Bispo em entrevista

Bispo em entrevista

| Outubro 20, 2015 1:23 pm

Bispo em entrevista

| Outubro 20, 2015 1:23 pm



Após o concerto de Bispo na edição de 2015 do Indie Music Fest estivemos à conversa com Domingos Coimbra e Francisco Ferreira sobre este projecto.

Threshold Magazine – Vocês já vieram cá, o ano passado, como Capitão Fausto. O que acham do Indie Music Fest?

Domingos Coimbra(DC) – Eu acho fantástico. Quando tocámos cá, o ano passado, estava bastante gente, foi um dos concertos que me marcou, no verão, foi dos últimos até. Foi muito fixe. A cena de vir cá tocar com as nossas duas bandas, Bispo e Modernos, El Salvador não veio mas acho que também teria sido uma boa aposta. Vir cá tocar e saber que o festival está perto de estar esgotado foi bastante fixe e o concerto correu muito bem.

TM – Conseguem comparar o concerto de Capitão Fausto com o de Bispo hoje?

Francisco Ferreira (FF) – Não, não dá para comparar. São duas bandas que tocam música diferente, se tocamos música diferente a reacção, das pessoas, vai ser diferente.

DC – Por um lado Capitão Fausto é bastante mais conhecido. Quando uma banda é mais conhecida as pessoas costumam ter uma reacção mais imediata às músicas. No caso de Bispo só temos duas músicas gravadas por isso o concerto é um bocado uma incógnita, de certeza, que muita gente não sabia ao que vinha mas a ideia com que fiquei do concerto foi que conseguimos causar, de uma maneira geral, uma boa onda. A malta dançou sem conhecer as músicas e é um bocado disso que vive Bispo porque nós nunca gravamos um disco, até vamos gravar agora, e os concertos vivem muito dessa energia que se cria. Os concertos podem correr bem e outros dias podem correr mal, hoje foi um dos dias que correu bem mas Capitão Fausto acho que também correu bastante bem, aqui.


TM – Estavam à espera que o público aderisse da maneira que aderiu ou esperavam um concerto mais calmo?


FF – Não costuma ser calmo. Mesmo que estejam 20 pessoas não faz sentido o concerto ser calmo. Acho que nos divertimos e as pessoas se divertem mais se puxarmos pelo máximo delas. Ficamos surpreendidos este é o dia 0 do festival mas estava cheio e deu para dançar, só temos coisas boas a dizer. 


DC – Foi dos concertos que nos correu melhor e não tocávamos há algum tempo. O Francisco tocou bastante bem.


FF – O Domingos também.


DC – Eu deixei cair uma baqueta na primeira música.


TM – E o Salvador?


FF – O Salvador, epah, se não tocar bem é despedido. Por isso toca sempre bem.


DC – Salvador, estás despedido.


FF – Mas não está, ele tocou bem hoje.


DC – Só para assustar. (risos)


TM – Quando lançaram os singles Cancun e Timeless Neon usaram videojogos como uma espécie de complemento da música. As vossas outras músicas também têm uma ligação a um videojogo?


DC – Eu gostava que todas as musicas tivessem uma relação a um video jogo mas a cena dos jogos é um bocado minha e do Francisco que somos gamers de longa data. A minha primeira com o Francisco foi: ele estava a falar de Final Fantasy, para aí há quinze anos, e eu, no primeiro dia de aulas, vi que ele estava a falar de Final Fantasy e virei-me para ele “jogas Final Fantasy?” e ele disse “jogo” “eu também, olha sou o Domingos” “sou o Francisco” e ficamos amigos. Ou seja nós, em Bispo, sempre quisemos aquela ideia de musica de videojogo, ou seja, quando estás a jogar um jogo às vezes passas quatro horas na mesma parte e aquilo está sempre a repetir a mesma porcaria e é giro conseguir fazer músicas com essa fórmula, a ideia que tudo se repete e isso está também, de certa forma, ligado ao prog rock. Em relação aos dois singles, Cancun foi a primeira música que o Francisco e eu fizemos juntos. A versão que temos gravada é quase um ensaio que tivemos uma vez, começamos a tocar cada um a sua coisa, gravamos e gostámos daquilo que fizemos e quando fomos gravar outra vez ficou mais ou menos a mesma coisa. A primeira malha de Bispo foi a Cancun, foi um bocado de improviso e aquilo que improvisamos, na altura, foi o que ficou a canção. A Timeless Neon já foi com o Manel porque ele entrou um bocadinho de nada depois, tivemos uns dois ensaios antes de ele entrar. Já foi uma musica mais pensada do inicio ao fim toda em computador e é muito difícil de reproduzir ao vivo, já tentamos mas temos de treinar um bocadinho mais, tem muitos teclados. 

