Músicas como “Boyfriend”, “Better Sit Down Boy” ou “Don’t You Know I’m In a Band” vão buscar a contagiante energia dance-punk dos LCD Soundsystem misturado com um sentido de humor “self-aware” de alguém que não se leva muito a sério. “Fascination” rouba um pouco de Primal Scream e “Out Of The Window” da onda de Madchester para encerrar o álbum com um passo de dança um pouco mais acelerado e suado.
A banda de Melbourne tem passagem marcada por Portugal na edição 2018 do Vodafone Paredes de Coura e prometem afogar a sua boa disposição e energia em estúdio com gasolina para mostrarem o porque de ser uma das melhores bandas ao vivo da nova geração.
Desde o início de Circuit des Yeux que Haley Fohr reclamou para o seu projeto o espaço da indefinição. É certo que a sua sonoridade se enquadra na folk, mas as suas explorações pelos domínios da art-pop e os ecos da sua voz (de tom ora intimista ora teatral na qual escutamos resquícios de Tim Buckley e Nico) fazem com que a sua obra ecoe muito além das óbvias influências que as inspiram. E no outono do ano passado, Haley Fohr lançou sob o pseudónimo Circuit des Yeux Reaching for Indigo, um álbum produzido em colaboração com o Cooper Crain dos Bitchin’ Bajas. O sucessor de In Plain Speech é marcado por dois acontecimentos: um processo transformativo que tomou dimensões físicas e psicológicas no dia 22 de janeiro de 2016 (Fohr revela mais sobre esta catarse numa entrevista ao Loud and Quiet); o projeto Jackie Lynn, um spin-off criativo de Haley Fohr que a mesma assume tratar-se de uma experiência e não de um reflexo da sua verdadeira identidade. Se Jackie Lynn ofereceu a Fohr uma margem confortável para poder maturar Reaching for Indigo, a catarse que esta sofreu em janeiro de 2016 ajudou-a a concentrar definitivamente todas as suas forças no projeto Circuit des Yeux (“Brainshift”, o primeiro tema do álbum, descreve uma vaga que se apodera de nós e que nos faz esquecer de quem somos e da nossa razão de ser). Graças a isto, Fohr é neste disco uma intérprete mais confiante e presente, com a sua voz a assumir (ainda) mais destaque. É certo que Fohr será sempre a alma do projeto Circuit des Yeux, mas em Reaching for Indigo, ouso dizer que alcançou um novo patamar: o de musa inspiradora.
A variedade presente ao longo do álbum torna-o mais dinâmico e interessante, apesar de algumas das suas melhores faixas estarem entre as menos inovadoras. Músicas como “More of the Same” e “Soul No. 5” não são mais do que indie rock catchy e dançável bem executado, mas isso é o suficiente para merecerem ser ouvidas, até porque a personalidade e energia de Caroline trazem algo próprio às suas músicas, tal como a sua voz.
LONER é um álbum curto, divertido e sarcástico, com refrões que ficam na cabeça e podem ser uma agradável banda sonora para uma tarde de sol.
Em Vox Low o quarteto francês repesca alguns dos temas já editados em trabalhos anteriores acrescentando-lhes nova roupagem e apresenta ainda temas novos, como é o caso de “We Can’t Be Blamed” onde somos convidados a entrar num ambiente musical acolhedor, resultado da conjugação dos sons sintetizados com a voz taciturna Benoit Raymond. Mas este Vox Low é feito é de eletrónica dançável, minimalista e de mensagem forte. Temas como o enorme “You Are a Slave”, “Rejuvenation” ou o single de avanço “Now We’re Ready To Spend” – chegado depois das celebrações de ano novo e apresentado num vídeo de crítica à sociedade do consumo – funcionam uma amostra de que os Vox Low além do entretenimento proporcionado como banda, se preocupam com as questões que avassalam o mundo na atualidade, como pessoas. Vox Low pode até nem ser uma das grandes edições do ano mas que é um disco bom e de mensagem subliminar, isso é.
Após se reunirem em 2009 e quase vinte anos após o lançamento de Dopesmoker, os Sleep, titãs do chamado stoner metal, editaram finalmente um novo disco. No miolo das suas longas composições continua a estar a destilação do melhor que os Black Sabbath deram à música através dos vocais e relampejante baixo de Al Cisneros, que são brilhantemente acompanhados pelos maciços riffs de Matt Pike que, ainda que repetitivos e tecnicamente simples, são eficazes na construção do ambiente hipnótico de cada tema.
Jason Roeder, membro dos Neurosis, encaixa perfeitamente no grupo e é um apto substituto de Chris Hakius na bateria. Após o lançamento do tema “The Clarity” em 2014, os fãs da banda poderiam esperar que esta se viesse a aproximar mais do estilo dos Om (projeto do membro Al Cisneros), mas esta influência apenas se sente significativamente na contemplativa “Giza Butler” (clara homenagem ao baixista dos Black Sabbath). “Sonic Titan” e “Antarcticans Thawed” refletem o facto de terem sido escritas durante as sessões de Dopesmoker, ao passo que “Marijuanaut’s Theme” e “The Botanist” se aproximam mais da sonoridade de Holy Mountain.
Ainda que não surpreenda, The Sciences demonstra que os Sleep continuam exímios na arte de criar um produto simultaneamente pesado e relaxante.