Road to Moledo #1

Road to Moledo #1

| Julho 25, 2017 7:07 pm

Road to Moledo #1

| Julho 25, 2017 7:07 pm
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Já não falta muito tempo para o início de mais uma edição do SonicBlast Moledo, referência nacional para todos os fãs de stoner e de festivais com piscina que não ficam em Barcelos.


Esta será a sua sétima edição, o qual tem apresentado um impressionante crescimento desde a sua primeira edição, contando no ano passado com nomes impressionantes como Uncle Acid and the Deadbeats, Truckfighters, All Them Witches ou Stoned Jesus e, em passadas edições com nomes de peso dentro do género como os icónicos Pentagram, os japoneses Church of Misery ou My Sleeping Karma.

A edição de 2017 apresenta um cartaz mais diversificado, uma vez que se por um lado apresentam bandas pesadonas para os ouvidos como Monolord ou Acid King, assim como bandas que se afastam deste peso e compensam com uma dose extra de psicadelismo, como é o caso dos Kikagaku Moyo.

Neste artigo vou deixar algumas recomendações que espero que sirvam como guia para a ementa musical que vai ser servida na praia de Moledo.



11 de agosto
Elder – Reflections of a Floating World





Naturais de Boston, os Elder são uma das bandas que provavelmente irão constar em inúmeras listas de álbuns do ano após terem lançado um dos mais curiosos álbuns onde misturam o rock progressivo com stoner, uma espécie de elo que liga a delicadeza melódica dos Baroness à agressividade técnica dos Mastodon.
Apesar de não serem a primeira banda a seguir este percurso em 2017, tendo já os Pallbearer lançado um álbum onde são notáveis as influências pinkfloydianas mas com uma sensibilidade mais virada para o doom metal, os Elder apresentam uma vertente com influências mais blues, típicas do stoner rock.

A crítica tem sido muito simpática em relação à polição do som da banda, com o destaque de músicas como “The Falling Veil” ou “Sanctuary” a serem louvadas pela lufada de ar fresco que trazem ao género.

Contudo, certamente que a banda não se vai esquecer de tocar em Moledo a memorável “Dead Roots Stirring”, do álbum que partilha nome com esta faixa, ou de mostrarem ainda algumas malhas do igualmente louvável álbum Lore, lançado em 2015. 

Monolord – Vaenir

Aquela que é, discutivelmente, a banda que mais decibéis vai alcançar nesta edição do Sonic Blast, os suecos Monolord tocam um Stoner Doom monolítico e hipnotizante dada as repetições capazes de deixar qualquer um em transe.

Vaenir foi lançado em 2015 e é o segundo álbum da banda. Neste podemos encontrar muitos dos clichés que imaginamos quando ouvimos a descrição da banda, contudo são uns bons clichés executados com um volume capaz de fazer os ouvidos expelirem sangue e com uma técnica irrepreensível.

Contudo, quanto mais pesada a banda é, a sensação psicadélica acompanha-a proporcionalmente, não só com as repetições infinitas acima referidas, mas também com faixas como “The Cosmic Silence”, onde é visível uma coroa de flores na sua cabeça e a inspiração de faixas como “Solitude” ou “Planet Caravan” dos Black Sabbath, traduzidos num momento acústico que permite o disco respirar até voltar à carga com os instrumentos ensurdecedores.

É recomendado um aquecimento ao pescoço antes do começo do concerto para evitar as lesões e as dores durante as próximas semanas associadas ao constante headbang.
Kikagaku Moyo – House in the Tall Grass

Uma das apostas mais interessantes desta edição do SonicBlast, onde se afastam da típica sonoridade stoner e convocam os japoneses Kikagaku Moyo para exibirem o seu folk psicadélico com pinceladas orientais.

Apesar da barreira linguística poder criar alguns obstáculos na hora de apreciar a música, os instrumentos falam uma língua universal e estes japoneses prometem algumas das melhores jams desta edição do festival.

O mais recente longa duração House in the Tall Grass é uma viagem psicadélica inspirada nos elementos da música clássica indiana, do Krautrock alemão e de bandas de folk e de rock psicadélico americanas e inglesas dos anos 60 e 70. Uma verdadeira experiência daquilo que melhor a globalização tem para oferecer.

É de esperar que o headbang seja substituído por pés descalços em danças durante músicas como “Green Sugar” ou “Silver Owl” ou então os olhos a brilhar com as trips psicadélicas de jams lindíssimas, caso de “Cardigan Song”.

Black Bombaim – Far Out

A sua ausência foi sentida na edição passada devido à lesão no pulso de Ricardo Miranda, mas agora os Black Bombaim estão de volta para se redimirem e para mostrar o porque de serem do stoner português.

O trio composto por Ricardo Miranda na guitarra eléctrica, Paulo Gonçalves na bateria e Tojo Rodrigues no baixo não são novatos nenhuns nestas andanças tendo já atuado em grandes festivais nacionais como Paredes de Coura ou, mais recentemente, o Super Bock Super Rock, e já marcaram presença internacional em festivais como o Roadburn. Estes pretendem mostrar o porquê de estarem a disputar o estatuto de cabeças de cartaz com as restantes bandas internacionais.

A escolha para álbum a ouvir desta banda recai em Far Out, que conta com duas faixas inteiramente instrumentais, sendo a primeira “África II” (com 16 minutos) e a segunda “Arábia” (18 minutos). Os nomes da músicas são bastante explícitos naquilo que estes pretendem interpretar, sendo que cada uma pretende ilustrar, à sua maneira especial, uma viagem por cada uma destas terras.

Em Moledo, certamente que o trio vai revisitar alguns destes momentos que prometem umas boas viagens introspetivas.

Yuri Gagarin – At The Center of All Infinity


Esta banda sueca, que rouba o nome do cosmonauta russo e primeiro homem a viajar pelo espaço, é um dos melhores exemplos do que o stoner rock tem para oferecer e, apesar de contar apenas com dois álbuns de longa duração na sua discografia e de existirem há consideravelmente pouco tempo, já alcançaram o estatuto de banda de culto com uma legião de fãs fiéis.

A mistura de stoner com os elementos ambientais que tão bem caraterizam o space rock conferem a esta banda um sentimento de singularidade que a torna tão especial. Um bom concerto para fechar os olhos e divagar pelo vasto cosmos ao ritmo de um meditativo headbang.
Texto por Hugo Geada
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