A Perfect Circle
Eat the Elephant

| Maio 2, 2018 8:19 pm

Eat the Elephant // BMG // abril de 2018
6.0/10
Após catorze anos desde o seu último registo, o supergrupo de rock alternativo A Perfect Circle regressa com o seu quarto álbum Eat The Elephant, lançado pela BMG. Criada originalmente pelo antigo roadie Billy Howerdel, a banda conta com um conjunto de talentos migrados de grupos consagrados como os Tool ou os Smashing Pumpkins, e devido ao membro mais ilustre ser nada menos que o vocalista Maynard James Keenan, as conexões com os Tool em particular são bastante frequentes, sendo vistos como um contraste mais melódico e emocional da banda de metal alternativo/progressivo e habitualmente categorizados como sendo um dos melhores exemplos modernos mainstream do prog rock, art rock e até mesmo post-grunge.

Este contraste intensifica-se em Eat The Elephant, que aposta em amadurecer o estilo musical melancólico da banda e abordar vários temas do foro social e político. Essa missão começa com o tema-título, que faz um bom trabalho em introduzir o ouvinte ao tom que irá dominar o resto do álbum: um som mais atmosférico e mais melódico que o habitual, com uso substancial de teclado e electrónica. A seguir vem a faixa “Disillusioned”, que é provavelmente a que demonstra melhor esse tom, enquanto que “The Contrarian” começa com um instrumental que não passaria ao lado de algo mais new age mas que acaba até por ser decente no seu todo. Ao passo que “So Long and Thanks for All the Fish” é revelada como sendo uma faixa estranhamente mais animada, “The Doomed” e “TalkTalk” são dos únicos temas no álbum que carregam consigo uma energia similar a faixas anteriores da carreira da banda, como o single “Judith”.



A segunda metade do álbum, no entanto, revela-se como sendo mais run-of-the-mill. Apesar de “By and Down the River” e “Delicious” terem queda para mais uns riffzitos, também deixam uma sensação meio desconfortável de deja-vu. Após um breve interlúdio em “DLB”, “Hourglass” dá o ar da sua graça como um emaranhado desconexo de várias ideias concentradas numa só faixa. “Feathers” é um tema que cai um bocado no esquecimento, sendo mais derivativa e massuda. A última faixa do alinhamento, “Get the Lead Out”, é mais electrónica e começa de forma interessante, mas à medida que progride, torna-se mais e mais morno, revelando-se como um fim de álbum não tão forte.

Apesar da infame foto de capa, o álbum ouve-se relativamente bem. A banda cumpriu o que pretendia deste álbum, que era abstrair-se do seu som mais pesado para se revelar como um conjunto com um som mais atmosférico e com ambição mais artsy, e que batesse certo com o seu perfil melancólico. Infelizmente, visto que neste caso há partes bastante derivativas ou não tão fortes como se esperava de um grupo desta envergadura, isso não quer dizer necessariamente que o resultado faça com que a transformação tenha valido a pena – ou pelo menos, serve de prova que ainda não foi desta de que a transformação se frutificou em pleno. É esperar que um eventual seguimento venha para conseguir fazer isso mesmo, se bem que isso ainda deverá demorar.
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