Requiem // Subpop Records // setembro 2016
9.4/10
Estão bem sentados? Ouvidos preparados? Então muito bem, dispam os casacos porque apesar de serem suecos, os Goat pretendem levar-nos com mais um novo álbum a terras africanas. Requiem é então o quarto álbum de estúdio de Goat, desta vez um disco-duplo, visto que tem dois lados, tal como o White Album, dos Beatles.
Começa com “Djorolen/ Union of a Mind and Soul”, música que entra logo a rasgar com direito a uma breve introdução sonora ao que vai ser o álbum. Calmo, com o cantar dos pássaros a dar-nos um ambiente tranquilo, começamos a ouvir as vozes das duas vocalistas num coro muito bem alinhado. A nossa respiração acompanha e entramos num estado de espírito zen até que, passados um minuto e dezanove, rebenta tudo e entramos numa viagem, estamos nos Andes e somos perseguidos por uma voz, que entoa frases espirituais, sobre o poder, a corrupção. Há um acompanhamento constante das flautas e do baixo que desempenham papeis fundamentais.
Começa com “Djorolen/ Union of a Mind and Soul”, música que entra logo a rasgar com direito a uma breve introdução sonora ao que vai ser o álbum. Calmo, com o cantar dos pássaros a dar-nos um ambiente tranquilo, começamos a ouvir as vozes das duas vocalistas num coro muito bem alinhado. A nossa respiração acompanha e entramos num estado de espírito zen até que, passados um minuto e dezanove, rebenta tudo e entramos numa viagem, estamos nos Andes e somos perseguidos por uma voz, que entoa frases espirituais, sobre o poder, a corrupção. Há um acompanhamento constante das flautas e do baixo que desempenham papeis fundamentais.
Nesta faixa surge-nos o que vai ser o mantra que este álbum transmite. Na segunda parte, “Union of a Mind and Soul”, antes de um grande solo de guitarra, que mostra querer ser libertada, não ter rédeas e ser independente, ouve-se “Open Your Mind/See what you can find/ Open your mind”. Excelente malha introdutória já a dar-nos uma brisa quente do que vai ser até ao fim este álbum.
Segue-se então “I Sing In Silence”, pertencente ao conjunto de singles que a banda partilhou antes do álbum sair e que já anda a tocar em bastantes momentos. Continuamos num set de viagem, as malhas de Goat são como o nosso momento de meditação. Em concerto conseguem com que o ambiente seja uma festa, um bonito ritual. E esta “I Sing In Silence” consegue ser isso, o prolongamento da viagem mas em tons festivos.
“Temple Rythms” consegue pôr-nos com o coração um pouco mais exaltado graças ao papel da percussão, sempre on point, numa batida constante, e também das flautas que vão acompanhando. Com esta podemos dizer que entramos dentro do coração da selva e encontramo-nos à deriva, completamente perdidos de tudo e começamos a explorar.
O que podemos observar até aqui é que Goat continuam com a faceta instrumental muito presente, apresentando-nos até aqui uma faixa cantada e apenas uma de instrumental onde se vê muito jammin e mash-up de ideias variadas que surgem entre elementos, onde cada um consegue ser protagonista. “Alarms” é caso disso, guitarras a serem as estrelas desta faixa, percussão e vozes acompanham, um riff estrondoso já para o fim da música, a elevar os níveis para depois descermos à terra de maneira agressiva.
Na faixa “Trouble In The Streets” conseguem, de novo, fazer uma malha fresca quando estamos cheios de calor. A guitarra e o sintetizador levam-nos até ao mar num dia de verão quente onde nos podemos refrescar. A voz continua a desempenhar o seu papel, as vozes falam-nos de paz de espírito, innerpeace e deixam-nos relaxados. Fomos envolvidos numa onda, saboreamos o sal e voltámos a cima, onde o sol nos consegue queimar a pele. Surgem depois duas faixas totalmente instrumentais, jams cósmicas puras, “Psychedelic Lover” e “Goatband”. Conseguem ser músicas bem estruturadas em que a voz não precisa de entrar pois iria ser sugada pelos instrumentos.
Em seguida mais um dos singles partilhados, “Try My Robe”, música em que a guitarra tem um crescendo que a eleva a outro nível. Existe uma mensagem de festa nesta canção “Come sit down by my side, play the drums/Taste my food and drink my rum”. Esta frase vira tudo do avesso e agora estamos numa tribo a atravessar um rito de iniciação.
Nas cinco músicas seguintes é posto em prática algo em que Goat dominam: a vertente do krautrock, space rock e psych são testadas. Por outras palavras, apenas nos mostram que são a banda que domina um afro-psych-kraut-voodoo, peça principal e fundamental que os define. Dar importância a “Goodbye”, que consegue ser aquela faixa que podemos ouvir no momento de despedida, dando esse sentido através do seu ritmo. Consegue ser hipnotizante ao ponto de só ouvirmos distorção.
Destacar também a última “Ubuntu”, que consegue executar um mashup de todos os momentos vocais e manda-nos uma mensagem: “There is a space where you can go beyond your experiences and seek out what lights us”. Tem ainda um cheirinho do último álbum World Music.
Acaba assim a nossa viagem. Infelizmente sim, a nave aterrou, nem nos lembrávamos já de estar sentados. É um álbum coerente e que expressa bem o que os suecos Goat representam. O Ibrahimovic da música, uma besta musical que consegue dar-nos uma viagem agressiva porém mágica. Um álbum excelente, parabéns.
Open your mind.