Fiquem a conhecer Primitive, o novo disco de The Dirty Coal Train
Fiquem a conhecer Primitive, o novo disco de The Dirty Coal Train
Junho 1, 2019 11:45 am
| Fiquem a conhecer Primitive, o novo disco de The Dirty Coal Train
Junho 1, 2019 11:45 am
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Depois de um álbum duplo cheio de convidados em Maio do ano passado, Portuguese Freakshow, os The Dirty Coal Train decidiram presentear-nos com um novo LP. Primitive foi gravado em formato trio e maioritariamente ao vivo, com overdubs de voz pontuais, em apenas 2 dias, na cidade de São Paulo, Brasil, durante uma das suas tours pela América do Sul.
O duo levou algumas ideias para trabalhar com Marky Wildstone (Dead Rocks, uma das primeiras bandas surf rock do Brasil, e The Mings) e captar tudo do modo mais cru e directo possível por Luís Tissot, produtor e músico na cena lo-fi e punk de garagem brasileira e argentina: Backseat Drivers, Human Trash, Jazz Beat Committee, Jesus & The Groupies, Thee Dirty Rats, Fabulous Go-Go Boy From Alabama.
Primitive é um álbum “ao vivo em estúdio” sem rócócós e bastante mais cru que o anterior, em que há espaço para quatro versões para originais dos The Shandells, Dead Moon, Thee Mighty Caesars e Murphy & the Mob). A capa ficou a cargo de Olaf Jens.
Estivemos à conversa com a banda sobre o significado das 22 canções que compõem Primitive, álbum hoje editado (31 de maio) pela Groovie Records, Hey Pachuco Records e Vinyl Experience.
1 – go go gorilla (The Shandells)
Decidimos começar o disco com um tema dos The Shandells, que para além de ser uma bela rockalhada faz uma referencia directa e mais literal à temática do disco.
2 – at the talent show
Não somos grandes fans de programas de “caça-talentos” nem Reality TV. Espelham tudo o que achamos de errado no mundo da música: cantores e bandas feitas em ambiente de quase “laboratório” à espera da aprovação deste júri, daquele editor, a cravar votos a amigos e público… nunca vimos nesses programas nada do que gostamos nas bandas de garagem que conhecemos ao vivo todos estes anos e os laivos de originalidade raramente são apoiados ou mesmo incentivados. Por outro lado, é com frequência que os participantes são martelados para encaixar num determinado padrão. Nem planeado adivinharíamos que teríamos mais um desses programas a estrear na altura que este tema sai.
3 – robot life
Neste tema tentámos ir beber à formula cantautor dos anos 60. A letra também brinca um bocado com essa ideia do cantor icónico: “O Elvis conduziu um camião, o Bowie fazia anúncios. Eu não!”
4 – Selvajaria
Poema/manifesto pró-Amazónia musicado com recolha de sons organizada pela Beatriz.
5 – weird shit
Adoramos toda a cena fetichista e debochada do rock bem como o garage punk da crypt, dos Cramps, dos Dead Moon… e foram essas duas coisas que tentámos explorar neste tema.
6 – lazercunt / dildo cop
Neste tema fomos musicar surf punk para uma banda sonora de um filme imaginário sobre Robocop dos dildos e vaginas que disparam lasers.
7 – all the best cowboys have daddy issues
Cowboys são uns meninos, índios é que é fixe! Rebeldia adolescente tudo bem, mas meninos mimados ninguém tem pachorra para aturar. Musicalmente pegámos na fórmula de intercalar voz e riff de guitarra típica do rockabilly e tentámos estragar o mais possível.
8 – Antsville Anxiety Attack
As formigas da colónia têm de consumir bastante antidepressivos para sobreviver com alguma sanidade mental.
9 – Terra Indigena
Micro-manifesto pelas tribos da Amazónia.
10 – the boy with the jello heart
Mistura de uma balada crua e de um apelo a mudança de paradigmas. O tema finge ser uma baladinha de amor para no fundo apelar à necessidade de sonhar e à revolta.
11- teenage caveman
Tema maioritariamente instrumental inspirado no filme série B homónimo.
12 – curse of Montezuma
Durante um dos dias de repouso a meio da tour pela América do Sul vimos um documentário sobre cultura maia e esboçámos uma letra que depois colocámos neste improviso em estúdio.
13 – gunpowder
Numa altura em que se fala sobre a necessidade do porte de arma nós continuamos a achar que é preciso haver mais restrições nesse sentido. O tema vai invocar passagens bíblicas e tenta criar um ambiente frenético.
14 – psychedelic nightmare (Dead Moon)
Mais uma versão de uma das nossas bandas preferidas de sempre (depois de termos gravado “walking on my grave” no split LP com Mary O & The Pink Flamingos). Se não conhecem Dead Moon façam um favor a vocês mesmos e procurem o documentário “Unknown Passage, The Dead Moon Story”.
15 – the ballad of Rev. Jesse
Ricardo a exorcizar para si mesmo a sua máxima de vida: “não tem problema nenhum em tocar em bandas que andam sempre à rasca de dinheiro e que apesar dos “piratas bebâdos, acidentes e marinheiros que enjoam no mar” vai fazer rock independente até à tumba.”
16 – dead end street
Trocámos a bateria por uma caixa de ritmos manhosa e fizémos um rockabilly só para lembrarmos todos que o Alan Vega é o rei seja em Suicide, em colaborações ou a solo!
17 – crooked games
Não somos o Townes Van Zandt mas também pontualmente gostamos de escrever canções num formato mais tradicional. Desta vez sobre vender a alma por dinheiro e sucesso ou tentar manter-nos fiéis a outro tipo de ideal.
18 – chainsaw go-go girls
Rock & tesão ou rock é tesão?
19 – singing worms in space
Tema mais acelerado sobre sentarmos numa nuvem com o movimento frenético da cidade bem longe enquanto um gato e um dinossauro tomam o pequeno almoço.
20 – ronda da noite
O nosso primeiro tema em português escrito sobre comermos notícias falsas numa altura em que no Brasil assistíamos a um nível de manipulação de opinião pública com que nunca sonhámos.
21 – (Miss America) Got To Get You Outside My Head (Thee Mighty Caesars)
Versão de um original de uma das muitas bandas de Billy Childish.
22 – Born Loser (Murphy and the Mob)
Um dos nossos temas preferidos das compilações Back From The Grave. Se não conhecem essas compilações não arrisquem dizer que gostam de rock. Investiguem a coisa, pelo menos os primeiros 3 volumes, que certamente não vão dar o vosso tempo por perdido!