Kill Shelter
Damage

| Julho 29, 2019 11:19 am

Damage | Manic Depression Records | junho de 2019
8.5/10

Kill Shelter, o projeto a solo do multi-instrumentista, produtor e remixer Pete Burns, estreou-se em novembro do ano passado nas edições de estúdio com Damage, disco que rapidamente se tornou num sucesso de vendas e contribui para que o formato físico (CD) esgotasse na casa da Unknown Pleasure Records. Neste cenário de sucesso a também francesa Manic Depression Records verificou que um disco deste calibre merecia uma edição no formato vinil e assim o fez acontecer em junho passado com a reedição de Damage, disco que tornou Pete Burns num novo fenómeno no panorama underground à escala mundial. Vamos então perceber porquê. 

O projeto Kill Shelter não vivia completamente na sombra do underground antes da edição de Damage. O seu mentor começou por construir o caminho no panorama com as remisturas que fez para os temas “Cavemen” dos Silent Runners, em dezembro de 2017 e “Into The Wild”, original dos Agent Side Grinderem fevereiro de 2018. A preparar, portanto, o público para um disco que contaria com a colaboração de inúmeros artistas de renome no novo cenário da música gótica. Estávamos assim então em outubro de 2018 quando nos chegava aos ouvidos “In Decay”, o primeiro tema de apresentação de Damage que contou com a colaboração dos artistas Delphine Come e Antipole e que viria a incendiar as playlists das melhores malhas do panorama da darkwave e coldwave no final do ano passado. Cerca de um mês depois chegava aos tops “Bodies” em colaboração com o australiano Buzz Kull, mais um tema a fazer Damage tonar-se cada vez mais um poderoso foco de atração. Se, por um lado, “In Decay” explora a perda e a inerente futilidade da noção de eternidade, num pano de fundo rico e fúnebre, “Bodies” explora o lado mais sombrio da natureza humana. 




A dois dias do lançamento e com um hype já incontrolável (uma vez que o disco já tinha sido disponibilizado para audição antecipada) surge mais um tema de avanço – “Get Down”, em colaboração com Shyness of Strangers – e, torna-se imperativo que Kill Shelter é um produtor que veio para assolar as pistas de dança mais alternativas mundo fora. Damage é editado pela primeira vez a 26 de novembro e em menos de três meses a edição física fica esgotada. Num disco que explora essencialmente tonalidades sombrias, ambientes obscuros e muita mestria na produção, masterização e construção final, Kill Shelter arrisca e constrói o seu próprio mundo com a colaboração de outros também engenhosos artistas contemporâneos. O resultado é um trabalho extremamente negro, mas com uma aura altamente contagiante e imersiva.

A 11 de junho, a Manic Depression agarra em toda esta história de sucesso e incorpora-a num bonito vinil branco com uma nova maquilhagem. Então, o que mudou na nova reedição de Damage? Primeiro o disco passa assim a ter apenas 10 canções e não as 11 que integram a versão em CD, com “False Hope” a desintegrar o alinhamento no formato vinil. Além disso o poderoso tema “Sever” em colaboração com New Haunts passa a ser a faixa nº5 ao invés da faixa nº9, o que faz com que os sucessivos singles ocupem um lugar a mais que originalmente com exceção da faixa “The Happening” que conta com a colaboração de Killjoi. A versão em vinil inclui ainda uma folha/poster com um pequeno texto de agradecimento e fotos dos artistas que colaboraram neste trabalho, sem incluir, contudo, as letras das músicas.



Damage é um disco que veio para incendiar as playlists dos mais arrojados e, acima de tudo, para perpetuar o nome Kill Shelter como um dos mais emergentes, interessantes e bem-sucedidos projetos da atualidade. Cada faixa aqui presente é especial e única na sua fórmula e conceção, mas todas partilham algo em comum: são altamente densas e poderosas. Para os que não sabem Pete Burns não é só Kill Shelter nem os trabalhos que desenvolve como músico, é também metade da equipa da página de Facebook Rule Of Three, cujo propósito serve para celebrar o que melhor se faz nos ramos do post-punk, coldwave, darkwave e música gótica. Pete Burns e o seu Kill Shelter é, portanto, um nome que veio para ficar e perpetuar o movimento da cultura underground por muitos e bons anos, esperemos. 





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