
“Fast Food”, single homónimo de abertura, traz uma guitarra tão típica, num riff minimalista, uma boa abertura para quem estiver a contactar pela primeira vez com o trabalho de Nadine Shah. Aliás este segundo trabalho de estúdio mostra que, mais que um álbum bem conseguido e abrangente, Fast Food é uma obra contemporânea e acessível, resultado de uma artista que além de si, pretende igualmente contemplar o público. Sobre as letras deste novo trabalho, Shah avançou (in Clash Magazine):
“Stealing Cars” foi assim o ponto de partida da britânica na apresentação deste novo trabalho, e é certamente o single que nos últimos meses tem despertado algumas críticas positivas por entre o público português mais jovem. A guitarra base desta faixa traz similaridades a trabalhos de Laura Gibson e uma voz, muito típica, e potencialmente inspiradora.
Este segundo disco é, no entanto, um álbum que não provoca uma curiosidade expandida, nas suas audições em loop. Há singles muito belos, mas de uma beleza que tem o carácter de ser apreciada uma só vez e num momento específico. “Nothing Else To Do” e “Divided” são dois bons exemplos. Apesar de bem produzidas, trazem uma atmosfera intrínseca que não está predisposta a ser ouvida em qualquer ocasião. No entanto há igualmente singles que merecem ser repetidos pelo excelente trabalho na guitarra, “Fool” é um excelente exemplo. Em “The Gin One”, por volta do primeiro minuto e vinte segundos, ouve-se um riff de guitarra a soar a Unknown Mortal Orchesta, um toque único e unicamente presente aqui. Em “Matador” a magia também se encontra no pormenor do xilofone, no entanto, são elementos inseridos de forma intensa mas extremamente curta sob uma voz massiva, e isso de certo ponto não funciona bem. Aliás um dos pontos em destaque do presente disco é a guitarra, e o resultado de um uso inteligente.
Fast Food é no geral um álbum ideal para se ouvir aquando de um final de dia de trabalho intenso, servido de chá quente. Apesar de cair bem, são possíveis as indigestões por aqueles que se perdem de amores pela guitarra inteligente de muitos singles, o problema é que a sobremesa nem sempre é boa e, apesar deste segundo trabalho de estúdio de Nadine Shah ser um álbum bem conseguido, acaba por se perder por entre outros tantos que vão saindo ao longo do ano. É guardar na playlist para épocas especiais.