FF – A Timeless Neon ainda não tentamos ao vivo, apenas em ensaio.


DC – A ideia para a Timeless Neon era fazer tudo com sons 8-bit como era para o gameboy, aqueles soundbanks em 8-bit. Eu desafiei o Francisco a fazer um video em 3D e ele sacou um programa para fazer videos em 3D e agora domina o Unity.

TM – Foram vocês que fizeram os dois jogos?


DC – Eu fiz o primeiro ele fez o segundo. Eu fiz o Cancun com o RPG Maker 2000, um clássico. E o Ferreira fez com o unity.


TM – Estão a pensar lançar mais músicas brevemente?


DC – Estamos a trabalhar num disco mas agora com o disco de Capitão Fausto vai ficar um bocado mais em standby mas vai ser gravado, em principio para o ano também gostávamos de lançar o disco de Bispo.


TM – Quando lançarem esse disco vão acompanhá-lo com um videojogo?


FF – Eu gostava, a banda sonora ser o disco.


DC – Fazer um jogo inteiro com o disco todo. Era capaz de ser uma ideia gira mas aquilo dá mais trabalho que o que parece.


TM – Qual é a vossa banda sonora de videojogos preferida?


DC – Para mim é Final Fantasy VII do Nobue Uematsu. Ferreira, a tua é diferente.


FF – Pah, é um mix dificil porque eu gosto muito do Final Fantasy X porque em termos de composição é muito mais adulto tipo o VII tem grande som, o som 8-bit é muito bom, mas as malhas do X são tipo lindas, são mesmo tipo grandes músicas.


DC – Nós somos grandes, grandes, grandes fãs de Final Fantasy. O Manel não tanto, ele não acha graça nenhuma, não gosta, aliás. Diz que o sistema de batalha é uma seca.


FF – Não gosta do jogo mas gosta da música e, no nosso caso, é isso que interessa.


TM – Podem falar um bocado sobre o que têm preparado para o album?


DC – São algumas das músicas que temos tocado ao vivo. Queremos ter algum cuidado a fazer o disco porque a cena de fazer musica de dança é que tem de haver uma atenção extra às coisas, o disco de Bispo vai dar mais trabalho que qualquer outro porque é preciso ter imensa atenção aos pormenores e por isso vai ser um processo mais lento a ideia é ter um disco bastante bem produzido. 


FF – As músicas são muito diferentes e quando se ouve não fazem lembrar nada, no geral. Isso é o mais divertido nem sabemos muito bem o que vai soar, andamos à procura e a explorar ali o território da música electrónica mas que não faz lembrar grande coisa e isso é mesmo muito divertido.

TM – Que mais influencias, para além da repetição, têm da música dos videojogos?


FF – Nós temos secções em que ficamos a repetir a mesma coisa mas no fundo isto é tipo musica electrónica mas com verso, refrão, verso, refrão.


DC – Depois repete a mesma formula e acaba em fade out. Há uma ou outra um bocadinho diferentes mas a ideia é a da repetição, a música tem de viver de três ou quatro partes e vai-se repetindo, como num jogo. Mas há muita gente que não acha nada música parecido a música de jogo.


TM – Quando começaram Capitão Fausto pensaram que, em algum ponto da vossa carreira, iriam ter um projecto como Bispo? 


FF –  Não, nem uma banda nem outra. Surgiu naturalmente como uma necessidade, juntamo-nos para tocar e achamos que “bora gravar isto”, não foi nada premeditado.

TM – Onde acham que Bispo é melhor recebido?

DC – À noite, bem tarde. Quanto mais tarde melhor. E no Norte.


FF – Sim, mas no fundo depende da hora


TM – O que têm ouvido nas ultimas semanas?


DC – Eu tenho ouvido o novo disco do Kurt Vile, Allah-Las e, como sempre, Beach Boys, desta vez, um disco chamado Sunflowers não conhecia mas gosto muito e Juan Wauters. E tu, Ferrari?


FF – Tenho ouvido o novo dos FIDLAR

TM – É tudo. Obrigado!







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