La Femme
Psycho Tropical Berlin

| Setembro 27, 2015 2:11 pm

Psycho Tropical Berlin // les disques pointus // abril de 2013
8.5/10

Lançado em Abril de 2013, Psycho Tropical Berlin não podia ser o nome mais adequado para o primeiro LP da banda francesa La Femme, que se estreia em território nacional a 30 de outubro, em mais uma edição do Jameson Urban Routes.

O primeiro tema, “Antitaxi”, cria de imediato o ambiente para este álbum. Somos assombrados por uma mistura de krautpop/rock eletrizante com a coldwave tipicamente francesa, e com a clara influência de surf pop/rock. Ao ouvirmos os primeiros temas, é-nos óbvio que os principais compositores, Marlon Magnée e Sacha Got não estavam propriamente preocupados em criar letras especialmente enigmáticas ou histórias complexas, mas sim em criar um som próprio que distinguisse o quinteto, o que é muito bem conseguido.

A singularidade do grupo é de facto inegável, e inigualável; a mistura americana dos anos 50, pop francês dos anos 60 e synthpop dos anos 80 é bizarra, mas sem dúvida cativante. O efervescente single “Sur La Planche 2013” é um excelente exemplo da junção destes géneros quase incompatíveis.

Ao longo do álbum, as semelhanças com Françoise Hardy, The Beach Boys, Kraftwerk, Velvet Underground ou Beach House vai-se tornando cada vez mais óbvia para o ouvinte, mas o ambiente meio creepy criado por sintetizadores e até um theremin, aliado às vozes quase infantis das várias femmes do grupo, torna Psycho Tropical Berlin, na falta de melhores palavras, uma viagem no espaço e no tempo.

Talvez dezasseis temas sejam um pouco excessivos, mas a leveza dos mesmos torna o álbum relativamente fácil de ouvir, quase apropriado para ouvir numa festa na costeira Biarritz, de onde La Femme são originais.

Mesmo que não nos dediquemos a traduzir as letras, o ritmo frenético das músicas, os hooks cativantes, as vozes das várias vocalistas, a simplicidade surf-pop e a singularidade de Psycho Tropical Berlin são mais do que suficientes para não deixar La Femme cair no esquecimento, e sem dúvida, para nos fazer voltar por mais.


Texto de Márcia Ramos
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