Bent Knee
You Know What They Mean

| Novembro 19, 2019 1:28 am
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You Know What They Mean | InsideOut Music | outubro de 2019 
8.4/10



A banda Bent Knee, originária de Boston, Massachusetts, é uma força da natureza que evita quaisquer restrições no que toca a criar sonoridades inusitadas. Criada faz este ano dez anos, a banda de art rock – o que quer que esta categorização signifique mesmo – não hesita em sofrer metamorfoses constantes na sua musicalidade, demonstrativa da ambição artística da banda e amalgamada numa fusão toda vanguardista de géneros como o rock progressivo, rock industrial, neo-psicadélia e até mesmo a pop mais efervescente que brota a olhos vistos em várias ocasiões na carreira da banda. Às texturas sonoras que a identidade sonora atrás referida proporciona à banda, junta-se a incrível e imaculada voz da cantora e teclista Courtney Swain que só contribui para uma dimensão mais imponente da banda no geral, que viu este ano ser editado o seu quinto álbum, You Know What They Mean, com treze faixas no seu todo. 

Após um breve trecho em formato live na forma “Lansing”, as coisas não demoram a ganhar tração sob a forma do single “Bone Rage, que se demonstra bastante assertivo, com o refrão com dinâmicas rítmicas bastante interessantes. A seguir vem “Give Us The Gold” que demonstra toda a sua pujança do início ao fim, e que vem com outro refrão potente com o violino a enfatizar a urgência do mesmo. “Hold Me In”, outro dos singles, é um bocado mais direto ao assunto, ao mesmo tempo destacando-se com algumas das passagens mais alucinantes e umas batidas psicadélicas de querer fazer bater o pé. Depois há o breve, mas marcante “Egg Replacer”, que transita entre partes mais calmas e mais abrutalhadas sem aviso prévio, o que lhe providencia uma dinâmica arrebatadora. Depois, vem “Cradle of Rocks” que vive e morre pelos riffs, sendo talvez a faixa que mais perto está de apresentar a faceta prog rock mais tradicionalista e, claro está, trazendo assim o seu charme próprio. 







“Lovell” é um interlúdio noisy que nos prepara para a próxima faixa, a arrebatadora “Lovemenot”, que com o seu instrumental incrivelmente denso – a roçar o doom metal – como que pinta um cenário bastante catastrófico e desolador. No entanto, para contrastar com este panorama sonoro desolador, a banda traz-nos “Bird Song”, que traz uma dimensão mais orquestrada e cândida, relativamente comparável com sonoridades mais próprias do post-rock/pop barroco. A seguir vem mais um dos singles, “Catch Light”, que apesar de demonstrar alguma agressão sonora, vem também com uma exuberância bem mais groovy do que se estava à espera. “Garbage Shark”, por sua vez, vem com um feeling meio claustrofóbico do início ao fim, começando mais calmamente, mas desenvolvendo-se gradual e lentamente para um final mais caótico e ruidoso. A reta final do álbum traz-nos “Golden Hour”, que começa de forma mais psicadélica, mas com um trabalho rítmico que desbrava caminho para um som muito mais vivaço e grandioso a todos os níveis, dando depois a vez à última faixa “It Happens”, que se destaca por ser discutivelmente a faixa que segue por uma via mais experimental, com a sua vibe própria que tem tanto de jazzy como de intrigante, e que também encerra You Know What They Mean de forma estridente. 

No geral, os Bent Knee demonstram com este álbum ainda possuírem uma naturalidade invejável no que toca à arte de quebrar fronteiras entre géneros e fazer de forma sofisticada cruzamentos de sonoridades que não tinham direito a resultar mas que não só resultam, como nunca falham em providenciar uma miríade de experiências diferentes a cada audição. Posto isto, e apesar de não ser uma audição fácil nem por sombras, é seguro também dizer que You Know What They Mean cimenta os Bent Knee como uma das bandas mais interessantes do panorama da música progressiva/vanguardista feita hoje em dia, e certamente deixará quem ouve na expectativa de que provavelmente a experiência de ouvir a banda ao vivo vai ser (ainda) mais arrebatadora.


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