Keep Razors Sharp em entrevista: “Seguramente até ao final do ano haverá qualquer coisa nova”

Keep Razors Sharp em entrevista: “Seguramente até ao final do ano haverá qualquer coisa nova”

| Abril 16, 2015 9:37 pm

Keep Razors Sharp em entrevista: “Seguramente até ao final do ano haverá qualquer coisa nova”

| Abril 16, 2015 9:37 pm

Na passada sexta-feira, antes de darem um dos melhores concertos da primeira edição do Lisbon Psych Fest, os Keep Razors Sharp estiveram à conversa com a Threshold. Afonso (guitarrista), Bráulio (baixista) e Carlos BB (baterista) estiveram connosco à porta de um restaurante no Bairro Alto, enquanto pessoas passavam e portas se abriam e fechavam. 
Este foi o resultado:

Threshold Magazine: Vocês todos vêm de projectos diferentes,
acham que essas influências se juntam todas em Keep Razors Sharp, ou é um som
diferente?
Afonso: Acho que
é um som completamente diferente. Juntam-se as influências que nós tínhamos
individualmente como músicos e como pessoas que ouvem música. Não acho que seja
uma junção daquilo que nós fizemos, eventualmente, no passado… acho que não tem
nada a ver, é uma coisa nova para todos nós.
Carlos: Aliás, a
ideia de fazermos isto era mesmo fazermos coisas que não andávamos a fazer,
porque às vezes para estar a fazer a mesma coisa mais vale estar quieto.

TM: Como é o vosso processo criativo em
estúdio?
Afonso:
Normalmente é rápido e tentamos sempre que haja a maior intervenção possível de
toda a gente, o que não é uma das coisas que difere bastante dos projectos onde
estivemos envolvidos no passado, principalmente eu e o Rai (guitarrista dos Keep Razors Sharp). Tínhamos
normalmente um papel maior na composição, fazíamos grande parte das canções,
aqui nós tentamos sempre que as coisas sejam feitas na sala de ensaio e que
toda a gente ajude.

TM: Há pouco mais de um ano vocês só tinham
uma música na internet e uns quantos gostos na vossa página do Facebook, agora
têm um álbum em quase todas as lojas e as vossas músicas passam regularmente na
rádio, como é que foi esta mudança para vocês?
(Risos)
Afonso: Nós não
sentimos nenhuma mudança, acho que a única mudança que nós sentimos é que
estamos a tocar com mais regularidade, temos mais exposição. Para nós não mudou
absolutamente nada, não vai mudar nunca, também já tivemos essa 
experiência no
passado, portanto não é uma coisa exactamente nova.

TM: O que esperam do vosso regresso a Lisboa
hoje? Têm algumas surpresas?
Carlos: Eu por
mim tocar em Lisboa, tocar em Évora, tocar na China, tocar no Japão… epa, um
concerto para mim tem que ser um concerto… eu acho que tem de ser sempre
especial porque as pessoas estão sempre à espera de ti. Principalmente já não
tocamos em Lisboa, está bem que é a cidade onde vivemos todos, mas acho que não
é justo, porque é a tua cidade, teres um concerto especial. Acho que todas as
pessoas têm direito a qualquer coisa especial, é claro que um músico sente-se
um bocadinho diferente de ir tocar para uma pessoa ou tocar para mil, epa mas a
energia tem de ser sempre a mesma, porque se lá está uma pessoa e se essa
pessoa está com atenção ao teu concerto, pelo menos queres que essa pessoa
goste do teu concerto.
Afonso: Mas acho
que hoje vai ser bom porque também é um festival, é uma atmosfera diferente, é
sempre um relacionamento entre bandas diferentes, acho que vai ser sinceramente
muito bom.
Carlos: É bom
porque também tens contacto com o lançamento de outras bandas acabadas de
nascer. Epa, mas mesmo que não fossemos, se houvesse mais bandas portuguesas,
eu gosto daquela parte em que, muitas das vezes as pessoas que estão à frente
do palco não vêm, no backstage conheces pessoas e música. Essa parte também é
muita boa e muita gratificante, porque para além de sermos uma banda somos
pessoas que gostam de conhecer pessoas, e é sempre rico tocares num concerto
que tenha mais coisas a acontecer, e é o primeiro ano, não sei se vai ter
continuidade. E é bom terem-nos escolhido a nós, não só para fechar a noite,
mas para tocarmos no festival e para fazermos parte de uma coisa que está a
nascer e que espero que continue.

TM: Vocês têm algum ritual antes de entrar
em palco?
(Risos)
Afonso: Não,
nada de especial, tentar estarmos uns para os outros, às vezes há concertos em
que isso é mais difícil. Mas é sempre bom tentarmos passar um bom bocado de
tempo uns com os outros.
Carlos:
Geralmente uns 5/10 minutos antes de irmos para o palco gostamos de estar os
quatro juntos. Basicamente estamos nós ou alguém que trabalha connosco, mas
gostamos de nos enrolar um bocadinho e conversar um bocadinho e dar uma
relaxada e quebrar um bocadinho o gelo.
Bráulio: Dar um
abraço de conjunto.

TM: Onde é que vão tocar de seguida? Alguns
festivais? Algumas expectativas?
Afonso:
Sinceramente não sei as datas, mas acho que fazemos Portalegre e Évora. Há mais
um monte de datas anunciadas, coisa que podem ver no 
Facebook com
facilidade.
 



TM: Qual foi o vosso melhor concerto até
agora?

