Bruma
Pesadelo EP

| Fevereiro 7, 2016 6:17 pm
Pesadelo // janeiro de 2016 // self-released
8.0/10
Os Bruma iniciam oficialmente a sua discografia este ano com Pesadelo EP, embora se tenham dado a conhecer previamente através de um conjunto de demos lançadas em tempos passados. O quarteto bracarense apresenta assim o seu primeiro disco curta duração que prima logo pela inovação e experimentação que lhe estão implícitas. Através de uma formação simples, onde o foco recai sobre os mais díspares instrumentos – dos quais recebe destaque principal o piano – os Bruma conduzem o ouvinte aos estados inconscientes do sono, que se tornam, por vezes, incontroláveis. Quanto a um género, podendo definir-se, este para já, situa-se algo entre o jazz experimental de uns BadBadNotGood e o avant-garde. Por agora, e após se terem apresentado como banda revelação, na altura das primeiras demos, os Bruma deixam as expectativas bastante concretizadas e acima da média, dado o seu carácter inventivo.

Pesadelo é uma excelente escolha da banda para nomear este primeiro trabalho, dada a conjugação afincada dos vários instrumentos com a voz e, consequentemente, o resultado emotivo no ouvinte. Devido a um foco certeiro na composição os Bruma idealizam várias sensações, criando um cenário sonoramente tranquilo que às tantas acaba por se tornar evasivo. A título de exemplo oiça-se “Bola Oito”, single de abertura que se encaixa na perfeição face ao anteriormente exposto. É desenhada, através desta primeira música, esse tipo de sensações de sufoco, auto-conflito e agonia que se sentem aquando do estado inconsciente em entorpecimento. Um início digno de um disco que se apresente sob o nome Pesadelo.


Há duas grandes malhas neste EP, (ahah, curiosamente a “Malha” não é nenhuma das duas) “Intruso” e “Vi em Ti Veritas”. A primeira por conseguir explorar, em cerca de seis minutos de duração, uma mão cheia de elementos do jazz, post-rock, stoner rock entre outros subgéneros, e com isto, criar uma composição que sofre imensas quebras a nível sonoro. Isto é muito bom dado que o ritmo nunca se quebra apesar destas sub-conjugações musicais. A segunda, “Vi em Ti Veritas”, por iniciar com o baixo e o piano em plano de foco e, consequentemente, criar uma musicalidade bastante interessante e facilmente audível por qualquer pessoa. Abre-se espaço para ouvir um pseudo solo do piano incrível, por volta dos dois minutos e meio de avanço, que marca que os Bruma têm algo de novo a oferecer à música portuguesa. 


Braga tem visto o seu nome crescer, na cena musical, por trazer cada vez mais bons projetos emergentes a nível nacional e os Bruma apresentam-se, apenas num conjunto de cinco canções, como um dos projetos mais notáveis a reter da cidade. Pesadelo é um disco fácil de ouvir por saber conjugar tão bem diversos géneros e sub-genéros, criando igualmente uma harmonia que aqui se torna, de certo modo, característica. Os Bruma primam nesta estreia essencialmente pelo facto de apresentarem um disco muito distinto das apostas que se têm feito ultimamente a nível nacional. Esse é mais um selo distintivo de Braga, as bandas nacionais que têm coisas novas a oferecer – de referir os Ermo, já que o EP teve produção e materialização asseguradas por Bernardo Barbosa – e que as fazem tão bem. Pesadelo é acima de tudo um disco que se deseja ver/ouvir muito ao vivo, bastante promissor e criativo.

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