As estreias de Milan W. e Seefeel em Lisboa, o regresso de Elias Rønnenfelt e concertos fora de portas de MIKE, Panda Bear, Tarta Relena e The Necks (na foto) são alguns dos destaques da Galeria Zé dos Bois (ZDB) para o primeiro semestre de 2025. No verão, a artéria situada no 59 da Rua da Barroca, no Bairro Alto, leva William Basinski à Reitoria da Universidade NOVA.
O programa regular de música inaugura a 9 de janeiro com um espetáculo de Kokota Mabaya Duo, resultante de uma parceria entre a violinista Maria do Mar e o percussionista César Burago (primeira parte de Maria Radich). A programação prossegue no dia seguinte com um alinhamento que junta Agressive Girls, 7777 の天使, Bleach Mane & Mizu, warupmaria e um DJ set de Um6ra, antes do belga Milan W. se estrear em Portugal com um concerto de apresentação do seu mais recente álbum, Leave Another Day, considerado o melhor de 2024 para a Boomkat (15 de janeiro). Quem também figura nessa prestigiada lista são os britânicos Jabu, com o disco A Soft and Gatherable Star, que irão apresentar em Lisboa no dia 25 de janeiro.
Pelo meio há encontros em palco entre Will Guthrie e Koshiro Hino (16 de janeiro) e Margarida Garcia e Manuel Mota (17 de janeiro, em apresentação do álbum Domestic Scenes), bem como apresentações de Gushes, Roadkill e Maripool (24 de janeiro). O colombiano Julián Mayorga, o português Tiago Sousa (a apresentar Organic Music Tapes IV) e o polímata britânico Shackleton encerram o roteiro desenhado pela ZDB para o primeiro mês do ano, dias 29, 30 e 31 de janeiro, respetivamente.
Do mês mais curto do ano sabe-se pouco ainda: a 15 de fevereiro, a pista abre-se ao som do jungle de altas rotações de Tim Reaper, uma das mais recentes adições ao catálogo da Hyperdub. A 19, Elias Elias Bender Rønnenfelt (Iceage, Marching Church) traz consigo os temas de Heavy Glory, a estreia do dinamarquês a solo. Depois, a 27, Will Samson regressa ao local que o acolheu pela última vez em 2023.
Mais preenchido está o mês de março, que tem nos Merope, formação liderada pelo lituano Indrė Jurgelevičiūtė, um dos destaques do mês. Vėjula, álbum editado em novembro pela Stroom, é o mote para uma digressão com paragens também em Aveiro ( 7 de março, Gretua) e no Porto (8 de março, Passos Manuel).
Da cordilheira de momentos altos reservados para o mês de março destaca-se também a estreia em Lisboa dos britânicos Moin (cruzamento que junta a bateria pródiga de Valentina Magaletti à eletrónica expansiva da dupla Raime) e dos norte-americanos Kassie Krut, trio que junta dois membros dos Palm (extintos desde 2023) e um dos Mothers (também eles extintos). A sessão dupla acontece a 27 de março, antes de os londrinos Seefeel, vultos da eletrónica cerebral dos 90, que cruzaram com propriedade com as formas do dub e do shoegaze, regressarem a Portugal depois de uma pouco enunciada passagem pelo festival Waking Life (concerto na ZDB a 29 de março). Consigo trazem um par de EP editados em 2024, após um interregno de mais de 10 anos.
Abril abre em grande ao som lento e pesado dos Big | Brave, também eles de regresso à ZDB (6 de abril). Depois de lá se terem apresentado com Nature Morte, em 2023, o trio que junta os canadianos Robin Wattie, Mat Ball e Loel Campbell irá revisitar os temas do sucessor de A Chaos of Flowers, editado nos metros iniciais de 2024. Depois, a britânica Clarissa Connelly (que irá atuar também na edição de 2025 do Tremor) apresenta World of Work, um dos tesouros bem guardados de 2024 (9 de abril).
Até ao fim do mês, podem contar ainda com apresentações de Fire! (11 de abril), Anna B Savage (23 de abril) e Acid Mothers Temple (29 de abril), emblemática banda de rock psicadélico com dezenas de discos na bagagem. Oriundos das mesmas terras canadianas dos Sloan, Jale e Dog Days, mas com um pé assente na escola de baixa fidelidade dos Pavement, os Nap Eyes são, para já, o único nome garantido pela ZDB para o mês de maio (atuam no dia 30 desse mês).
Concertos fora de porta
Há muito que a ZDB nos tem abençoado com uma série de espetáculos realizados fora das quatro paredes do aquário, como é conhecida a sala de concertos do espaço. Este ano não vai ser excepção. O primeiro decorre a 21 de fevereiro na Igreja anglicana de St. George, local onde as catalãs Tarta Relena irão apresentar o seu mais recente álbum de originais, És Pregunta. Depois de ter pisado as tábuas do aquário no início de dezembro, Noah Lennox, isto é, Panda Bear, volta a Lisboa para mais um mais espetáculo na companhia de Tomé Silva e de Maria Reis, formação com quem irá apresentar, dia 20 de março no Cineteatro Capitólio, alguns dos temas que formam o seu novo álbum de estúdio, Sinister Grift, a editar já em fevereiro.
Cara conhecida do público português (atuou nas Noites de Verão, com Earl Sweatshirt entre a comitiva, em 2023, e mais recentemente no B.Leza), MIKE dá agora um salto até ao LAV – Lisboa ao Vivo, dia 28 de março. Em apresentação estará um novo trabalho, Showbiz!, anunciado para sair no fim de janeiro e que irá suceder o muito bem recebido Burning Desire, de 2023. Por fim, os australianos The Necks chegam à sala principal do Maria Matos à boleia de Bleed, álbum-manifesto que assinala o reencontro entre Chris Abrahams, Tony Buck e Lloyd Swanton ao piano, 35 anos depois de terem lançado o seu primeiro álbum. 19 de maio.
Já no verão, dia 28 de julho, o compositor William Basinski apresenta-se na Reitoria da Universidade NOVA de Lisboa a convite da ZDB. Antes, a 26, o autor de The Disintegration Loops atua na igreja de Santa Maria Madalena, na Falperra, no âmbito do programa Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura.