Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – Dias 1 & 2
Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – Dias 1 & 2
Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – Dias 1 & 2
Antes do evento em si começar, o Vodafone Paredes de Coura subiu à vila, onde durante 4 dias ocorreram vários concertos grátis em diferentes palcos. Entretido a dar tudo de outras maneiras, perdi os concertos dos primeiros 2 dias deste aquecimento para o festival. No terceiro vi Time for T, uma banda que não conhecia mas que me agradou, tendo comunicado com o público e iniciado bem uma noite de festa. Pouco vi de Duquesa, mas fiquei surpreendido pela positiva com a sua cover de “Lust for Life”, um das minhas músicas preferidas dos Girls. A noite acabou com um set de DJ Bitch Boys, que animou muito os festivaleiros, tal como o DJ A Boy Named Sue fez no dia seguinte. Foi nesse ultimo dia de animação na vila em que tocaram os Imploding Stars, uma banda de pós-rock cuja sonoridade faz lembrar artistas como Explosions in the Sky. Enquanto estes últimos me desiludiram muito na última edição do NOS Primavera Sound, os Imploding Stars deram um concerto muito bom, no qual as camadas de som criadas pelas guitarras se faziam sentir intensamente. Podem não ser muito inovadores, mas sabem o que fazem e deram o que deve ter sido um dos meus 5 concertos preferidos da semana.
Dia 17 começou o festival. Ainda cheguei ao recinto a tempo de ver o fim da actuação do duo português Best Youth. “Hang Out” soou tão bem como sempre, mas as outras músicas que tive a oportunidade de ouvir não captaram o meu interesse. A sonoridade da banda está longe de ser única e a composição de várias das suas canções é apenas razoável, não chegando a boa voz de Catarina Salinas para elevá-las a outro patamar. Seguiu-se a estreia dos Minor Victories em Portugal. A banda de Rachel Goswell (Slowdive), Stuart Braithwaite (Mogwai) e Justin Lockey (Editors) deu o melhor espectáculo do dia. Tendo apenas um ou dois momento mais mortos ou desinteressantes, o concerto deste quarteto de shoegaze esteve repleto de boa música e vários pontos positivos, um deles o seu épico final, onde se ouviu “Out to Sea”.
Chegou depois a vez de voltarem a tocar em Portugal os Unknown Mortal Orchestra, naquele que foi o pior concerto a que assisti nesta edição do festival. A setlist com foco no mais recente álbum do grupo, Multi-Love, dificilmente permitiria este concerto chegar ao nível daquele a que assisti na Casa da Música, em 2013, mas nem foi essa a principal causa do desastre ocorrido nessa noite. Músicas deste e outros álbuns sofreram modificações que as tornaram piores e o som estava péssimo, com a voz abafada pelos instrumentos, nomeadamente a bateria, que tinha o som demasiado alto na mistura. Como se isso não bastasse, houve tempo para vários solos que não acrescentaram nada ao concerto, incluindo um solo de bateria, que pelo que parece não estava suficientemente destacada pelo seu volume alto, e um solo de teclado que muito mais facilmente se enquadraria num concerto de músicas de Natal. Apesar de ter sido uma experiência má, conseguiu proporcionar vários momentos de riso e, em retrospectiva, fico feliz por não a ter perdido. Cansado com um dia inicial que não cumpriu as expectativas, voltei para o acampamento antes de entrarem em palco os Orelha Negra.
O primeiro concerto a que assisti no dia 18 foi o dos Whitney. Talvez por ter terminado o dia anterior com UMO, talvez não, pareceu-me que o som estava especialmente bom. Os autores de “Golden Days” e “No Woman”, que incluem dois membros dos já inexistentes Smith Westerns, estiveram bastante bem e certamente não desiludiram os seus fãs. Os Sleaford Mods actuaram a seguir. Num palco quase vazio entraram Jason Williamson, vocalista, a gesticular e mexer-se de maneira característica, e Andrew Fearn, de copo na mão e sempre pronto para clicar numa tecla do seu portátil para iniciar os instrumentais das canções. Um concerto único com um impacto inicial enorme. Este factor de novidade foi-se perdendo ao longo da sua duração, com as músicas a tornarem-se, tirando uma ou outra, algo repetitivas. Mesmo assim conseguiu ser o segundo melhor do dia e um dos mais memoráveis do festival. Tocaram depois os Thee Oh Sees. Dois bateristas no centro do palco, John Dwyer num dos lados e o baixista no outro. Conquistaram o público desde o início e o mosh só parou no fim. Infelizmente, a confusão instalada e a enorme quantidade de pó no ar fizeram com que não conseguisse aproveitar o concerto da maneira que queria. Parece ter satisfeito a maior parte dos fãs da banda, mas seria provavelmente melhor ainda se tivesse acontecido no palco secundário. Como é claro, a culpa disto não foi da banda, competente como sempre.
O concerto seguinte foi o mais aguardado do festival, o regresso dos LCD Soundsdystem. Com o palco cheio de instrumentos, a banda de multi-instrumentistas liderada por James Murphy começou a festa com “Us v Them” e prosseguiu-a com músicas de todos os seus álbuns. “Tribulations”, “Someone Great” e “Losing My Edge” foram algumas das malhas que se ouviram num concerto excelente de uma ponta à outra. A banda tocou as músicas perfeitamente, o público dançou e cantou e o grande destaque do festival terminou com “All My Friends”, a melhor música da banda. Apesar do exagero de crowdsurfing ter sido um bocado incómodo, foi esse o melhor momento do concerto onde também se destacou a incrível “New York, I Love You but You’re Bringing Me Down”. O after party esteve a cargo dos Suuns. Nunca os tinha ouvido antes do concerto, mas fiquei bastante satisfeito com a sua mistura de rock com música electrónica, um bom fim para a minha segunda noite de festival.