Os melhores álbuns nacionais de 2017
Os melhores álbuns nacionais de 2017
Janeiro 4, 2018 5:15 pm
| Os melhores álbuns nacionais de 2017
Janeiro 4, 2018 5:15 pm
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Em 2017 assistimos a um ecletismo musical a invadir os nossos ouvidos. O panorama musical nacional não fugiu à regra com as experimentações eletrónicas de Surma e Ermo, o ruído e distorção psicadélicos de 10 000 Russos e o afrobeat de Nídia e DJ Lycox. Chegou a altura de publicar os vinte cinco melhores álbuns nacionais que mais se destacaram no ano passado.
24. Império Pacífico – Império Pacífico
23. Éme – Domingo à Tarde
22. Stone Dead – Good Boys
21. Jasmim – Oitavo Mar
20. Pás de Probleme – Silence Is Gold
19. Lula Pena – Archivo Pitoresco
18. Ulnar – Dreaming of Sailing Further West
17. Cat Soup – Cat Soup
16. Hitchpop – Hitchpop
15. Berlau & AM Ramos – Monte da Lua
14. Grandfather’s House – Diving
13. Dear Telephone – Cut
12. Gonçalo – Boavista
11. Marco Franco – Mudra
10. Iguana Garcia – Cabaret Aleatório
9. ATILA – body
8. PZ – Império Auto-Mano
7. Luís Severo – Luís Severo
6. Pega Monstro – Casa de Cima
5. DJ Lycox – Sonhos & Pesadelos
A fervilhante cena musical luso-africana da lisboeta Príncipe já não passa despercebida a ninguém, e a crítica internacional que o diga. Nomes como DJ Marfox, DJ Firmeza e Nídia (que lançou em junho o fabuloso Nídia é má, Nídia é fudida) encontram-se na dianteira de um dos movimentos culturais mais progressistas e refrescantes do momento, aliando música de dança a sonoridades influenciadas pela cultura africana que vão do kuduro à tarraxinha. A juntar-se a estes está também DJ Lycox, que nos surpreendeu este ano com o viciante Sonhos & Pesadelos. Na sua estreia nos longas-duração, DJ Lycox traz um descomplexado disco rico em melodias contagiantes e ecléticas que peca apenas pela curta duração das suas faixas (à exceção de “Solteiro”, nenhum dos temas ultrapassa os 4 minutos). São 27 minutos (33 na versão digital) de um disco que desejamos que nunca acabe.
4. Nídia – Nídia É Má, Nídia É Fudida
Nídia (ex-Nídia Minaj) não é um nome novo no panorama nacional. Já conhecida bem antes de entrar para a Príncipe, com o EP Danger, a artista cabo-verdiana continua a surpreender. Com o mais recente disco Nídia é Má, Nídia é Fodida, Nídia prova que é um dos nomes importantes a ser seguidos no paradigma da música eletrónica portuguesa. O seu afro-house influenciado pelo kuduro, tarraxinha e batida (sem nunca perder a sua identidade própria) tem vindo a ser bem aceite tanto no nosso país como lá fora, como se provou ao ser convidada para estar presente no festival Linecheck, em Milão, ao pé de nomes como Thundercat, Perfume Genius, Freddie Gibbs, entre muitos outros. Apesar da tenra idade, Nídia demonstra que este último trabalho é um dos grandes álbuns de 2017.
3. 10 000 Russos – Distress Distress
Muito pode ser dito acerca do mais recente trabalho da banda portuense 10 000 Russos, mas é muito mais fácil explicar ao simplesmente entregar uns headphones ao leitor e colocá-lo numa sala escura enquanto ouve o álbum de inicio ao fim. Esta mistura de rock psicadélico, industrial e krautrock resulta num drone que abre um bizarro apetite para mover o corpo, ora num discreto a bater o pé ou numa dança pouco ortodoxa. Muito se pode louvar pelo trabalho dos músicos, desde o baixo de André Couto que oscila entre os ritmos mais mecânicos e repetitivos, à guitarra de Pedro Pestana carregada de deliciosos e minuciosas distorções e a batida contínua de João Pimenta que nos acompanha ao longo desta viagem. Os arranjos vocais soturnos e carregados de reverb são colocados de forma estratégica na construção das músicas de forma a criar um contraste com o instrumental e proporcionar um ambiente mais sinistro. Distress Distress é mais do que um álbum. É uma viagem, uma experiência, um ritual. A vontade de fechar os olhos e ouvir a música é muito, mas vontade de dormir nem vê-la.
2. Ermo – Lo-fi Moda
Lo-Fi Moda traz um novo e revolucionário capítulo ao duo bracarense Ermo, que confronta a vaidade e a presunção dos portugueses através de uma atitude de crítica presente numa lírica consciente e bem aguçada. A voz abafada por boas doses de auto-tune e os instrumentais essencialmente digitais contribuem para um organismo alienígena e viciante desprovido de humanidade, executado de modo magistral ao longo dos seus nove temas. Ao segundo disco, os Ermo viram costas ao passado e superam-se com um dos discos mais viscerais do ano, uma obra do presente com olhos postos no futuro e que se demonstra mais vital e necessário do que nunca.
1. Surma – Antwerpen
A jovem Débora Umbelino, mais conhecida por Surma, deu os seus primeiros passos a sério nestas andanças há apenas um par de anos, com o lançamento do single “Maasai”, e desde então tem feito por reivindicar o seu destaque por direito na cena musical nacional, reivindicação essa que ganhou outro argumento de peso com o lançamento do álbum de estreia Antwerpen. Surma é uma aventureira sonora, a entrar em demandas espaciais e agridoces que passam por vários géneros musicais. Ela é pop, é electrónica noisy, é post-rock, é o que lhe dá na real gana, e é essa mesma gana que culmina numa identidade própria peculiar como poucas no panorama nacional. Com músicas como “Plass”, “Hemma” e “Voyager”, o ouvinte consegue captar o imaginário devaneador e contemplativo que Surma lhe transmite através das suas experimentações e da sua voz gentilmente áspera. Esperemos ansiosamente o próximo capítulo desse imaginário.