PISTA
Bamboleio

| Novembro 9, 2015 3:16 pm
Bamboleio // novembro de 2015 // pontiaq
8.0/10

Foi com “Puxa” que os Pista começaram a ver um futuro encaminhado na sua discografia. Oriundos do Barreiro e tendo-se apresentado inicialmente em formato duo com Claudio Fernandes e Bruno Afonso, foi com a entrada de Ernesto Silva que a banda se fez ecoar, inserindo-se atualmente nos tops das melhores novas bandas nacionais. Se em 2013 e ainda tímidos apresentavam ao mundo as suas cinco primeiras canções – editadas num EP homónimo – hoje arrasam palcos com uma energia frenética de pôr toda a gente a dançar. Depois de terem gravado o primeiro EP com Nick Nicotine, os Pista apresentam agora o seu álbum de estreia ao lado de Luís Nunes (Walter Benjamimcuja fórmula principal consiste numa miscelânea de loops a englobar elementos do afro punk, bike rock e pedalcore que resultam num grande bamboleio sonoro.

Com uma música, no geral, muito adequada aos dias solarengos, os Pista apresentam Bamboleio com “Ar de Inverno” e, diga-se de passagem, que num inverno ainda quente, o single surge como uma excelente apresentação da capacidade de implementação rítmica que o trio possui. Afinal não é só hype, os Pista são mesmo bons, basta avançar só mais uma canção para o confirmar. E o mais incrível é a energia contagiante que as músicas de Bamboleio transmitem ao serem ouvidas. Há uma reação instantânea ao que se ouve e, embora entre acordes simples, os Pista constroem melodias notórias. Se “Sal Mão” apresentava uma fase mais “flower party”, despertando diferentes opiniões entre o público, num pequeno resumo, Bamboleio afasta-se dessa imagem e traz músicas bastante consistentes, numa evolução expectável face ao apresentado no EP de estreia. 

Apontando meia mão cheia de boas malhas vem já à mente “3-0”, “Onduras” e “Ivone”. A “3-0” porque mistura o melhor tropicalismo dos Pista com numa vertente mais post-rock; a “Onduras” porque traz à memória as sonoridades da música independente dos finais dos anos 00, numa abordagem muito própria e a “Ivone” porque segue a mesma linha, abrindo com uma guitarra a deixar saudades dos The Strokes. Por fim, em “Queráute”, a maior música deste longa-duração e o grande epílogo de Bamboleio, há uma aproximação às melodias californianas; o som da Fender Mustang, no volver do single, facilmente traz comparações a Ty Segall e ao Floating Coffin dos Thee Oh Sees (ouvir “Boxe Fantasma”) encerrando assim, de forma frenética, um primeiro longa duração bastante bom.

Em suma, Bamboleio é um álbum que atinge quaisquer expectativas pré-formadas pelo seu formato consistente, pela sua sonoridade que, ainda em crescimento, apresenta muitas características boas da fase de iniciação e, essencialmente, pelo facto dos Pista mostrarem que para além de músicos eficazes são igualmente eficientes. Vale a pena reforçar ainda a ideia de que, pela diversidade rítmica apresentada, os Pista conseguem fazer surgir n bandas como um indicador das suas influências, tendo o resultado de cada canção uma identidade única e própria. Bamboleio vale a pena ouvir.

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