Only Love // No Rest Until Ruin // abril de 2018
8.6/10
Naturais de Detroit, no Michigan, os The Armed acabam de lançar o seu novo álbum de originais, de seu nome Only Love. Apesar de passarem despercebidos em relação a nomes com mais pedalada e popularidade dentro da categoria de nomes veteranos que cruzam o punk hardcore com o metal extremo como os Converge ou os Dillinger Escape Plan, não se deixem enganar, pois os The Armed têm tanta raiva acumulada e tanto apreço pelas guitarradas dissonantes e agressivas, além de disritmias frenéticas, como essas bandas. Outras coisas que a banda revela desde cedo são a tendência para fazer uso intenso de sintetizadores, que dão uma dimensão mais electro ao mathcore da banda e, no caso deste álbum, a viragem para uma abordagem musical mais acessível.
“Witness” é a faixa que arranca o alinhamento do álbum e desde logo demonstra a energia agressiva e alucinante, o que será um motif constante – se bem que lowkey em certos pontos – pelo álbum, continuando na faixa a seguir, “Role Models”. “Nowhere to be Found” revela uma natureza mais baseada ao redor de variação de dinâmicas, entrando em ebulição aos poucos e chegando ao clímax no fim, enquanto que “Apperception” (a faixa mais curta no álbum) e “Parody Warning” vão direto ao assunto e são simplesmente fúria embutida em formato sonoro. “Fortune’s Daughter” tem tanto de highlight claro como de anomalia, com o seu início groovy, com passagens arrasadoras e um refrão que podia pertencer a uma faixa duns METZ, por exemplo.
Ainda nessa linha, “Luxury Themes” e “Middle Homes” são outras faixas com uma surpreendente sensibilidade mais próxima do indie rock, mas que apesar disso, não se coíbe de experimentar com doses industriais de noise. “Heavily Lined” é ainda outra faixa que apela mais à costela punk, tal como “Ultraglass” que é provavelmente o tema que mais se aproxima do equilíbrio entre pujança e emoção que o post-hardcore melódico moderno tem para oferecer. Por fim, “On Jupiter”, a última faixa, é também a mais longa e a que mais se excede com o experimentalismo, fundindo a electricidade do punk com beat machines, sintetizadores, tudo o que vier à calha para criar algo completamente caótico.
Considerando o espólio anterior dos The Armed, é seguro dizer mais uma vez que este é um registo mais acessível. Mas apesar disso, esta mudança de rota foi seguramente um tiro certeiro, pois Only Love é um álbum que prova que tornar a sonoridade mais acessível não quer propriamente implicar perder a garra, e que se bem feito, pode acabar por levar a resultados surpreendentemente impressionantes. Além disso, a expectativa de que algo estrondoso está para ocorrer nos nossos tímpanos está bem intacto, e é por isso que Only Love pode muito bem ser um forte pretendente em listas de álbuns do ano.