Fear and Loathing in Moledo #1

Fear and Loathing in Moledo #1

| Julho 24, 2018 1:42 am

Fear and Loathing in Moledo #1

| Julho 24, 2018 1:42 am



Falta menos de um mês para o início do SonicBlast Moledo, uma meca para todos os fãs de stoner rock. O festival que tem vindo a impressionar pela qualidade dos seus nomes ano após ano, na presente edição fez uma grande aposta nos contrastes, com bandas conhecidas pelas longas e improvisadas jams psicadélicas, como é o caso de Earthless ou Samsara Blues Experiment, e por bandas que se situam no expectro mais doom do stoner; exemplos disso são Ufomammut ou Conan, reconhecidas pelo seu excessivo peso musical.


Neste artigo deixo algumas recomendações, nacionais e internacionais, daquilo que nos espera da edição 2018 do SonicBlast.

Dia 1

Samsara Blues Experiment Long Distance Trip

A primeira banda desta seleção, para além de serem mestres na experiência do blues, são também repetentes no festival, depois de terem marcado presença em 2012. Apesar de terem lançado One With The Universe no ano passado, decidi destacar Long Distance Trip, álbum genre-defining do stoner psicadélico e que mais facilmente identifica a sonoridade da banda alemã. 
O nome do álbum não é uma hipérbole à toa e faz todo o sentido assim que começamos a ouvir “Singata (Mystic Queen)”, num crescendo satisfatório e hipnotizante, que leva a nossa mente a passear por paisagens coloridas, bastante distantes. Muitas das faixas do álbum têm claras influências das ascendências do kraut alemão e nenhuma se acusa tanto como “Double Freedom”, que se estende para além da marca dos 20 minutos, em toda a sua glória tripada. Também existem momentos mais delicados, como “Wheel of Life”, faixa acústica e uma das mais curtas do álbum, a lembrar os interlúdios do Master of Reality, de um dos mais importantes progenitores deste grupo, os Black Sabbath.
Sem dúvida que esta viagem repleta de guitarras distorcidas, sintetizadores e cítaras vai ser um dos melhores momentos da edição 2018 do SonicBlast.



Causa Sui Euporie Tide

Músicos de gema, estes dinamarqueses nasceram não para os rigorosos invernos escandinavos mas para fazerem música em praias solarengas enquanto os seus ouvintes perdem a cabeça nas suas belas linhas melódicas.

O álbum Euporie Tide, lançado em 2013, marca um importante ponto de viragem para a banda que rouba nome de uma expressão em latim criada por Baruch Spinoza, que significa “a causa em si mesmo”. Foi o primeiro onde o grupo não utilizou vocalista, desmarcando-se do rótulo que é o stoner rock “tradicional”, explorando a sua sonoridade de formas mais experimentais e com uma influência de free jazz. Um ponto de partida fundamental para conhecer melhor Causa Sui é sem dúvida este álbum, especialmente através da faixa gigantesca que é “Homage”, uma das melhores músicas dentro do género, construída metodicamente, camada sobre camada, com sintetizadores abençoados pelos Deuses e guitarras repletas de wah e quentes distorções, a ecoar por todo o lado.
Uma música obrigatória na setlist da banda e certamente uma das que fará mais cabeças rodopiar.



Conan Monnos

Indiscutivelmente, os ingleses Conan são uma das bandas mais pesadas da atualidade e, sem dúvida, vão tentar rebentar com o recorde de decibéis dos concertos que já passaram por Moledo.

O primeiro álbum de longa duração dos liverpoolianos veio estabelecer um novo marco no stoner doom devido ao seu som massivo e único. A guitarra afinada exageradamente grave e as intensas distorções tornam o som manejado por Jon Davis (também vocalista e único membro original da banda) inconfundível e tão fascinante. As letras das músicas transportam-nos imediatamente para um campo de batalha na idade medieval e a pujança da secção rítmica é uma cavalgada para o epicentro desse conflito.
“Hawk as Weapon” e “Battle in the Swamp”, as duas primeiras faixas de Monnos, são um exemplo perfeito de tudo aquilo que é Conan e certamente que vai gerar muita poeira e moche.




Ufomammut Ecate

Continuando no lado mais negro do stoner, os italianos Ufomammut regressam a Portugal e marcam a sua estreia em Moledo. Este mamute espacial é um dos progenitores do movimento space doom e desde 1999 que praticam das mais inovadoras e esmagadoras músicas da atualidade.

Lançado em 2015, Ecate é o oitavo álbum da banda que pede nome emprestado à deusa grega Hecate, Deusa das terras selvagens e dos partos, e demonstra os italianos no seu melhor e com o seu som mais refinado. Ao longo do álbum viajamos por diferentes espectros do stoner, desde a repetição hipnótica do drone, a um selvagem sludge, até ao puro e monolítico doom de fazer os pescoços ficarem doridos por causa do headbang. Um ponto de partida importante para conhecer a discografia desta besta pré-histórica que irá certamente marcar um dos mais memoráveis concertos do SonicBlast.




Astrodome II

Os primeiros portugueses a aparecer nesta lista são os portuenses Astrodome, um dos principais representantes do heavy psych nacional. O concerto da banda deve consistir principalmente no álbum lançado ainda este ano, intitulado II, e que representa uma evolução nas viagens cósmicas interpretadas no primeiro álbum da banda.

Agora com Kevin Pires dos Big Red Panda a completar as fileiras do conjunto, estes homens querem convidar os festivaleiros a irem numa viagem providenciada por camadas contemplativas de rock psicadélico, que mistura a sensibilidade dos Pink Floyd com uma atitude indomada que adora jams expansivas, típica de bandas como Colour Haze ou Causa Sui.
Um concerto obrigatório de assistir, ora com o cadáver a flutuar na piscina ou deitado na relva a contemplar o cosmos.





Texto por: Hugo Geada
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