You Can’t Win Charlie Brown em entrevista: “Falamos todos os dias e estamos sempre em processo de criação…ou de não criação”

You Can’t Win Charlie Brown em entrevista: “Falamos todos os dias e estamos sempre em processo de criação…ou de não criação”

| Outubro 12, 2016 12:04 am

You Can’t Win Charlie Brown em entrevista: “Falamos todos os dias e estamos sempre em processo de criação…ou de não criação”

| Outubro 12, 2016 12:04 am



Durante o Indie Music Fest ainda houve tempo para uma muito breve conversa com os You Can’t Win Charlie Brown que nos contaram alguns pormenores de Marrow, o disco que vão apresentar já no dia 13 deste mês no Lux, em Lisboa. 

Threshold Magazine (TM) – O que acham do Indie Music Fest?

Afonso Cabral (AC) – Até agora estamos a gostar bastante apesar de estarmos aqui desde há bocado, portanto não deu para fazer muita coisa. Vimos um bocado de um concerto, gostamos muito dos TROT. Queríamos ver se víamos os Ganso, principalmente aqui o Salvador.

Salvador Menezes (SM)  Já não vou ver.

AC Já não vai ver porque calha à hora do nosso jantar.

TM – Como acham que vai correr o concerto?

AC – Espero que corra bem. Agora, como é que eu acho que vai correr, nunca se sabe.

SM – Depende sempre do nível de alcoolemia.

AC – Já bebemos duas cervejas, cuidado!

Tomás Sousa (TS) – Mas vai ser bom, vai ser um concerto com um set mais mexido que o costume. Costumamos variar entre o energético e o “mellow”.

AC – Para dar um bocado os vários ambientes daquilo que fazemos. Neste caso, quisemos fazer uma coisa um bocado mais “a abrir” porque é o caminho, se calhar, para o qual estamos mais inclinados, apesar de não exclusivamente. E temos as expectativas em altas porque temos amigos nossos que já tocaram cá em edições anteriores que nos dizem que é sempre uma grande festa. Estamos à espera disso.

TM – Dedicaram mais estes últimos dois anos, entre os discos, a You Can’t Win Charlie Brown ou a projectos paralelos?

AC – Nunca estivemos parados, o Tomás agora faz parte de Minta, é um dos Brook Trout  e eu toco com o Bruno Pernadas.

TS – E o Salvador tem também aí coisas a acontecer

SN – Sim mas eu acho que tenho coisas a acontecer porque tive oportunidade de as fazer,. No fundo nunca deixei de dar prioridade aos You Can’t Win Charlie Brown. É isso, nós não estamos parados temos a nossa vida profissional se calhar paralela. Nunca deixamos de lado nem pusemos de parte os You Can’t Win Charlie Brow. Estamos a seguir o nosso curso. No fundo, se nos compararmos com os nossos contemporâneos Capitão Fausto ou PAUS, temos lançado os discos no mesmo ano. No fundo, não andamos a dormir, é isso que eu quero dizer.

TS – Fazemos coisas apesar de não lançarmos um disco de ano a ano. 

SN – Nunca estamos um mês sem nos falar ou uma semana sem nos falar. Falamos todos os dias e estamos sempre em processo de criação…ou de não criação.

TM – Podem resumir o novo álbum Marrow?

AC – Resumir o álbum é difícil porque temos sempre a mania que cada canção tem de ser consideravelmente diferente da anterior e isso torna difícil resumir um disco, mas há sempre uma linha condutora. É um disco mais eléctrico, um bocadinho mais “de banda”. Nos outros disco era um processo mais individual, em que se compunha uma música e se ia construindo por cima com camadas. Aqui foi muito mais juntar-nos, ensaiar e inventar ali, no momento, não sempre, mas foi o processo inicial. 

SN – Um inicia uma base e o resto da banda preenche os espaços que acha que faz sentido, ou mesmo não faz nada porque não há espaço para preencher. O mais difícil na minha opinião é saber estar calado, há musicas neste disco em que tive muitas dificuldades, perdi horas e dias naquilo e no fundo acabei por fazer só um coisa muito simples, mas era o que a musica precisava. Isso para mim é o mais difícil, tentares conter-te.

AC – Mas de resto vão ter de ouvir o disco para perceber.

TM – Porque é que escolheram um videojogo retro para o videoclip da “Above The Wall”?

AC – O facto de ser retro eu acho que nos faz sentir velhos.

TS – Aquilo para nós é um throwback à nossa infância. A ideia surgiu nas nossas conversações diárias porque precisávamos de um vídeo para a “Above The Wall” e foi o David, penso eu, que sugeriu fazer uma coisa tipo jogo de computador.

SN – E a partir daí desenvolveu-se nas conversas: “e se os maus formos nós?” “e se no fim ele não conseguir acabar o jogo”. Isso depois foi tudo desenvolvido dentro do chat.

AC – Sim, das conversas que vamos tendo e a verdade é que a maior parte de nós tem uma relação, nem que seja de infância, com esse tipo de jogos. Mais que qualquer um de nós o Tomás que foi quem acabou por fazer o video. É um visual e um feeling que é comum para nós e fazia sentido. Achámos logo piada à ideia e então seguimos. Havendo a capacidade e uma pessoa dentro da banda, que é este senhor aqui ao meu lado capaz de o fazer, fazia todo o sentido avançar.

SN – Esta música chamava-se temporáriamente “Rocky Escala a Montanha” e a ideia inicial era ser mesmo o Rocky a subir a montanha, um jogo de computador em que era mesmo o Rocky a subir uma montanha, mas isso acabou por se desenvolver noutra ideia. Não fazia sentido ser o Rocky, não conseguimos contratar o Stallone, ele não tinha tempo nessa semana…

TM – O que têm ouvido nas últimas semanas?

SN – Eu tenho ouvido muito o novo dos Deerhoof e o do Paul Simon, estão incríveis!

AC – Eu ultimamente tenho ouvi o novo disco do Bruno Pernadas, estamos a ensaiá-lo e tenho muita coisa para decorar. E gosto muito, não é só decorar por decorar.

TS – Ando muito nos oldies, ando a ouvir muito Otis Redding e James Brown, vou lá para trás saber o que aconteceu, que é interessante e importante saber essas coisas.

TM – É tudo, muito obrigado!

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