Sen Morimoto
Cannonball!

| Agosto 30, 2018 2:15 pm
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Cannonball! // 88rising/Sooper Records // maio de 2018
7.5/10

Original de Kyoto, no Japão, mas a operar a partir de Chicago, o jovem músico Sen Morimoto anda a dar cartas enquanto rapper, cantor, saxofonista e produtor, tendo causado algum burburinho este ano devido ao seu mais recente registo, Cannonball!. O álbum de estreia, lançado pela label 88rising – editora célebre pela particularidade de lançar artistas de descendência asiática nas lides do hip-hop e R&B modernos – tem garantido um quinhão de popularidade dentro dos círculos artísticos de Chicago e mais além a Morimoto, que usa um emaranhado de influências como o jazz e a música eletrónica para criar o seu cunho sonoro.




O alinhamento de Cannonball! começa com a faixa de abertura “Sections”, que é bem-sucedida em introduzir-nos à expectativa de uma sessão musical bastante smooth e com espaço para sons um pouco menos convencionais. No entanto, a música seguinte “This Is Not”, que segundo o próprio Morimoto é uma descrição dele de como a vida funciona, começa a revelar o pedigree sónico do músico, com intercalação de batidas e instrumentação mais orgânica, e até mesmo a presença breve de uns versos em japonês. O tema-título “Cannonball” é uma trip sonora que flirta com batidas no espectro mais glitchy e eventualmente faz uma transição natural para uma atmosfera mais chill. “How It Feels” tende a mostrar uma ou outra qualidade da musicalidade de Morimoto, com uns acordes mais bruscos de guitarra alternados, mas que no geral padece um bocado em relação ao resto.


“Die Dumb” poderá ser a faixa com vibe mais psicadélica do alinhamento todo, apenas rivalizada por “Just Spoke to Mama”, que possui influências mais ambient, e conta com o feat da cantora KAINA, cuja voz apenas enriquece o resultado terno. “Picture of a Painting” destaca-se como um dos temas mais fortes, em que o saxofone e os beats se entendem e convergem, com o feat do rapper Reason Being a dar o ar da sua graça. “How It Is” denota um espírito mais vivaço com a instrumentação – nomeadamente a secção rítmica – em pulgas e o trabalho vocal também meio acelerado, mas sem nunca esquecer o feel suave que invade o álbum. Cabe então a “People Watching” a tarefa de encerrar o alinhamento, com uma instrumentação breve e jazzy que dá lugar a um trabalho de beats bastante minimalista, naquela que é a faixa que provavelmente faz mais jus às raízes do hip-hop, sendo também um dos pontos fortes do álbum.



No geral, o álbum revela-se bastante equilibrado, dinâmico q.b. e uma audição divertida do início ao fim. Enquanto que há algumas arestas por limar no resultado final, o cruzamento entre pop, hip-hop, jazz e R&B tomado a cargo por Sen Morimoto revela-se eficaz no geral. No entanto, o músico revela ser ainda verde em certos aspetos, nomeadamente a parte de deixar algumas partes arrastarem-se por muito tempo, e as letras não estarem bem no ponto. Mas isso tudo não é alarmante, pois o sentido de musicalidade e criatividade sentidos neste registo são suficientes tanto para apreciar Cannonball! como para ter uma noção da evolução que o jovem músico ainda terá pela frente.

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