Melody’s Echo Chamber
Bon Voyage

| Junho 24, 2018 5:41 pm
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Bon Voyage // Domino Recordings // junho de 2018
8.3/10

Com um charme cândido e único, a cantora Melody Prochet lança o seu novo álbum enquanto Melody’s Echo Chamber, simplesmente intitulado Bon Voyage. Praticamente seis anos se passaram após o estrondoso álbum homónimo e, após ter lançado um par de singles de forma a anunciar o seu novo registo, a artista foi alvo de um acidente que a fez atrasar as gravações do mesmo e cancelar a tour. Uma vez recuperada, Bon Voyage foi então acabado e lançado em todo o seu esplendor delicodoce e peculiar.


Neste novo capítulo, a artista vai mais além com a sua abordagem à psicadélia, estipulada no primeiro álbum, avolumando-a com mais experimentações espalhadas ao redor de um total de apenas sete faixas que compõem Bon Voyage, e claro está com a voz angelical de Melody sempre presente. O alinhamento começa forte com “Cross My Heart”, composto de uma atmosfera mais pastoral que não se coíbe de intercalar com breakbeats a meio da faixa. Por mais estranho que pareça, resulta bem ao ponto de se tornar numa das faixas mais fortes do álbum, além de servir como sinal de que apenas estamos a arranhar a superfície deste disco. A seguir vem “Breathe In, Breathe Out”, com uma leve influência no início, que cedo dá lugar a uma musicalidade mais arrebitada, completa com assobiozinhos e coros, sendo uma das faixas mais acessíveis no álbum.






Depois segue “Desert Horse”, uma faixa que tem os seus momentos, com leves inspirações do R&B moderno, cortesia do uso alternado entre mais batidas eletrónicas e autotune a meio da psicadélia. “Var Har Du Hart?” é uma cantiga folky engraçada que demonstra o domínio da cantora no que toca à língua sueca, mas no geral, acaba por ter o mesmo impacto de um mero interlúdio. A seguir seguem duas das faixas mais fortes do álbum inteiro, “Quand Les Larmes D’un Ange Font Danser La Neige” e “Visions of Someone Special, On a Wall of Reflections”. Ambas as faixas revelam-se bastante coesas e estimulantes, com a sua incrível natureza electro-kraut reminiscente de bandas como Stereolab, que mais fazem por revelar a musicalidade ambiciosa do projeto neste registo. A última faixa “Shirim” tem uma leve brisa do Médio Oriente, e é um tema moderadamente eficaz para encerrar o alinhamento.

Concluindo, pode-se dizer que Melody’s Echo Chamber passou o teste do difícil segundo álbum, com o encanto caleidoscópico extravagante e apologista do amor e da vida, a que o registo homónimo nos tinha habituado previamente, intacta. Apesar de alguns dos floreios sonoros tomados a cabo neste álbum poderem chegar a ser encarados como tiros no escuro (ou até mesmo pretensiosismo pegado), Bon Voyage pode também ser encarado como uma aventura que se desenvolve a cada audição. Mas uma coisa é certa: a substancial evolução de Melody Prochet enquanto cantora e songwriter é de louvar no geral, e deixará certamente os fãs na perspetiva acerca do que poderá vir a seguir em termos de futuro do seu brainchild.

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