Foi em maio do ano
passado que dois grandes nomes do panorama musical português se juntaram para
gravar um álbum colaborativo. Estamos pois a falar de Rui Carvalho, exímio
guitarrista português que fez parte dos If Lucy Fell e I Had Plans,
dedicando-se mais tarde a solo sob o nome de Filho da Mãe, responsável pelos
tão aclamados Palácio (2011) e Cabeça (2013), e do incansável Ricardo Martins, um
dos melhores percussionistas portugueses, parte integrante de projetos como
Lobster, Cangarra, Papaya, NOZ2 e mais recentemente colaborador de
Jibóia em Masala.
lamentavelmente não está presente neste trabalho. Rui Carvalho trocou a guitarra clássica, tão presente em Filho da Mãe, pela guitarra eléctrica e com a ajuda de Ricardo Martins, criaram um álbum de atmosfera mais negra, densa e enérgica, que bebe de influências do post-rock progressivo e experimental
Tormenta é constituído por seis temas exclusivamente instrumentais, criados em sessões de improviso, segundo uma entrevista do duo à radio Radar. Há duas grandes malhas neste LP, “Estrela Acabada” e a surpreendente “A Tia Dela”. A primeira consegue explorar, em cerca de sete minutos de duração, um jogo calmo de guitarra e bateria que nos faz recordar uma versão mais post-rock dos Dead Combo. A segunda foge ao resto da sonoridade apresentada, assemelhando-se a uns Battles, tanto na percussão como na experimentação.
“Pessoal Beto Em Sítios Chungas” é a faixa do disco que mais se parece com o single “Tormenta”, pesada e densa, espelhando bem a sonoridade do álbum. A faixa final “Truta Salmonada”, que apresenta uma faceta mais virada para o math rock dos Shellac, funcionaria melhor como um interlúdio para o single “Tormenta”, o qual seria um ótimo complemento às restantes seis faixas, permitindo deste modo um final não tão abrupto.