Reportagem: Colour Haze + TAU + JESUS THE SNAKE [Hard Club, Porto]

Reportagem: Colour Haze + TAU + JESUS THE SNAKE [Hard Club, Porto]

| Maio 24, 2018 6:00 pm

Reportagem: Colour Haze + TAU + JESUS THE SNAKE [Hard Club, Porto]

| Maio 24, 2018 6:00 pm
No passado dia 19 de maio, o Hard Club foi alvo de um serão inolvidável em que as sonoridades stoner/psicadélia foram rainhas e senhoras, tendo sido a única data marcada em território nacional da mais recente tour dos veteranos alemães do stoner Colour Haze, acompanhados pelos irlandeses hippie Tau e pelos locais de Vizela Jesus the Snake.

Jesus The Snake

Apesar do atraso significativo do início dos concertos (era para ter começado às 21h, começou apenas meia hora depois), isso não esfriou o entusiasmo do imenso público, que estava em pulgas para entrar no recinto, que por sua vez foi recebendo os primeiros espectadores. Aos Jesus the Snake, naturais de Vizela e com o seu EP de estreia na bagagem, calhou a ingrata missão de abrir as hostilidades da noite de música ao vivo que se avizinhava.

A banda bracarense revelou uma breve timidez em termos de presença de palco que gradualmente se dissipou à medida que o concerto progredia. A música da banda em si caracteriza-se essencialmente pelo formato instrumental, vagaroso e etéreo quanto baste, que também não se coibiu de andar pelo prog-rock, e graças à especial intervenção do trabalho de teclado, revelou uma influência bastante vincada de Pink Floyd, por exemplo. O concerto no geral, apesar de ter sido mais morno em comparação com as bandas seguintes, demonstrou que a banda tem um impressionante potencial em termos de evolução sonora, e cumpriu a missão de estimular os presentes para o resto da noite que se seguia.

TAU
Após um breve intervalo, os irlandeses radicados em Berlim Tau, com o EP Wirikuta e o álbum Tau Tau Tau como pretextos para fazerem parte deste evento singelo, ocuparam o palco e deram o ar da sua graça com uma estética mais folky das sonoridades do deserto que demonstrou o seu encanto envolvente e árido de forma quase imediata para com o público.

Assim que os primeiros acordes foram tocados, não faltou muito até que as pessoas ficassem hipnotizadas pelo espetro sonoro dos Tau, que passava tanto por sonoridades krautrock como por atmosferas de origens arábicas, convidando até a um passinho de dança. Com trajes rústicos e de guitarra acústica com trapos em riste, o líder da banda Shaun Mulrooney demonstrava-se bem-disposto, sempre a puxar pelo público e a discursar o amor pela “Mother Tierra”. Com a sua abordagem igualmente pastoral e exótica da psicadélia, o concerto dos Tau foi a surpresa da noite, graças à atmosfera feel good que se viveu durante o mesmo.

Colour Haze
Por volta da meia noite, chegou a banda por que muitos ansiavam. Foi com uma audiência apinhada que os Colour Haze foram saudados assim que pisaram o palco, e assim que as variadas projeções de alucinações coloridas e líquidos em ponto microscópico tomaram lugar, a banda começou a justificar, com toda a simplicidade do mundo, não só o porquê de ser a atuação mais esperada da noite, mas também a sua posição enquanto um dos supra-sumos do stoner rock feito na Europa.

Colour Haze

Com um alinhamento que continha “She Said”, “Lavatera”, “Tempel” e “Aquamaria”, além de um encore com duas faixas especialmente inesperadas – “House of Rushammon” e “Love” -, foi um concerto como poucos, cheio de alma, habilidade e ritmo, que teve a duração invejável de cerca de duas horas. A instrumentação da banda assemelhava-se a uma máquina bem oleada, com todas as suas componentes a funcionarem como deviam: a guitarra a vaguear entre acordes desafiantes e solos sumptuosos, o baixo a demonstrar uma reverberação latejante e a bateria alucinante e ao mesmo tempo versátil, como que a flirtar com outros estilos alheios. O público ficou ao rubro do início ao fim, sempre a abanarem o capacete e até mesmo a entoar os riffs de guitarra como se de hinos se tratassem, e sempre com a certeza de que este serão se tornaria memorável, senão até mesmo mágico, com todos os intervenientes a deixar o seu cunho no imaginário do público à sua maneira. Foi tudo o que foi preciso.

A fotoreportagem pode ser vista aqui ou no link em baixo.


Colour Haze + TAU + JESUS THE SNAKE [Hard Club, Porto]


Texto: Ruben Leite
Fotografia: David Madeira


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