Carlos:
Perguntar isso a uma banda é muito complicado.
Afonso: Acho que
de certeza em quatro pessoas vais encontrar quatro opiniões diferentes. Vão
responder que o concerto que mais gostaram foi um concerto diferente. Às vezes
isso têm a ver com muitas coisas, têm a ver como te estavas a sentir naquele
dia ou como tu reagiste. Às vezes um concerto para mim pode ser incrível, mas
para eles pode não ser grande coisa.
Carlos: Acho que
o concerto do Super Bock foi bastante bom.
Bráulio: O do
Super Bock foi incrível mesmo.
Afonso: Eu acho
que no geral toda a gente gostou desse, mas sei lá, há vários concertos que
marcam, é um bocado pessoal. O primeiro que fizemos em Lisboa acho que vai
ficar marcado, apesar de estarmos um bocadinho nervosos, todos nós acho eu, mas
foi aquele concerto em que nós sentimos de facto que a banda ia arrancar e as
coisas iam acontecer.

TM: Qual foi esse
concerto?
Bráulio: O
primeiro do Musicbox.
Afonso: Porque
esse primeiro do Musicbox foi aquele em que nós assumimos, “ok somos uma
banda”. E foi uma noite muito especial para nós, uma noite que foi da curadoria
do Tigerman. Ainda não tínhamos disco e a casa estava cheia e foi aquele
momento em que tu sentes, “ok isto vai arrancar”.
Bráulio: Sei lá,
houve vários momentos.

TM: Sonham tocar em algum sítio?
Afonso: Eu acho
que de certeza, toda a gente tem sítios onde gostava de tocar. Eu acho que
neste momento nós temos alguns sonhos que podem ser concretizados no final
deste ano. Estamos aí com uma boa possibilidade de fazer uma série de concertos
fora de Portugal, em dois ou três países.

TM: Era uma das
coisas que também vos 
queríamos perguntar, se já pensaram em fazer uma tour
europeia no futuro.
Afonso: Nós
pensar, pensamos. As coisas nem sempre são tão fáceis como parecem. Já
estivemos em Espanha, foi a única vez que saímos de Portugal. Já temos aí uma
sessão agendada para Espanha outra vez durante este Verão, portanto vamos estar
outra vez em Espanha. E a ideia é no final do verão nós fazermos aí algumas
datas, em dois ou três países, isso está a ser alinhado. E eu gosto de pensar
em opções que sejam tangíveis.

TM: Já há planos
para um próximo álbum? Já têm mais músicas escritas?
Carlos:
planos para acontecerem coisas. E pode não parecer, mas nós basicamente quase
sempre que ensaiamos fazemos uma música. Sempre que nos ligamos ou o Bráulio
começa a fazer uma linha de baixo ou eu estou a tocar bateria e automaticamente
começam a surgir coisas novas e vamos gravando ideias no 
iPhone, mas ainda não
temos coisas para lançar já. Aliás, nós antes de acabarmos o disco, estávamos a
trabalhar nas músicas, e houve uma altura em que nós tivemos que implementar
uma regra que era “não vamos começar a fazer mais músicas e a tocar mais
coisas, vamo-nos focar só nestas, estas têm que ficar sólidas para gravarmos”.
Mas somos músicos, somos amigos, há uma grande química entre nós a tocar…
Afonso: Ainda no
outro dia fizemos uma ganda malha
Bráulio: Eu acho
que seguramente até ao final do ano haverá qualquer coisa nova. Se será um
disco, se será um EP… é difícil dizeres já o que é que vai ser. Mas penso que,
quase seguramente até ao fim do ano, haverá qualquer coisa nova.
TM: Para
terminar, o que é que vocês andam a ouvir?
Afonso: Hum, o
que é que eu ando a ouvir? Sei lá, ando sempre a ouvir tanta coisa diferente.
Eu agora, por acaso, tive aí uma fase em que estive colado no último disco do
Father John Misty, ouvi bastante. E o que é que tenho andado a ouvir mais… Em
termos de álbum… Não sei. Colei muito agora também no… Também oiço muita música
boa também sem ser em discos, colei-me que na última música do A$ap Rocky queé a única coisa que tenho ouvido para aí nas últimas 48 horas e a última coisa
em que eu colei agora.
Carlos: Eu oiço
desde hip hop a música electrónica, muita coisa. Mas não ando a ouvir discos.
Acredita que eu comprei muitos discos ultimamente mas infelizmente tenho o
leitor de vinis avariado, mas epa eu não tive nem tempo nem cabeça para
arranjar ou para comprar um leitor de vinis novo.
Afonso: Houve um
granda comeback também do Kurt Vile, porque o Guilherme, o nosso técnico de
frente, afina sempre o PA com música do último disco do Kurt Vile. E então,
para aí há umas três semanas, tive assim um regresso aquele disco. Andei também
para aí uma boa semana e meia a ouvir. Por acaso tive assim alguns comebacks do
Chet Faker também, comecei a ouvir muito o disco, não sei porquê. Alguém postou
uma música um dia destes e eu comecei a ouvir outra vez.
Bráulio: O que
eu tenho andado a ouvir muito outra vez é The Gun Club. Que é uma banda já dos
anos 80, não sei se vocês conhecem ou não…
Carlos: Se não
conhecem deviam conhecer, não é? (risos)
Bráulio: E
ultimamente, nas últimas semanas, também colei outra vez um bocadinho aí e não
tenho ouvido mais nada.


TM: Pronto é tudo, obrigado!

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