Cinco Discos, Cinco Críticas #5

| Maio 31, 2015 10:30 pm
Kaleide Lumo Age // Pink Tank Records // Maio de 2015
7.1/10

Os Libido Fuzz são um trio de Bordéus, França, fundado em 2012 e no passado
mês de Abril actuaram na primeira edição do Sound Bay Fest. A 1 de Maio
editaram o seu primeiro álbum de estúdio Kaleide
Lumo Age
via Pink Tank Records, gravado em Portugal no Verão passado. O
álbum começa numa vertente mais inclinada para o blues rock com “Oblique
Strategies”, uma malha caracterizada pelos riffs recheados de fuzz, e “Raw
Animal”. Um dos grandes destaques vai para o tema de quase 9 minutos “Redemption
of the Bison”. A música começa com riffs lentos, mas a partir do sexto minuto o
ritmo acelera, a guitarra e a voz ganham uma energia frenética e as primeiras
influências do heavy psychedelic característico dos anos 70 fazem-se notar. A
última música “Haight Ashbury” está também em destaque devido ao seu carácter
mais lisérgico, a fazer lembrar o psicadelismo dos anos 60 mas com elementos de
stoner. No geral, Kaleide Lumo Age mostra-se
um trabalho coerente, misturando o psicadélico mais pesado com o blues rock. O
álbum foi gravado em analógico recorrendo a equipamento vintage, ajudando a
criar uma atmosfera mais setentista, o que poderá explicar o facto de não apresentar
nada de novo face à onde de psicadelismo dos últimos tempos.
Rui Gameiro



Chrissbaby Forever // Self-Released // Maio de 2015
7.8/10

Christopher Owens (ex Girls), lançou na última semana de Maio o seu terceiro álbum de estúdio, em formato surpresa, que se apresentava numa cover art com a assinatura de Hannah Hunt, a quem o álbum é dedicado. Depois de um segundo trabalho a apresentar-se como um rescaldo na carreira pouco aclamada a solo do artista, Chrissbaby Forever vem, não só resultar como uma surpresa, mas eventualmente apresentar o álbum mais bem conseguido de Owens até ao momento. Notam-se semelhanças a Mikal Cronin em “Another Loser Fuck Up” e “Selfish Feelings”, Deerhunter em “Coffee and Tea”, Devendra Banhart em “Heroine (Got Nothing On You)” e ainda um registo vocal semelhante a Alex Knost dos Tomorrows Tulips. Chrissbaby Forever é ainda, mais para o seu fim, uma ode na guitarra e um álbum essencial para se ouvir nos últimos dias da primavera.
Sónia Felizardo



The Tide EP // Self-Released // Maio de 2015
7.5/10

Após o lançamento do seu EP de estreia no início do ano, os Humanoid
(ex-Pitch) estão de volta com The Tide EP. Poucos meses passaram, mas dá para
perceber que a banda evoluiu e vai no bom caminho. O disco está repleto de bons
riffs e tem como um dos seus principais pontos positivos os momentos de maior
intensidade. Alguns destes são parte de “Are We There Yet?”, a melhor das cinco
músicas. Outra canção que se destaca é “Back To The Tide”, que mantém a
sonoridade rock típica da banda, mas incorpora alguns elementos mais típicos de
jazz.  O momento mais fraco é o instrumental
“Sinking Ship”, algo desinteressante e repetitivo. Os Humanoid têm potencial e
são uma banda a não perder de vista nos próximos tempos.


Rui Santos


  Sinking in Your Sea // Black Candy Records // Abril de 2015
6.0/10

Depois de uma mini-tour de 3 datas por Portugal, os italianos Go!Zilla voltaram às edições com Sinking in Your Sea, que saiu no mês de Abril pela editora italiana Black Candy. A banda de Luca Landi (guitarrista/vocalista) mostrou um garage rock/punk muito generalizado neste último álbum, que não aquece nem arrefece, onde “Pollution” e “Down in Your Thoughts” ainda conseguem sobressair com alguma energia. A banda de Firenze, que já partilhou palco com os grandes Thee Oh Sees, tem mais duas datas marcadas para regressar a Portugal em 2015, no Sabotage e no Milhões de Festa, para apresentar um álbum que não impressionou muito aos ouvintes.

Tiago Farinha

Spring Grove // Bam Balam // Agosto de 2014
7.8/10
Os Signs of the Silhouette são João Paulo Entrezede na percussão, Jorge Nuno nas cordas e Miguel Cravo que está encarregado do departamento videográfico do colectivo, nomeadamente a componente audiovisual que complementa os concertos ao vivo.
O LP Spring Grove é caracterizado por uma sonoridade que cruza o psych, o noise, o space e algum kraut. Tudo géneros interpretados pela dupla com uma copiosa porção de improvisação à mistura. Um pouco à imagem dos anteriores trabalhos Signs of the Silhouette, portanto.

Com uma duração de sensivelmente 80 minutos, Spring Grove introduz-nos mais uma vez no conturbado, complexo e até esquizofrénico universo dos Signs of the Silhouette: se por vezes o ritmo se quer lento, por outras a percussão soa frenética e a guitarra descontrolada. Outras vezes encontramo-nos numa espécie de meio termo, em que as frequências se mantém até que o som finde ou que os instrumentos expludam para nos transportarem de novo para paisagens mais hostis. Há uma óbvia deambulação entre vários géneros musicais na sonoridade dos Signs of the Silhouette. E este aspecto dificulta-me bastante a tarefa de tentar categorizar a sua música.
No entanto, essa tarefa não é, de todo, uma necessidade imperativa.
Imperativo é, sem dúvida, que vocês ouçam estes gajos.

Eduardo Silva
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