Cabo da Boa Esperança | self-released | janeiro de 2019
7.0/10
No seu novo álbum Cabo da Boa Esperança, o duo viseense Galo Cant’às Duas volta a navegar pelos mares do pós-rock e do rock instrumental, desta vez com sintetizadores à mistura. É um álbum muito rítmico, onde a bateria se mostra sempre importante, nunca ficando escondida na mistura. A guitarra e os sintetizadores acompanham a percussão de perto em várias das faixas, enquanto que noutros momentos deixam as melodias respirar mais, dando espaço à secção rítmica enquanto preenchem os vazios.
O disco é marcado por uma sonoridade interessante e mostra-se especialmente forte na sua primeira metade, com as primeiras três faixas a exibir as qualidades da banda, com o adequado uso de duas vozes e a presença de boas melodias. “Dança do Tempo” vai-se transformando sem nunca perder energia, “Coro a Cara” incorpora melodias bastante boas de vozes e teclado e um excelente trabalho de bateria. Em “Sobre um Tanto Medo”, o timbre da guitarra está especialmente adequado e as sobreposições de instrumentos e vozes levam a um clímax que consegue ser algo relaxado, mesmo subindo a intensidade.
O disco é marcado por uma sonoridade interessante e mostra-se especialmente forte na sua primeira metade, com as primeiras três faixas a exibir as qualidades da banda, com o adequado uso de duas vozes e a presença de boas melodias. “Dança do Tempo” vai-se transformando sem nunca perder energia, “Coro a Cara” incorpora melodias bastante boas de vozes e teclado e um excelente trabalho de bateria. Em “Sobre um Tanto Medo”, o timbre da guitarra está especialmente adequado e as sobreposições de instrumentos e vozes levam a um clímax que consegue ser algo relaxado, mesmo subindo a intensidade.
Em contrapartida, “Foto Grama” mostra-se algo vazia e insatisfatória, fazendo-se sentir a falta de diferentes timbres e de melodias mais memoráveis. Parece que divaga por caminhos pouco interessantes e conclui sem chegar a lado nenhum. A segunda metade do álbum peca por alguma falta de dinâmicas e variedade dentro da cada faixa. Contém, no entanto, a música que mais se distingue das restantes. Não diria que “8” está entre as minhas preferidas do disco, mas traz ao disco uma conclusão imprevisível, com o lado eletrónico do álbum a surgir de forma mais assumida, nomeadamente pela manipulação das vozes.
Os Galo Cant’Às Duas evoluíram, experimentaram e produziram um bom disco. Têm uma identidade própria e uma sonoridade que não é para todos, mas fãs das músicas anteriores e de bandas como os Galgo vão encontrar aqui algo que os agrade. Não sinto que vá regressar muito a este disco, mas fiquei com curiosidade por ver estas músicas a serem tocadas ao vivo, onde certamente podem ter um impacto maior e abrir espaços para improvisos com pormenores e dinâmicas imprevisíveis.
Os Galo Cant’Às Duas evoluíram, experimentaram e produziram um bom disco. Têm uma identidade própria e uma sonoridade que não é para todos, mas fãs das músicas anteriores e de bandas como os Galgo vão encontrar aqui algo que os agrade. Não sinto que vá regressar muito a este disco, mas fiquei com curiosidade por ver estas músicas a serem tocadas ao vivo, onde certamente podem ter um impacto maior e abrir espaços para improvisos com pormenores e dinâmicas imprevisíveis.