder”.
Dia 3
Começamos o dia final do indie indo ao concerto secreto. Após uma curta viagem até um local com uma paisagem magnífica, Rui Taipa, de Taipa + The Blackbirds, junta-se a nós para tocar algumas canções em acústico. Após um delicioso concerto onde tocou, entre outras, uma cover de “Blackbird” dos The Beatles, “Corvo” e “Joana”, canção que já tinha tocado no dia anterior, com a sua banda, junta-se a ele uma poetiza. Enquanto esta declama alguns poemas de autores conhecidos e alguns da sua autoria, Taipa, acompanha-a improvisando na sua guitarra.
Regressando ao recinto do festival assistimos ao concerto dos The Sunflowers. A banda de garage Rock portuense decidiu iniciar o concerto com “UFO, Please Take Me Home” seguido de várias músicas da sua EP mais recente, incluindo “Mama Kim”, pela qual mostraram algum desprezo. O concerto estava a ser bastante cativante apesar da repetição quase inerente ao género musical e de, estranhamente, ainda não ter começado nenhum mosh. Durante “I’m A Woman, I’m A Man” Carlos revela que, por baixo da roupa, está com um vestido e acaba por afirmar sentir “uma aragem em locais onde nunca tinha sentido antes”. A partir daí começa o mosh, continuando em todas os temas até ao fim do concerto.
Um pouco mais tarde dirigimo-nos para o palco IMF para o concerto de Thunder & Co.. Começam com um tema exclusivamente que serviu como uma espécie de introdução para o que se iria passar a seguir. Já na segunda música, “Bodysnatcher – Shapeshifter”, a banda contagiou o bosque e era impossível resistir à vontade de dançar. Sentia-se uma proximidade com Rodrigo Gomes e Sebastião Teixeira, que nos mostraram as suas músicas que, apesar de sentimentais, não deixavam as pernas parar, o movimento era inevitável. O single “Apples” conseguiu destacar-se tendo sido a canção melhor recebida (e talvez a mais conhecida) pelo público. Como despedida ouviu-se O.N.O. onde a interacção da banda com os espectadores foi excelente, tendo a banda até gravado alguns vídeos em que todos cantavam o refrão, e claramente queríamos mais uma noite com os Thunder & Co.
Linda Martini era o concerto mais esperado dia e, talvez, o mais esperado do festival. Ainda com a ausência de Cláudia Guerreiro apresentaram-se com Makoto Yagyu no baixo. Começam o concerto com “Cronófago” e cedo conquistam o bosque. Apesar de pouca interacção dão um espectáculo excelente capaz de encantar qualquer um. Quase a uma hora do início do concerto fazem uma curta pausa e voltam para o encore tocando “Volta” e “100 Metros Sereia” tendo, esta última, parecido ter sido tocada um pouco à pressa. Muitos sentiram-se bastante insatisfeitos com a curta duração do concerto mas é impossível negar a qualidade do mesmo e da própria banda.
Texto de Francisco Lobo de Ávila
Fotografia de Mário Jader