Reportagem: Preoccupations + Névoa [Musicbox – Lisboa]
Reportagem: Preoccupations + Névoa [Musicbox – Lisboa]
Reportagem: Preoccupations + Névoa [Musicbox – Lisboa]
No passado dia 1 de dezembro deu-se início aos últimos concertos de celebração do aniversário do Musicbox, que este ano iniciaram com os canadianos Preoccupations (ex-Viet Cong). Com início marcado para as 21h30, os Preoccupations subiram a palco, cheios de energia, e prontos para fazer uma estreia memorável em Lisboa. Os que estavam na sala a horas, começaram a ouvir o instrumental inicial de “Anxiety” enquanto Matt Flegel agradecia a presença de todos.
Para aqueles que já os tinham visto no NOS Primavera Sound, 2015 (enquanto Viet Cong) esta primeira música não viria a ser nada surpreendente: o som estava muito mau e não se ouvia os teclados eletrónicos. Adivinhava-se ali um concerto que viria a ser miserável em comparação à performance em território nortenho. Foi uma má adivinhação, afinal, os Preoccupations tinham os antigos singles na manga e o som apresentava-se muito melhor do que o do rescaldo incial. “Silhouettes” veio animar aqueles que tinham ficado reticentes de início e mostrar que os antigos Viet Cong ainda estão na pele dos quatro músicos. Mais vivos que nunca. Ainda a revisitar o disco Viet Cong(2015), os Preoccupations tocaram “March Of Progress” e o enorme “Continental Shelf” que fez jus às expectativas para o concerto. Do EP Cassette, ainda deu tempo para ouvir “Select Your Drone”.
Por esta altura já o baterista Mike Wallace estava sem t-shirt. Além da excelente performance que manteve com o volver do concerto (de dar destaque ainda às trocas frequentes entre a bateria e a bateria eletrónica), Wallace tinha a peculariedade de tocar com as baquetas ao contrário, garantindo uma presença tamanha ao nível da percussão. Já as trocas de voz entre Matt e Scott Munroe não funcionaram tão bem.
Numa pequena pausa entre músicas, ouve-se alguém dizer “toca a ‘Stimulation’”, mas Matt Flegel não pareceu muito entusiasmado. Outro alguém grita “Memory” e no Musicbox ouve-se “Memory”, o mais recente single deste novo disco. Entre uns tragos na cerveja aqui e ali, um dos grandes momentos do concerto deu-se quando o baterista Mike Wallace perguntou a duas pessoas do público, que usavam uns chapéus idiotas, se ele podia fumar uns bafinhos daquele porrinho. E o real charro foi passado e circulou por entre três dos quatro elementos da banda. (Ao que tudo indica o vocalista Matt Flegel é muito saudável.) Já com “Degraded”, “Monotony” e “Zodiac” apresentadas é hora dos Preoccupations tocarem a “Stimulation” e estimular o público para um fim que já se vê muitíssimo próximo. O vocalista apresenta a banda e agradece ao público pela estreia em Lisboa, naquele que era o último concerto da tour europeia da banda. A revisitar Viet Cong, os Preoccupations encerraram o concerto com “Death”. Um bom regresso.
Os Névoa foram a grande surpresa da noite e, apesar da sua veia musical ser completamente alheia ao post-punk dos Preoccupations, souberam dar um grande espetáculo e provar que a sua ida até à Holanda é justificada na qualidade como banda ao vivo.
Texto: Sónia Felizardo