Vels Trio
Celestial Greens

| Novembro 12, 2021 6:43 pm

Celestial Greens | Rhythm Section International | outubro de 2021

Os ventos devem soprar a uma velocidade vertiginosa para os lados da fértil cena de Brighton que traz mais um talentoso jovem grupo, os irrequietos Vels Trio. Juntos desde 2014, o teclista Jack Stephenson-Oliver, o baixista Cameron Dawson e o baterista Dougal Taylor começaram a desenhar um trajeto auspicioso ao colaborar com o respeitado saxofonista Shabaka Hutchings no primeiro EP “Yellow Ochre”, lançado pela londrina Total Refreshment Records em 2017. 

Ao mudarem-se para a capital são irremediavelmente associados à cena jazz de Londres, visto que participam noutros projetos e costumam partilhar os palcos com nomes conhecidos como Poppy Ajudha, Emma Jean-Thackray e Puma Blue

As comparações com os BadBadNotGood não são totalmente descabidas, o que recentemente até originou uma reinterpretação de “Beside April”, um dos singles presentes no último álbum dos canadianos.

Mais tarde a banda integra o catálogo da editora Rhythm Section International de Bradley Zero com uma reedição física do anterior EP, e agora em estreia absoluta apresentam o álbum “Celestial Greens”. 

A grande parte das gravações aconteceram no estúdio pessoal da icónica Kate Bush, uma vez que o grupo é amigo próximo do sobrinho Raven Bush, que porventura é engenheiro de som, tendo também a sua preciosa ajuda na produção do disco. 

A estética sci-fi exteriorizada pelos sintetizadores instala-se progressivamente em “Dormant Daze”, ao desbravar caminho para um sólido deep-funk com contornos espaciais e predominantemente eletrónicos em “The Wad”, ao antecipar uma explosão energética que estará prestes a rebentar. 

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Os constantes brokenbeats e a insana improvisação acelerada de “McEnroe” fazem jus ao nome do campeão de ténis e temperamental John McEnroe, sendo quase como uma mágica troca de bolas ao longo de 7 minutos, só ao alcance dos predestinados. 

Depois da tempestade vem a bonança, eclodindo de rompante um tímido arco-íris com o single “May As Well Be” que transmite uma sensação de nostalgia latente à espreita para surgir por detrás de uma nuvem sonhadora. 

As vibrações retro dos sintetizadores com ligeiro toque a vaporwave regressam em força com “Pop Stuff”, enquanto que o Olimpo de “Quick Zeus” é comandada por um ritmo intenso do baixo que prepara a pista de dança para uma derradeira dose de jazz-funk.

Os vários interlúdios escutados durante o álbum espelham bem o ambiente criativo e da química partilhada entre todos, havendo sempre tempo para um experimentalismo diferente, contudo muito especial. 

As emoções cruas de “The Winter Games” são tiradas a papel químico daquilo que caracteriza a essência e a naturalidade do saber-estar em palco deste trio, que resulta nesta orgânica barulhenta e musculada. 

O mundo de “Celestial Greens” é uma palete inteira de cores que podia muito bem ser representada por um court de ténis a transpirar a adrenalina e o suor da música dos Vels Trio.

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