Cinco Discos, Cinco Críticas #18

| Agosto 8, 2016 2:31 pm
Voix // Ajna Offensive // fevereiro de 2016 
7.5/10

Os Aluk Todolo são um trio francês com formação datada de 2004. Desde então, lançaram alguns EP’s e quatro álbuns onde se inclui Voix, o mais recente disco da banda, editado em fevereiro do presente ano.  Situando-se entre as sonoridades krautrock e post-rock, Voix sucede o disco duplo Occult Rock (2012) e apresenta-se, num registo menos pesado que o trabalhado no seu antecessor. Num conjunto de seis canções os Aluk Todolo apresentam em Voix um álbum 100% instrumental, onde a voz se expressa na conjugação sonora dos diversos instrumentos. 
Neste quarto trabalho os franceses abrem portas a uma experiência insana e tensa, carregada de guitarras distorcidas e uma percussão marcante. Voix segue a linha dos trabalhos anteriores mostrando, no entanto, uma banda em constante movimento, ainda à procura de uma “sonoridade de marca”. 
A escutar sugerem-se singles como “5:34”, “7:01” e “9:29”.



E, a não esquecer, os Aluk Todolo têm passagem por Portugal marcada a 19 de agosto no Cave 45, em função da Extended Experience de mais uma edição do festival Amplifest.


Sónia Felizardo



GØGGS // In The Red // julho de 2016


7.4/10



Os GØGGS são uma super-banda californiana composta por Chris Shaw dos Ex-Cult, Ty Segall (que dispensa apresentações) e o seu companheiro de banda nos FuzzCharles Moothart. Com Chris e Ty na dianteira deste trio, os dois formaram o projecto em 2013, durante uma tour conjunta das suas bandas pelos Estados Unidos, tendo começado logo aí a escrever músicas como GØGGS. Havendo tempo livre para gravar o álbum de estreia, no meio da vida ocupada de ambos os músicos, Chris e Ty finalmente gravaram e produziram tudo em uma semana de julho, no ano passado. 
O resultado final foi tudo o que se era de esperar, um álbum pesado e rápido, com destaque para “Shotgun Shooter”, “Needle Trade Off” e “Glendale Junkie”, que ainda se conseguem sobressair num álbum bom e consistente, mas também não demasiado. Para quem conhece o trabalho destes dois músicos, a fusão de sonoridades que resulta em GØGGS é logo evidente nos primeiros minutos da tracklist, uma fusão quase perfeita de Ex-Cult com os vários projectos do Ty, não havendo nenhuma surpresa ou inovação do que resulta das mãos de Chris Shaw e Ty Segall. Mas ainda assim, não deixa de estar aqui um bom álbum para os fãs de garage, aos quais recomendamos que o oiçam, e certamente, não sairão desapontados. 


Tiago Farinha

Loveland // Innovative Leisure // março de 2016
7.5/10



Um colega sugeriu-me ouvir este álbum, “Vais gostar” disse ele e após ter ouvido apenas 30 segundos da primeira faixa “Loveland”, que partilha o nome com o álbum, fiquei com vontade de o abraçar. Wall of Death é um excelente exemplo de uma banda de rock psicadélica moderna, apresenta um álbum repleto de paisagens dream pop, na pedaleira dos instrumentos de cordas de certeza que encontramos uns pedais reverb e outros tantos de flanger e além disso não podemos esquecer as óbvias homenagens aos ídolos dos anos 60/70. Loveland é um álbum com faixas fortíssimas, “Loveland” agarra o ouvinte pelos ombros e leva-o numa intensa viagem emocional, “Blow the Clouds” é um orgasmo que se situa a meio do álbum e “Memory Pt. 1 e Pt.2” finaliza o álbum da melhor maneira alcançando o clímax musical num êxtase psicadélico. Agora o principal problema deste álbum é que as restantes músicas não alcançam a grandeza épica que as atrás referidas, a consistência por isso sai algo furada.
Hugo Geada

The Big Cover-Up EP // Olsen Records // junho de 2016
8.5/10

Dois anos após It’s Album Time, o seu primeiro álbum de estúdio e um dos meus discos preferidos, o norueguês Terje Olsen (mais conhecido por Todd Terje) regressa aos discos, como Todd Terje & The Olsens, com o The Big Cover-Up. Este EP trata-se de uma coletânea de reinterpretações de clássicos da música de dança dos anos 70 e respectivos remixes por Dan Tyler, Daniel Maloso, Øyvind Morken e Prins Thomas.
Antes do disco vem a sua capa, a primeira impressão que temos do mesmo, a deste trabalho é das mais divertidas que encontrei este ano, com o estilo de desenho a que Terje nos tem habituado. Numa análise mais detalhada são visíveis vários traços que remetem para o cinema da década dos temas deste disco, por exemplo, as armas que fazem recordar Dirty Harry de Clint Eastwood e os ninjas que lembram Bruce Lee e Jackie Chan.
Mergulhando na excelente experiência que é The Big Cover-Up, o ouvinte, percebe imediatamente tratar-se de música de Terje devido à sua combinação única e tão própria entre nu-dance e hi-nrg. À semelhança do que foi feito, no disco de estreia, com “Johnny and Mary” (note-se que esta não é, originalmente, uma música de dança) todos os temas têm um ritmo e energia brutal, foram “modernizados”(apenas “Baby Do You Wanna Bump” de Boney M continua identificável temporalmente devido ao seu ritmo) e ainda mais dançáveis que originalmente. Mais uma vez Todd Terje mostra a sua criatividade e talento num EP que será ouvido, por muitos, até há exaustão. 


Francisco Lobo de Ávila


Todo // Burger Records // janeiro 2016

7.5/10

Os Pizza Time são uma banda de Denver liderada por David Castillo. Fizeram a sua estreia em 2013 com o EP Quiero Mas, um registo totalmente cantado em espanhol ao qual se seguiu  mais um EP, U Wanna Pizza Me?.
Todo surge como primeiro longa duração desta banda e pode ser dividido em duas partes: uma de canção exclusivas deste disco e uma segunda com as melhores malhas dos dois primeiros EPs. Este trabalho apresenta canções bastante rápidas e tem como principal tema o amor, sendo que a rapidez das canções demonstra, também, o sentimento de efemeridade que lhe é vulgarmente atribuído. O álbum começa com “Pizza Time” que, curiosamente é a faixa que mais se afasta do tema principal, acabando por nem ter um tema em especifico (ao contrario de todas as outras canções), funcionando, talvez, como uma introdução à banda, por repetir o seu nome vezes sem conta. “Yo No Fui” inicia, assim, o tema sério do álbum, o amor (“pensas que el amor es para jugar pero no és”), o que não impede que seja tratado de um modo bastante “leve” e “simples”.
Este disco é o resultado da junção de humor ligeiro e um fundo de seriedade, tudo, ao bom estilo garage. Não se trata de um dos melhores trabalhos do presente ano mas será um dos mais memoráveis, aliás, quem é que não gosta da hora da pizza?


Francisco Lobo de Ávila
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