CL0NE – O rock alternativo que vem da Guarda: “Não fazemos réplicas”
CL0NE – O rock alternativo que vem da Guarda: “Não fazemos réplicas”
Março 10, 2019 8:58 pm
| CL0NE – O rock alternativo que vem da Guarda: “Não fazemos réplicas”
Março 10, 2019 8:58 pm
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São os CL0NE, um só núcleo criativo, composto por quatro elementos e a génese da expressão musical por eles praticada “vem de diversas influências e estilos”. A réplica não é geneticamente igual a nenhuma outra, até porque “não fazem réplicas”. Começaram como um trio, passaram a quarteto, são do Norte, da Guarda, e têm como “alicerce o Rock Alternativo”.
A Threshold Magazine esteve à conversa com Carlos Matias (também conhecido por Gué), Pedro Torri, Tiago Santos e Carlos Herédio. Os CL0NE têm um zero no meio (um número) em vez de uma vogal, nomenclatura que serve de diferencial a outros projectos que já existem. Sobre a música, os projectos e o recém lançado segundo single da banda, “Shout”, assim conversámos numa tranquila e amena tarde de Inverno.
Threshold Magazine (TM) – Como surgiram os CL0NE e a partir de que momento se tornaram uma banda? Falem-nos um pouco do vosso percurso.
CL0NE – A partir de 2016, a história é esta e começa com o Gué (Carlos Matias), a trocar algumas impressões musicais com o Pedro e nessa altura ainda sem objectivos concretos, apenas com alguns acordes e melodias iniciais. Foi no evoluir de algumas horas e de poucos meses bem passados que se aperfeiçoaram algumas músicas e foi então que decidimos convidar para se juntar ao projecto o Tiago Santos (que já tinha tocado baixo numa banda anterior com o Gué) para a bateria. Foi a partir daí que se deu a formação inicial da banda. Começámos como um trio, com baixo, guitarra, voz e bateria e mais tarde passámos a quarteto. Com o passar do tempo e o evoluir da partilha e da criação, a música pedia mais um elemento e foi então que decidimos fazer o convite ao Carlos Herédio, que nos tempos de escola tinha também iniciado uma banda com o Gué, para se juntar aos CL0NE.
TM – Da formação da banda aos temas que andaram a fazer, há dois videos de duas das vossas canções recentemente disponibilizados ao público.
CL0NE – Sim, o primeiro ”Hello, Hello”, que decidimos apresentar no início de 2018, estávamos com vontade de dar a conhecer o que andávamos a fazer e também obtermos algum feedback, o que resultou também em alguns concertos. Quanto ao segundo “Shout”, surgiu e decidimos gravar, temos essa facilidade e já tínhamos uns quantos ensaios quando foi gravado. Agendámos o lançamento para o primeiro dia do ano 2019, e a escolha do tema foi unânime pois já estávamos há algum tempo a pensar em apresentar outra música à malta que nos segue.
TM – De que forma surgiram “Hello, Hello” e “Shout” e que temáticas abordam?
CL0NE – “Hello, Hello”, fala de uma relação demasiado absorvente ao ponto de te limitar, fala de liberdade pessoal. “Shout”, fala de um grito de revolta, do esforço em sobreviver, um apelo à auto-afirmação, um abre olhos.
TM – Quem escreve as canções? Falem-nos um pouco desse processo.
CL0NE – Não existe uma metodologia, mas pensamos que é geral, um de nós traz uma melodia/riff e se houver concordância os outros vão acrescentado, usando o seu instrumento. Surge sempre primeiro a melodia, umas frases, e no fim acrescenta-se a letra. Tirando uma ou outra, quase todas as canções foram assim construídas. A letra surge, ou com o que a música lembra, ou faz sentir, e uma coisa leva à outra.
TM – Vivendo, penso eu, todos vocês no distrito da Guarda, quais as dificuldades e benesses que advêm da vossa localização geográfica e como está o circuito indie por aí?
CL0NE – Estamos relativamente perto uns dos outros, tipo 30km. O Pedro vem da Covilhã e o Tiago e o Herédio vêm de Pinhel, com a boa vontade de todos tudo se ajusta. O ponto de encontro é sempre na Guarda, no sótão do Gué ou num estúdio que alugamos por vezes.
Quanto ao circuito indie, há por aqui várias bandas de amigos nossos, há algumas bandas de originais mas mais de versões ou covers, há alguns projectos mas poucos espaços para os poderes mostrar.
TM – Existe também o interessante tema “Throw It Out”, disponível no vosso canal de Youtube, captado ao vivo. Há um lado mais negro na vossa música, uma espécie de revolta, um grito muito rock nas canções que já nos deram a conhecer, como transportam isso para o palco?
CL0NE – O “Throw It Out” foi a primeira música a ser apresentada na Internet. Foi dos primeiros temas e estava praticamente concluído quando um amigo nosso apareceu numa tarde de ensaios a um domingo e gravámos, som e imagem no mesmo dia. Grande trabalho do Rollo nessa produção. Quanto à atitude, é Rock’n Roll, normalmente transmitimos essa energia tanto num simples ensaio como nos concertos e são “reflexos naturais” transportados e expressos no tipo de música que fazemos.
TM – Pelo vosso press release, quase todos têm experiência adquirida de outros projectos. Qual é a mais valia que acham essencial a nível dessa experiência passada que trouxeram para os CL0NE?
CL0NE – É uma mais valia para todos como pessoas e para o projecto. É com as experiências e com ideias trocadas com amigos ao longo do tempo que evoluímos, e isso é constante. É o nosso reflexo actual, marcado pelo passado.
TM – Seja em estúdio ou ao vivo, como é o vosso trabalho no dia-a-dia como banda e para quando um primeiro trabalho em CD?
CL0NE – Como banda, normalmente o encontro é uma vez por semana, tentamos não estar muito tempo sem ensaios. Temos um setlist de originais mais ou menos definido que temos vindo a apresentar ao vivo, de 13 a 14 temas, e outras músicas que ainda estamos a trabalhar. Quanto a um primeiro trabalho, para já tínhamos em mente um EP com quatro ou cinco temas, onde estariam incluídos “Hello, Hello”, “Shout” e os restantes temas novos, talvez este ano.
TM – Concertos em Portugal, em breve. Falem-nos disso e como se projecta o ano de 2019 nesse sentido?
CL0NE – Marcámos presença no 4° Concurso de Bandas em Belmonte, ainda há pouco no início de Março. Depois em Junho está uma data quase confirmada, mas estamos quase diariamente a tentar encontrar locais para tocar ao vivo. Aqui pela região, como já dissemos, não existem muitos espaços, temos de nos deslocar um pouco mais para o Norte ou para Sul, para os grandes centros ou até Espanha, aqui mesmo ao lado, mas qualquer novidade irá surgir nas nossas redes sociais.
TM – Gostariam de deixar alguma mensagem para os leitores da Threshold Magazine?
CL0NE – À Threshold Magazine o nosso agradecimento pela entrevista, pelo trabalho realizado e a oportunidade. Aos leitores, adeptos de bom rock alternativo, conheçam CL0NE, ouçam, partilhem, dêem um feedback se quiserem, claro e apareçam nos concertos assim que se proporcionar.
Entrevista por: Lucinda Sebastião