O alinhamento de Cannonball! começa com a faixa de abertura “Sections”, que é bem-sucedida em introduzir-nos à expectativa de uma sessão musical bastante smooth e com espaço para sons um pouco menos convencionais. No entanto, a música seguinte “This Is Not”, que segundo o próprio Morimoto é uma descrição dele de como a vida funciona, começa a revelar o pedigree sónico do músico, com intercalação de batidas e instrumentação mais orgânica, e até mesmo a presença breve de uns versos em japonês. O tema-título “Cannonball” é uma trip sonora que flirta com batidas no espectro mais glitchy e eventualmente faz uma transição natural para uma atmosfera mais chill. “How It Feels” tende a mostrar uma ou outra qualidade da musicalidade de Morimoto, com uns acordes mais bruscos de guitarra alternados, mas que no geral padece um bocado em relação ao resto.
“Die Dumb” poderá ser a faixa com vibe mais psicadélica do alinhamento todo, apenas rivalizada por “Just Spoke to Mama”, que possui influências mais ambient, e conta com o feat da cantora KAINA, cuja voz apenas enriquece o resultado terno. “Picture of a Painting” destaca-se como um dos temas mais fortes, em que o saxofone e os beats se entendem e convergem, com o feat do rapper Reason Being a dar o ar da sua graça. “How It Is” denota um espírito mais vivaço com a instrumentação – nomeadamente a secção rítmica – em pulgas e o trabalho vocal também meio acelerado, mas sem nunca esquecer o feel suave que invade o álbum. Cabe então a “People Watching” a tarefa de encerrar o alinhamento, com uma instrumentação breve e jazzy que dá lugar a um trabalho de beats bastante minimalista, naquela que é a faixa que provavelmente faz mais jus às raízes do hip-hop, sendo também um dos pontos fortes do álbum.
No geral, o álbum revela-se bastante equilibrado, dinâmico q.b. e uma audição divertida do início ao fim. Enquanto que há algumas arestas por limar no resultado final, o cruzamento entre pop, hip-hop, jazz e R&B tomado a cargo por Sen Morimoto revela-se eficaz no geral. No entanto, o músico revela ser ainda verde em certos aspetos, nomeadamente a parte de deixar algumas partes arrastarem-se por muito tempo, e as letras não estarem bem no ponto. Mas isso tudo não é alarmante, pois o sentido de musicalidade e criatividade sentidos neste registo são suficientes tanto para apreciar Cannonball! como para ter uma noção da evolução que o jovem músico ainda terá pela frente.