
Nas palavras de André Júlio Teixeira, “Camomila explora o potencial da simplicidade e elasticidade da guitarra e da voz, por vezes subtilmente modeladas com pedais de efeitos, mas sem se desfocar da qualidade acústica que o caracteriza, procurando uma versatilidade rica em elementos sonoros”, nas minhas, Camomila mostra com mestria e mérito a experiência profissional e formação em música que o artista de Vila do Conde possui. Camomila é vago mas é também claro e uma excelente edição para um início de carreira. Gravado nos Estúdios Pongo e com edição da MEMO, o disco apresenta cinco canções que induzem o ouvinte a diversas viagens interiores sobre os mais divergentes cenários, transcritos nos nomes que cunharam as canções. “Sweet Black River”, por exemplo, consegue teletransportar-nos para um cenário onde a água se torna um elemento de observação artística e a perceção de tempo e espaço se expandem sem limites e noções. Já “Printemps” apresenta uma aura essencialmente alegre, relembrando a altura do ano em que os dias aumentam substancialmente de tamanho.
Camomila é um exercício auditivo fortemente sentimental. Sentir é, neste curta-duração a palavra de ordem e, de Turquoise conduz-nos a mundos e histórias concretas que tão depressa estão distantes como no nosso íntimo. A riqueza rítmica e harmónica nestas cinco canções simples que pintam Camomila é infidável e descobrir este EP é pura magia. André Júlio Teixeira não poderia ter arranjado melhor argumento para se estrear a solo, num trabalho que apresenta lado muito pessoal, de descoberta, de erros e fragilidades, mas igualmente uma aprendizagem. Que seja o primeiro de muitos.