The Dusk in US // Epitaph Records // novembro de 2017
8.0/10
Os veteranos do espectro mais brusco e pesado do metalcore Converge lançam o nono álbum pela Epitath, The Dusk in Us, cinco anos depois do senhor álbum que foi o All We Love We Leave Behind. Os fãs da banda podem muito bem estar descansados, pois a espera valeu a pena, como aliás, sempre vale a pena, visto que os Converge demonstram uma valente consistência em termos de qualidade, peso e fúria durante 27 anos passados a serem porta-estandartes de um movimento fora do comum – a que mais tarde se daria o nome de mathcore – dentro do heavy metal e do punk hardcore.
A sonoridade dos Converge é, em poucas palavras, visceral, intransigente, agressiva. Os vocais ásperos de Jacob Bannon, juntamente com o ataque sónico da guitarra de Kurt Ballou e do baixo de Nate Newton, e com a polirritmia da bateria de Ben Koller, formam um behemoth que não deixa ninguém indiferente e que tenta sempre – ou quase sempre – fazer algo de inovador pelo caminho, formando um following leal e sendo uma banda com um cunho bem vincado, que influenciou bastantes outras bandas do género de uma ou de outra forma ao longo de vários anos.
Quanto às faixas deste novo registo, pode-se dizer que passam a visão de emoção e de nervos à flor da pele que a banda tem tido. “A Single Tear” faz um bom trabalho em introduzir o ouvinte a mais uma investida de violência sonora pura e dura. “Under Duress” provavelmente é das faixas mais noisy dentro do disco, e isso só por si ajuda a causar mais impacto no ouvinte. “Arkhipov Calm” e “I Can Tell You About Pain” soam a uma batalha musical entre os membros da banda e deverão ser das faixas em que mais se nota a sua esquizofrenia rítmica. O tema-título é a faixa mais longa e também mais lenta. Também será provavelmente das mais marcantes no álbum, apelando a uma abordagem mais atmosférica e emocional, tal como a penúltima faixa “Thousands of Miles Between Us”. O resto do álbum é mais straightforward, com “Wildlife”, “Trigger”, “Broken by Light” e “Cannibals” a terem uma costela mais punk–hardcore em comparação com o resto; “Reptilian” fecha o álbum com chave de ouro.
Resumindo, o ouvinte pode então contar com um álbum com a qualidade habitual dos Converge. Enquanto que o factor de originalidade está um bocado pálido neste registo, tiveram ao menos o bom senso de não reparar o que não está partido, deixando como resultado um álbum coeso e sem espinhas. Os Converge continuam a ser verdadeiros a si próprios neste disco, ou seja, a serem raivosos, frenéticos e catárticos sem sacrificarem nada no seu som característico. E pessoalmente, não os queria de outra maneira.
Texto por: Rúben Leite