Ryuichi Sakamoto, que travava uma longa batalha contra o cancro, morre aos 71 anos

| Abril 2, 2023 4:30 pm

Ryuichi Sakamoto, pioneiro da música eletrónica e autor de inúmeras bandas-sonoras para cinema, morreu esta terça-feira aos 71 anos, vítima de um cancro no cólon em fase terminal. Em dezembro, transmitiu aquela que foi a sua última performance ao vivo.

Editou mais de uma centena de lançamentos, entre colaborações, bandas-sonoras ou discos enquanto teclista da Yellow Magic Orchestra, que formou em 1977 com Haruomi Hosono e o recentemente desaparecido Yukihiro Takahashi (o autor de “Drip Dry Eyes” faleceu no último mês de janeiro). A sua primeira empreitada a solo, intitulada Thousand Knifes of Ryuichi Sakamoto, chegaria em 1978.

Nascido a 17 de janeiro de 1952, meses antes antes da retirada das tropas americanas do Japão, foi na música do ocidente – dos Beatles, dos Stones, mas também de Coltrane e dos alemães Kraftwerk – que encontrou a sua primeira paixão. “Tinha a música pop de um lado e Bach e Haydn do outro”, dizia. “Depois, quando tinha 13 anos, Debussy entrou no meu ouvido”. 

Aos 18 anos, entrou na Universidade de Artes de Tóquio, onde estudou Composição Musical e Etnomusicologia. Foi aí que teve acesso aos primeiros sintetizadores, essenciais no som futurista da sua Yellow Magic Orchestra. Considerado o primeiro grupo de synthpop, pioneiros do techno, das músicas de dança e do hip hop, atingiram sucesso mundial, em particular nos Estados Unidos, para onde o compositor se mudaria na década de 90.

Já nessa altura, o autor de “Merry Christmas Mr. Lawrence”, faixa-titular do filme com o mesmo nome, havia colaborado com algumas das figuras mais fundamentais da produção contemporânea, de Brian Eno a David Sylvian, Bowie, David Byrne, Arto Lindsay e Laurie Anderson. Em 1988, venceu o Óscar de melhor banda-sonora original com o filme “O Último Imperador”, dando início a uma longa e aclamada parceria com o realizador Bernardo Bertolucci. 

O seu último álbum, 12, saiu em janeiro pela editora Milan. A propósito de “20220123”, uma das suas canções, Luís Sobrado escrevia na crítica à obra definitiva do mestre japonês:

“É música que só poderá vir da tranquilidade de alguém que fez as pazes com a sua própria mortalidade. A única coisa que lhe devemos é celebrar Sakamoto ainda em vida.”

 

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