Reportagem: Swans + Baby Dee [Hard Club, Porto]
Reportagem: Swans + Baby Dee [Hard Club, Porto]
Reportagem: Swans + Baby Dee [Hard Club, Porto]
Foi exatamente há uma semana (domingo, 8 de outubro) que os norte-americanos Swans marcaram presença no Hard Club, Porto para o derradeiro concerto de despedida em terras do norte. À Invicta regressavam cerca de quatro meses depois da passagem pelo NOS Primavera Sound e, como previsto, casa quase esgotada, para ouvir na íntegra Deliquescence (2017), o álbum ao vivo que documenta os singles do concertos desta tour de despedida. A abertura do concerto ficou a cargo de Baby Dee, a artista transgénero que já colaborou com nomes como Antony Hegarty/Anohni, Current 93, entre outros.
Com início marcado para as 20h15, o concerto de Baby Dee arrancou pelas 20h25 com “The Early King” a fazer ecoar-se pela sala 1 do Hard Club, que lentamente se ia enchendo de público. Baby Dee substitui o piano pelo acordeão e fez-se acompanhar de guitarrista acústico, músico que mais tarde apresentou como Bill (“We are a family act, here’s Bill”), tendo sido sempre muito interactiva com o público com o volver do concerto. Depois de uns “Now this next song is a little bit tricky”, “well, he broke his string” e “I’m american, I have a song about how fucked up our country is. So, this is what happens in America”, Baby Dee tocou o single de abertura, homónimo, do seu mais recente disco de estúdio I Am A Stick (2015), período entre o qual aproveitou para perguntar à audiência por Bill, que acabou por regressar a palco. Baby Dee foi apresentando ao público, direta e indiretamente, um pouco da sua vida (“This is a song about when daddy beated me”) – o ponto focal das composições da artista -, enquanto as luzes no palco se iam mantendo muito estáveis durante toda a performance.
O espetáculo dos Swans estava marcado para as 21h30, mas a euforia já se fazia sentir na sala assim que o concerto de Baby Dee teve fim. Foi instantânea a massa de público que se acumulou junto às primeiras filas durante o intervalo para reservar lugar para a icónica banda liderada por Michael Gira. Em formato sexteto a banda iniciou o concerto a horas, com “The Knot” e os decibéis da sala foram aumentando gradualmente. Quando não intervinham, os elementos dos Swans mantinham-se quietos em palco, tal como acontece nas reproduções de peças clássicas com orquestras (o guitarrista Norman Westberg, inclusivamente, saía da área de palco quando não estava a tocar). E se os Swans eram apenas seis elementos, a verdade é que conduziram todo o concerto como se fossem mais. Para Michael Gira, também o público fazia parte daquela peça (daí as suas tantas elevações de braços ora voltado para o público, ora de costas) e, mesmo com escassos recursos à comunicação vocal – para além das letras da própria música – o frontman dos Swans transmitiu isso na perfeição.
“Screen Shot” e, claro está, um público em delírio aumentado e
energicamente frenético, e um ambiente com os decibéis no máximo, bastante ruído e distorção à mistura. A segunda e mais curta música do espetáculo foi
também a que fez várias pessoas ficarem de braços no ar do início ao
fim, sempre com uma energia inesgotável, tal como a que os Swans
apresentavam em palco.
Já com “Cloud Of Unknowing” a soar, o concerto foi adquirindo, progressivamente, uma aura ainda mais experimental, com um ambiente de peso. Normalmente, ao finalizar cada canção Michael Gira ia soltando uns “thank you” que de algum modo serviam para preparar o público para mais uma execução densa. De uma forma geral, Michael Gira foi definitivamente um grande maestro. Sempre que não tocava, coordenava os restantes elementos da banda ou elevava os braços ao público para também estes entrarem no ritmo e contribuirem à performance da música. A acabar concerto pelas 00h00, choveram palmas na sala e ouviram-se muitas vozes a gritar de alegria. Michael Gira aproveitou para apresentar os restantes elementos que o acompanham em Swans e agradecer ao público presente.