
A origem do nome por trás dos Basset Hounds inclui também um pouco do que o quarteto lisboeta apresenta neste álbum, uma música de certo modo pachorrenta mas igualmente agressiva à semelhança dos cães desta raça que são bastante amigáveis apesar de serem cães de caça. E é essa conjugação que se manifesta no presente álbum. Logo em “Sound”, música de abertura, é possível denotar essa face: há um início muito à la DIIV que, no pico do seu desenvolvimento, acaba por sofrer uma quebra de compasso repentina mostrando uma aura musical completamente diferente. “Oscilations”, sem grandes mudanças rítmicas, vai igualmente de encontro ao encontro das harmonias iniciais de “Sound”.
Uma das grandes surpresas do álbum encontra-se em “Medley”. Completamente alocada dos restantes singles, quanto a um rótulo musical, é igualmente a canção mais curta do álbum e serve como excelente introdução a “Take Time”, single já conhecido nas atuações ao vivo. Com uma energia imparável ao longo de toda a música e com a aplicação base da sobreposição de loops é no entanto, no seu final, que os Basset Hounds apresentam um single que se quer ouvir mais, trazendo igualmente à memória o rock independente do início dos anos 00. “Bossa”, por sua vez, explora algum tropicalismo e rock espacial, géneros muito característicos da música nos últimos anos. O mesmo acontece, posteriormente, em “Arabica”, uma das grandes composições desta estreia. Apresentando-se como um single bastante equilibrado é numa abordagem mais psicadélica que os Basset Hounds apresentam uma das fórmulas base, que é aplicada por aí fora até “Desire”, single que encerra o álbum.
Basset Hounds apresenta uma estreia que satisfaz, mostrando uma banda confiante no seu trabalho e com muitos caminhos possíveis no futuro. Há uma aplicação eficiente das bases adquiridas de nomes relevantes na música – que resulta em canções bem feitas e interessantes – mas deixa no entanto margem uma margem para a falta de um elemento inovador. Os grandes detalhes de Basset Hounds denotam-se nos pequenos riffs, de potencial enorme, que se encontram escondidos pelos seus cerca de quarenta e três minutos de duração. Como produto final esta estreia afirma-se através de uma belíssima produção, com assinatura de Guilherme Gonçalves, e pelo facto de colocar o ouvinte em diferentes zonas de conforto. Um bom pontapé de entrada para a lista dos álbuns nacionais a ter em consideração este ano.