Panda Bear // Domino // Janeiro de 2015
5.9/10
Noah Lennox AKA Panda Bear AKA o baterista dos Animal Collective marca o seu regresso às edições neste ano de 2015, com o LP Panda Bear Meets the Grim Reaper.
Depois do Tomboy em 2011 e do EP Mr Noah editado o ano passado, o norte-americano radicado em Lisboa traz-nos mais uma saraivada de faixas onde a sua fórmula sonora — electrónica salpicada de psicadelismo e reverberação — continua a ser a sua assinatura.
Essencialmente, é nisto que o álbum assenta.
E, infelizmente, a crítica podia resumir-se a isto.
Podia falar-vos de como a rica lírica que acompanha as ondas rítmicas ajuda a compor um complexo corpo musical, mas essa não esta lá.
Podia falar-vos dos momentos de tensão ou das eventuais quebras na amplitude sonora ao longo do disco por forma a causar sobressalto no ouvinte e/ou a introdução de momentos ao longo do mesmo, pensados para não fartar a audiência e dar aquela sensação de “estar sempre a ouvir a mesma coisa”, mas tal não se verifica — culpa da repetição de algumas partes da lírica e dos “deixa andar” durante vários minutos com o mesmo jogo de samples e arranjo rítmico análogo.
Há casos em que um disco precisa de ser ouvido do início ao fim por forma a conseguir fazer uma leitura do mesmo. Neste Panda Bear Meets the Grim Reaper o nível de complexidade não é suficientemente profundo para decompormos a obra e fazer múltiplas interpretações. No entanto, há algumas boas faixas pelo meio deste PBVMGR.
Mas, para mim, o maior problema deste álbum é a sensação de que falta qualquer coisa.
Poderia ser uma lírica mais rica, uma camada de som melhor trabalhada que nos permitisse construir a nossa própria narrativa ou então uma organização rítmica um pouco mais dinâmica ao longo de todas as faixas (tudo me soa ao mesmo, e digo isto no mau sentido). Poderia ser algo disto que eu enunciei anteriormente, poderia ser outra coisa, mas assim como está, o disco deixa-me uma sensação de vazio e, depois de algumas audições, aborrecido, porque a sensação que perdura é a de estarmos sempre a ouvir a mesma música.
Contudo, este Panda Bear Meets the Grim Reaper reserva algumas faixas que eu aprecio bastante — a par da “Mr Noah” já lançada o ano passado no EP homónimo, o meu destaque vai para a Tropic Of Cancer, uma espécie de homenagem aos Beach Boys.
E este PBVMGR não deixa de ser um bom esforço por parte de um reputado produtor que não compromete o trabalho anterior.
Mas salvo raras excepções, o génio de Lennox não fica tão evidenciado neste trabalho como em empreitadas anteriores. Em suma:
Dentro do género, há melhor.