Old Yellow Jack em entrevista:”Cut Corners fala sobre os jovens a deixarem de ser putos…e essas responsabilidades”
Old Yellow Jack em entrevista:”Cut Corners fala sobre os jovens a deixarem de ser putos…e essas responsabilidades”
Setembro 21, 2016 7:26 pm
| Old Yellow Jack em entrevista:”Cut Corners fala sobre os jovens a deixarem de ser putos…e essas responsabilidades”
Setembro 21, 2016 7:26 pm
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O quarteto lisboeta Old Yellow Jack editou na passada sexta-feira o seu álbum de estreia, Cut Corners, com o selo da Colado. Fomos até ao Jardim da Estrela conversar com o Filipe Collaço (baterista) e o Henrique Fonseca (guitarrista) sobre este novo trabalho, festivais e algum rap (mas pouco).
TM – Como é que surgiu o nome Old Yellow Jack?
Filipe – O Henrique estava a dizer para eu responder a esta pergunta por uma razão muito simples. Ele fica nervoso quando lhe fazem esta pergunta porque o nome veio de um sonho dele. Em que ele tinha um amigo chamado Jack, um gajo velho que era amarelo, mais asiático. E pronto o sonho era isto, e como nós não tínhamos um nome para a banda achamos uma ideia incrível.
TM – Era um sonho estranho.
Filipe – Era um sonho um bocado estranho, os sonhos são sempre um bocado estranhos.
TM – Como é que se definem musicalmente?
Filipe – Esta é mesmo para ti, guitarrista. (risos)
Henrique – No fundo fazemos rock ou indie pop. Este álbum está mais virado para o indie pop principalmente. Já tivemos um bocadinho de psicadélico, mas deixamos isso para o passado.
TM – Eu até tinha uma pergunta sobre isso. Eu já ouvi o vosso álbum várias vezes, gostei bastante. Mas nota-se à mesma algum psicadelismo, não o conseguem deixar totalmente, a meu ver.
Filipe – Pois, é a nossa cena. Certas partes estão mais formatadas para a canção pop, uma coisa mais ligeira e tal, menos rockalhada.
Henrique – E achámos algumas reminiscências ao antigo álbum, que é para não fazermos 10 passos de uma vez.
Filipe – Foi uma crítica que já me fizeram, que queríamos dar 10 passos à frente em vez de darmos um de cada vez.
TM – O que vos inspira a compor?
Henrique – O processo de composição é mais do Guilherme, mas juntos, quando trabalhamos numa ideia, acaba por ser só gostarmos de estar a compor. Não precisamos de mais inspiração do que isso.
Filipe – Pois, para este álbum se calhar andávamos a ouvir mais Fleet Foxes, cenas com grandes melodias. E também muito rap, queres falar sobre isso?
Henrique – Simplesmente gostamos e conhecemos, e isso pode influenciar o que uma pessoa quer escrever. Mas não tem nada que lembre rap.
Filipe – Mas o Guilherme diz que as letras até foram influenciadas.
TM – O que contam as vossas letras em Cut Corners?
Filipe – Ele (Henrique) tem uma letra no Cut Corners. Se quiseres saber pergunta ao Guilherme, o guitarrista principal, mas não está cá infelizmente.
Henrique – Do que sei da ideia geral do álbum, são letras um bocado introspectivas do Guilherme. Muito à volta sobre os jovens a deixarem de ser putos e começar a apanhar com as responsabilidades, uma por uma. E como cooperar com isso.
TM – Eu por acaso ontem reparei que eram para lançar o álbum em abril…
Filipe e Henrique – Tentámos.
Henrique – Foi um processo de composição moroso.
TM – Quais as vossas expectativas em relação a este novo trabalho?
Filipe – Epá não sei, continuar a mostrar isto a mais pessoas, ver se acham isto engraçado, tocar para mais gente.
TM – Vocês vão agora ao Porto não é? Ao D’Bandada?
Filipe – Sim e depois ao Musicbox.
TM – Mas pronto, D’Bandada é aquela festa, quase um festival. Sentem-se entusiasmados para tocar lá?
Filipe – Claro, ainda por cima o nosso palco é incrível, vamos tocar com Corona que, lá está, é rap. You Can’t Win Charlie Brown e Salto. É um palco fixe e estamos contentes.
TM – Há alguma banda que queiram ver?
Filipe e Henrique – FUGLY.
Henrique – Os Corona também.
TM – Para o concerto do Musicbox, têm alguma coisa preparada?
Filipe – Temos uma coisa preparada para o Musicbox e o D’Bandada. Pela primeira vez vamos tocar com um percussionista. Vamos ser cinco em palco, em vez de quatro, pela primeira vez. Deve ser engraçado, espero que as pessoas gostem.
TM – Há alguma música do disco que destaquem, por alguma razão em especial?
Filipe – “Cut Corners”, a que dá o nome ao disco. Para mim, pessoalmente é o melhor momento do álbum, particularmente aquela guitarrada do Henrique.
Henrique – Eu diria mais a “Beat Life”, a última do álbum para mim tem o melhor momento.
TM – Para mim, eu prefiro a última metade do álbum, acho que há lá uma música que é meio shoegaze, tem ali uma distorção.
Henrique – Deve ser a “Jingle Jangle”.
TM – Dessa eu gostei bastante.
Henrique – Ainda tentamos juntar todas as influências que tínhamos até agora.
Filipe – Lá está, é uma música que está feita há um ano e meio e só vai sair amanhã.
Henrique – Por acaso essa música foi mesmo a primeira a ser composta para este álbum.
TM – Essa se calhar sobressai um bocado mais do resto do álbum.
Filipe – É mais rápida no geral.
TM – Sentem que algum coisa mudou desde Magnus?
Filipe – Eu acho que mudou muita coisa, sei lá, por onde começar…
Henrique – Acho que tentamos crescer musicalmente, e não só. Acabamos por crescer musicalmente, evoluímos. Quanto a isso sim, mudou bastante, mudou a nossa forma de compor, de estruturar as músicas, de cria-la. Agora mais do que musicalmente, não sei.
Filipe – O Magnus foi a nossa primeira coisa um bocadinho mais a sério, e desde aí, até agora, acho que também evoluímos um bocado na maneira de fazer as coisas, tipo no dia a dia, e não só a tocar, em tudo. Estamos um bocadinho mais profissionais, não muito, mas um bocadinho mais.
TM – Acham que a experiencia de abrirem para outras bandas ajuda a crescer?
Henrique e Filipe – Sim, e o primeiro passo.
TM – Eu vi-vos quando abriram para Cobalt Cranes.
Filipe – Isso não foi Old Yellow Jack, foi Raptor Attacks
TM – Foi por alguma razão em especial?
Filipe – Foi por uma razão muito especial. Na semana a seguir íamos tocar no Musicbox com Ganso e NOOJ, e não queríamos desviar a atenção desse concerto.
TM – Preferem tocar em sala fechada ou festival?
Henrique – Preferimos tocar em festival. Não há pressão de termos uma noite em nosso nome ou abrir para outra banda. O pessoal vai lá só mesmo para ouvir música, ouvir as banda que sabe que estão no cartaz. É outra exposição e o ambiente é diferente.
TM – O que têm ouvido ultimamente?
Henrique – Fleet Foxes, Real Estate, Animal Collective, Anderson Paak. O novo de Frank Ocean, que está muito fixe. Kendrick Lamar também ouvíamos na altura em que gravamos o disco.